PREGAÇÃO

Ciência e filosofia, sem Deus, são pobres coitadas (Série ECLESIASTES 3)

Ec 1.12-18      62 minutos      08/11/2020         

Mauro Clark


headset Ouça
cloud_download Baixe
print Imprima
pregação close Ciência e filosofia, sem Deus, são pobres coitadas (Série ECLESIASTES 3)
volume_upReproduzindo o áudio na barra inferior

Conforme dissemos na última pregação, Salomão não se conforma com tanta nulidade das coisas, acha que não estava entendendo bem e resolve mergulhar fundo no assunto, para ver se descobriria alguma coisa que mudasse todo esse quadro desolador.

E se não mudasse, ao menos compreenderia um pouco mais as coisas debaixo do sol. 

v.12-18

Espécie de resumo do que se propunha a fazer, ao mesmo tempo se identificando: Pregador e rei de Israel, em Jerusalém. Já comentamos.

Mas agora tem uma novidade:

Eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.

Ele era extraordinariamente culto e capaz de compreender as coisas.

Na realidade, embora não tenha dito, era o número 1 do mundo: 1Re 4.29-34 

Ele se propôs a uma certa atividade, que descreve três vezes:

Apliquei o coração a... - v.13 e 17.

Atentei para... – v.14 

Ou seja, ele dirigiu toda a sua sabedoria e conhecimento a um questionamento. Qual?

... esquadrinhar e informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu  – v.13a e 14a (quase repetição) 

Chegou a quatro conclusões:

1. Querer descobrir as coisas é um enfadonho trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para nele os afligir. v.13b

Importante: pela 1ª. vez surge o nome “Deus” no livro.

Quase se traindo, Salomão fala em Deus, mesmo que a proposta fosse examinar a vida embaixo do sol, sem levar em consideração Deus e Seus projetos eternos. 

enfadonho: hebr.: mau, ruim, perverso, dolorido, desagradável. (NVI: fardo pesado)

A vontade de perscrutar as coisas debaixo do céu e querer entender tudo, leva a um trabalho ruim, pesado, desagradável.

Veja o peso do que está escrito aqui: toda a ciência, toda a filosofia da humanidade é consequência direta da vontade das pessoas de descobrirem o mais possível as coisas na terra, no céu, na criação: de que são constituídos, como funcionam, os porquês, as explicações, os sentidos, o passado, o presente, o futuro, etc. 

A filosofia procura explicação para tudo e, coitada, roda, roda, e nunca explica nada.

Os filósofos são pessoas confusas.

Quando respondem a uma indagação, surgem mais dez interrogações.

Quanto à ciência, vivemos uma época em que a tecnologia é idolatrada, os cientistas têm a última palavra em quase tudo. 

Vem a Palavra de Deus e diz que todo esse trabalho é ruim! Por que é ruim?

Porque as respostas mais profundas, mais básicas, não estão ao alcance do homem!

Pode ir à lua, tentar ir a Marte, inventar, a Internet, Inteligência Artificial, mas continua sem as respostas mais básicas.

A dedução é óbvia: a investigação científica não passa de um trabalho frustrante.

Não que a ciência não tenha qualquer utilidade ou que é errado o avanço científico.

Mas as descobertas da ciência não terão fim e nunca servirão para fornecer a explicação das coisas.

No máximo, mostram empiricamente como funcionam as leis da Natureza que os homens já encontraram feitas.

E mesmo assim, muitas vezes se enganam, aprendem errado, com mudanças constantes em todas as áreas da ciência.

Ex.: médico velho, amigo Jim: “o que aprendi como certo, é errado hoje!” 

É importante, portanto, a revelação de que foi imposta por Deus a ansiedade de saber as coisas, sem nunca conseguir, gerando um terrível trabalho.

 

2. Tudo (quanto sucede embaixo do sol) é vaidade e correr atrás do vento. v.14b

Correr atrás do vento: 9 vezes no livro.  

Não existe algo mais sem futuro, aliás, mais ridículo, ou louco para se fazer.

Só que isso é exatamente o que os homens estão fazendo ao simplesmente viverem a vida embaixo do sol!

Está notando a dimensão do que está escrito aqui?

A própria atividade da vida é patética, sem sentido, ridícula, motivo de riso!

Isso é tragicômico, aliás, tiremos o “cômico”: isso é muito trágico!

Muitos protestarão, mas esses mesmos confessam o peso dessa realidade ao procurarem se distrair com prazeres, amortecer a dureza dos dias com a bebida, o excitação do sexo proibido, o trabalho exagerado, o aumento dos bens, busca de religiões, de teorias existenciais, êxtases em drogas, etc.

 

3. Aquilo que é torto não se pode endireitar – v.15a

As coisas são como são. Ditado popular: Pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto.

Quem nasce tímido, continuará tímido.

O que nasceu inteligente continua inteligente.

O que nasceu com espírito vigarista, continua vigarista. 

Em termos morais, o egoísmo continua movendo o mundo.

O amor ao dinheiro continua sendo a raiz todos os males.

É ilusão, achar que os homens conseguirão que o mundo mude para melhor.

Com o pecado, o ser humano entortou e continuará torto até Cristo voltar. 

Talvez o ponto mais fraco do amilenismo seja achar que já estamos num milênio figurativo, o mundo vai melhorando e se encaixando cada vez mais na imagem de paz e harmonia, que a Bíblia descreve como sendo no Milênio, até Cristo voltar para dar início à vida eterna.

Mas não é isso o que a Bíblia prevê. E muitos menos o que vemos ao redor: o pecado cada vez mais abundante e a humanidade em franca decadência social, familiar, moral. 

Importante: o princípio de que nada muda é no contexto “debaixo do céu”.

Se considerarmos Deus, é claro que Ele pode mudar as coisas.

E, de fato muda, quando assim deseja. Isso em duas áreas:

1. Física: os milagres são interferências diretas de Deus e mudam as coisas.

2. Espiritual – a conversão, que é uma mudança profunda do estado da alma, com consequências no caráter e padrão moral.

Mesmo assim, é curioso que mesmo na conversão, Deus não costuma mudar a personalidade. 

Voltando: o fato é que não adianta esperar que as coisas erradas neste mundo se consertem. A depender da própria humanidade, simplesmente não virão dias melhores. O que é torto, continuará torto.

 

4. ... e o que falta não se pode calcular. v.15b

Ninguém sabe o que é preciso para consertar tudo o que está errado, ou faltando.

Já pensou em somar todos os esforços feitos ao longo dos séculos no sentido de reformar sistemas educacionais, de experimentar novas formas de governo, de fazer uniões entre países, de equacionar o desequilíbrio riqueza-pobreza no mundo, etc?

O resultado geral hoje é obvio: nada resolveu de forma definitiva ou mesmo duradoura. Em algum momento o plano ou projeto ou sistema se mostrou falho e não consertou.

 

No v. 17 Salomão fala de mais uma coisa que procurou entender:

... conhecer a sabedoria e saber (conhecer) o que é loucura e o que é estultícia

Ou seja, procurou detectar se havia alguma diferença entre sabedoria e insensatez.

Conclusão: não há definições exatas, não há limites claro, como se as duas coisas existissem simultaneamente e de maneira entrelaçada.

As variáveis são muitas, o raciocínio das pessoas, a complexidade das circunstâncias, muitas vezes o que parece sensato hoje, não tem sentido amanhã.

Ou seja, querer passar uma linha precisa entre sabedoria humana e insensatez é tarefa tão ineficaz quanto correr atrás do vento. 

v.18

enfado: irritação, ira, aflição. (NVI: sofrimento)

tristeza: dor, sofrimento (NVI: desgosto)

Parece com o v.13, mas não é igual.

Ali, diz que o trabalho de esquadrinhar tudo é ruim, desagradável.

Aqui, diz que a sabedoria humana, a inteligência, o conhecimento, ao contrário de dar satisfação e prazer, gera sofrimento e tristeza. 

A cultura em si, não garante alegria ou realização.

Ao contrário: saber demais as coisas da humanidade, à parte de Deus, gera frustração, desânimo.

Ex.: Historiador na TV, cultíssimo, respondendo como vê o futuro do homem: O homem é o que ele é. É capaz de coisas bonitas e de coisas terríveis. Temos de fazer algo para ter valido a pena. Mas sou meio pessimista.

Resposta honesta, mas vaga, tristonha. 

E a Bíblia dizendo: quem aumenta ciência, aumenta tristeza.

Se você é estudioso, gosta de pesquisar, tudo bem.

Mas tenha objetivo bem claro em mente e esse objetivo precisa envolver Deus: a vontade dEle na sua vida, a glória dEle, a pregação mais eficaz da Palavra dEle.

Estudar para apenas compreender a humanidade e as coisas, é perda de tempo. 

No próximo trecho, Salomão examinará 7 áreas da vida ligadas com prazer, satisfação, alegria, comodidade -  e tira saus conclusões.

Veremos na próxima pregação. 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
FalandodeCristo © 2004-2024
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus."
1 Co 1.24b
close
Ministério Falando de Cristo © 2004-2024 - www.falandodecristo.com
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus." 1 Co 1.24b