PREGAÇÃO

Os super bem-aventurados

Lc 11.27-28      52 minutos      20/03/2016         

Mauro Clark


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Os super bem-aventurados

 

Lc 11.27-28

 

Época e local: algum lugar da Judéia, a uns cinco meses da crucificação.

Jesus pregava, curava, fazia o bem.

Quanto mais a Sua luz brilhava, mais incomodava os filhos das trevas.

As curas, os milagres, expulsão de demônios, tanta compaixão, que causavam alívio e alegria a tantos seres humanos, deixavam enfurecidos os ministros do diabo.

Naquele dia, acusaram-no de estar agindo pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios quando expulsou um demônio de um jovem mudo.

Passando a discorrer sobre atividades satânicas, Jesus previne contra o perigo de alguém voltar a se deixar dominar por influências demoníacas, após ter se livrado delas.

As palavras eram fortes e vigorosas. O ambiente, carregado de alta voltagem espiritual, era propício para explosões temperamentais, bem ao modo do costume oriental.

 

Repentinamente um brado impetuoso rasgou o ar: ler Lc 11.27

V.Corrigida: "… uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste".

 

A Corrigida é melhor que a Atualizada:

* A expressão levantou a voz é mais fiel ao original e reflete melhor a ideia de uma frase pronunciada de repente, em alto volume - como um grito.

A cena é muito vívida: quase vislumbramos um rosto avermelhado de excitação, veias do pescoço inchadas pelo esforço do brado, palavras ecoando com um tom emocionado. 

* A rigor, quem gritou, NÃO chamou de bem-aventurada a mulher que concebeu Jesus, mas o ventre e os seios dela.

 

Três pontos:

1. Jesus, e não Maria, era o centro do louvor naquele brado

A mulher estava tão empolgada com a sabedoria e a grandeza de Jesus, que resolveu externar a sua admiração com termos de forte colorido.

Jesus era tão especial, tão diferente, tão poderoso na presença e nas palavras, tão maravilhoso - que fazia automaticamente bem-aventurados até o ventre que teve a honra de trazê-lo ao mundo e os seios que tiveram o privilégio de fornecer-lhe o leite da vida.

Seria uma injustiça com a mulher dizer que o seu principal objetivo era exaltar Maria.

Em 1o. lugar ela queria glorificar era Jesus. Maria tornou-se bem-aventurada pela sua ligação com Ele!

 

É comum e saudável exaltarmos virtudes de personagens bíblicos e atuais, usá-los como exemplos, etc.

Mas é importante ter em mente que, mesmo que não fique explícito, essas pessoas só merecem ser citadas porque foram ou são fiéis a Cristo.

É exatamente isso o que as faz dignas de destaque. É quando se envolvem com Jesus que se tornam especiais. 

É quando imitam a Jesus que se tornam merecedoras de serem imitadas: 1Co 11.1

Grave isto: todo ser humano elogiado ou exaltado deve ser apenas uma PONTE para chegarmos até Cristo e exaltá-Lo em nossos corações.

Maria foi exaltada porque o seu ventre e os seus seios foram exaltados, e esses, por sua vez, só foram exaltados porque carregaram e amamentaram Jesus.

Então, em 1o. lugar e acima de tudo, louvado seja Jesus Cristo.

 

2. Jesus aceita o elogio à Sua mãe, mas de modo muito discreto, quase frio.

v.28: Antes, bem-aventurado são os que...

Embora fosse o natural de esperar de um filho, Jesus não agradeceu o elogio, não fez um só comentário sobre a sua mãe, não disse à mulher algo como “falaste bem”.

Em suma, não se mostra enternecido por ter ouvido a Sua mãe ser chamada de bem-aventurada. Aceitou a bondosa referência a Maria, mas sem qualquer empolgação.

 

Por outro lado, não podemos ir para outro extremo e dizer que Jesus recusou a frase da mulher, pondo outra verdade no lugar.

O termo grego traduzido por “antes” é uma maneira de CONFIRMAR o que foi dito, porém dando mais importância a algo que tenha prioridade. Tipo "Sim, mas…"

 

Em nenhum momento Jesus recusou a honra que a mulher concedeu à mãe dele.

E nem mesmo poderia. Maria era digna de ser chamada “bem-aventurada”.

Sua prima Isabel já a havia chamado assim, uns trinta e três anos antes: Lc 1.45

A própria Maria havia predito que todas as gerações, daquele momento em diante, a considerariam bem-aventurada: Lc 1.48. Pois já estava se cumprindo.

Jesus não impediria que a sua mãe, mesmo de forma indireta, fosse homenageada.

Deve ter aceito o elogio a Maria com prazer de filho. Maria foi uma mulher bem-aventurada. Digamos isso alto e bom som. A quem honra, honra: Rm 13.7

 

Seja como for, conforme comentamos, não vemos ENTUSIASMO em Jesus.

Embora tenha concordado, imediatamente direcionou as suas palavras para outro tipo de pessoa que Ele gostaria que fosse homenageada.

Por que Jesus agiu assim, não valorizando o elogio feito à Sua mãe?

 

3. Quem são os “super bem-aventurados”

v.28b: Antes, bem-aventurado são os que... ouvem a palavra de Deus e a guardam!

Por que alguém que ouve e guarda a Palavra de Deus é mais bem-aventurado que a mãe dEle? Que ligação tem uma coisa com a outra?

É que ambos se relacionam com Cristo. Um no parentesco físico, outro no nível espiritual.

 

Antes de contrastar um com o outro, importante perguntar: como é que alguém que ouve e guarda a Palavra de Deus tem um relacionamento espiritual com Jesus? Não seria possível crer e guardar a Palavra de Deus sem nada a ver com Jesus? Resposta: Não!

É impossível alguém realmente guardar a Palavra de Deus e nada ter a ver com Jesus.

Na realidade, ninguém pode ter qualquer tipo de contato com Deus senão via Jesus: Jo 14.6

 

Dizer que obedece a Deus mas sem Cristo, é como alguém que diz “Que belo pôr do sol”, e depois pede para alguém ajuda-lo a atravessar a rua porque é cego.

Se é cego, como viu o pôr do sol? E se viu, como pode ser cego? Realidades irreconciliáveis.

 

Jesus DEFINE um discípulo como alguém que guarda a Palavra de Deus: Jo 17.6; Mt 8.31

Quando então, Jesus diz bem-aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam, é como dizer: “Bem-aventurados são aqueles que o Pai me deu, se tornaram meus discípulos, me amam e me seguem".

E eles são bem-aventurados não porque possuem em si algo intrínseco, que os torna especiais, mas porque entraram numa relação íntima com Cristo!

 

Cada crente verifica na própria vida a realidade das palavras de Jesus.

Não é esse exatamente o sentimento no coração do salvo, aquela convicção de que tornou a pessoa mais feliz do mundo, não por suas próprias virtudes, mas por ter ouvido o Evangelho, obedecer à Palavra de Deus e ter se deixado mergulhar em Cristo?

 

Voltando: Jesus disse que alguém que ouve e guarda a Palavra de Deus, ou seja, que é seu discípulo, tem um vínculo espiritual com Ele muito mais importante do que o de parentesco físico.

 

E as pessoas colocavam o parentesco físico de Jesus num nível muito acima do que Ele gostaria. Inclusive a própria Maria fez isso algumas vezes.

E isso causava um grande desconforto nEle.

Nos 3 contatos anteriores de Jesus com ela, TODOS giraram em torno do mesmo assunto:

* contraste entre o físico e o espiritual

* coisas desta terra versus realidades do céu

* compromissos terrenos versus obrigações com o reino de Deus

* parentesco de sangue versus afinidade espiritual.

Era prioridade de Jesus, no trato com Sua mãe, deixar claro esse contraste.Ele insistia nisso.

 

Até na AUSÊNCIA dela, como deve ter sido o caso aqui, ele toca no mesmo ponto.

E Ele fazia esse tipo de esclarecimento com muita ênfase.

Esse assunto deve ter sido para Ele mais importante do que podemos compreender.

Ele sabia o dano espiritual causado a quem tivesse má compreensão desses conceitos.

 

Voltando e encerrando: É evidente esse mesmo desconforto na frase da mulher.

E aproveitou “jogar balde de água fria” em quem tivesse a pretensão de agir como a mulher, valorizando demais os laços sanguíneos dele com os seus familiares.

Quem estava ali, dali em diante pensaria dez vezes antes de considerar alguém muito importante ou especial, pelo único motivo de ser parente de Jesus.

Mesmo que fosse a mãe dele!

 

Além disso, os presentes devem ter ficado muito impressionados com o nível a que ele elevou os que realmente levam a sério as coisas de Deus e O obedecem.

Ex.: Imagine um humilde discípulo chegando em casa, naquele dia, e dizer eufórico: “Mulher, tu nem sabes, Jesus disse hoje que eu sou mais bem-aventurado do que a mãe dele!".

 

E é exatamente o que cada crente hoje pode dizer. Que maravilha!

E você, amigo, por que não se torna hoje um discípulo de Cristo?

 

Que Deus nos abençoe. Amém.

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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