PREGAÇÃO

Mas a Bílbia não proibe! (Julg. proibido - 4/4)

Rm 14.1-13      minutos      05/11/2017         

Mauro Clark


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MAS A BÍBLIA NÃO PROÍBE! (Julgamento proibido 4/4)

Rm 14.1-13

 

Estamos vendo 4 tipos de julgamentos proibidos entre pessoas. Já vimos três:

1. Julgar com atitude interna de superioridade pessoal

2. Julgar desígnios dos corações

3. Julgar segundo a aparência

 

Hoje veremos 4o. e último tipo:

4. Proibido julgar costume que não é proibido pela Bíblia, mas preferência pessoal O motivo é simples: a consciência de um não é igual à do outro.

Erro comum entre os crentes exigentes consigo mesmos: querem obrigar os outros a seguirem exatamente os mesmos passos. Se não conseguem, criticam, condenam.

 

Vamos nos concentrar numa passagem que trata bem o assunto:

Rm 14.1-13

Alguns irmãos tinham certos hábitos que outros não faziam por acharem errado.

Paulo chama esses últimos de débeis na fé (v.1-2): ασθενεω astheneo: fraco, limitado.

 

Importante: Paulo não discrimina o fraco na fé ou o considera inferior ao forte.

O sentido não é de baixo nível espiritual, mas que não consegue ver as coisas de maneira mais profunda, se perturba com coisas sem muita importância.

 

Três exemplos foram citados:

v.2: Uns não comiam carne de modo algum, apenas legumes, eram vegetarianos (talvez para não arriscar comer carne sacrificada a ídolos - conf. 1Co 8 e 10).

Outros comiam de tudo.

 

v. 5 - Uns guardavam certos dias - talvez Sábado e Domingo (dia do Senhor), feriados.

Outros não faziam nenhuma diferença entre um dia e outro.

 

v. 17, 21 – Uns nunca bebiam vinho.

Outros bebiam (implícito que moderadamente, dentro dos padrões bíblicos).

 

Importante: Assunto aqui não é atitudes/comportamentos pecaminosos.

Pecado na vida de irmãos deve ser enfrentado, denunciado, tratado. Veremos isso nos julgamentos permitidos.

Aqui trata-se de procedimentos não errados em si mesmos, mas vistos de maneiras diferentes por irmãos.

A questão é complicada porque nem tudo pode ser classificado claramente como pecado (tipo adultério) ou claramente como opcional (tipo ouvir música).

Muitos casos ficam numa linha intermediária.

Embora não sejam pecados diretamente proibidos pela Bíblia, são considerados tranquilos para uns, mas duvidosos para outros.

O problema é que até o grau de duvidoso varia conforme cada consciência.

É aí que entra a proibição de julgar. Em assuntos assim, não julgue, não condene.

 

Paulo estabelece alguns princípios:

1. v.1: ... não, porém, para discutir opiniões

Opinião: no original, palavra composta, uma delas é “julgamento, avaliação pessoal”.

Atenção para a palavra “opiniões”: quando um assunto não é bem estabelecido pela Bíblia, vira não mais que julgamento pessoal, opinião!

E opinião pessoal não é para estar discutindo! (Conversar e trocar ideias, é outra coisa).

 

2. v.3: Deve haver respeito mútuo: o mais forte (mais livre) não despreze o mais sensível.

E o mais sensível não julgue o mais forte.

 

3. v. 3: Deus acolhe ambos. Lit.: receber, tomar pela mão, tomar para si.

Quem fez certa coisa fez para ser recebido por Deus. E quem deixou de fazer aquela mesma coisa foi também para ser recebido por Deus.

Pois Paulo garante que ambos atingiram o objetivo, ambos foram acolhidos.

Então, para que discutir?

 

4.  v.4,6-12:

Ambos são servos de Deus. Se um julgar o outro estará julgando o servo alheio.

É Deus quem vai julgar, é a Ele a quem devemos prestar contas.

O importante é o crente tentar estar em pé perante Deus. E se errar, Deus o manterá em pé, pelo Seu poder e misericórdia.

E Paulo insiste: a intenção de ambos é agradar a Deus.

(Em tudo isso creio estar implícito que é boa a atitude do coração de ambos, tanto do mais rígido como do mais flexível).

 

5. v.5: O importante é que cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.

É pela sua consciência que você dará contas a Deus, não pela dos outros!

O v.13 é um pto. de transição no assunto. Paulo claramente sobe de nível.

Estava dizendo que um irmão não deveria julgar o outro em coisas de opiniões.

Agora vai muito mais fundo. Apenas deixar de julgar não é suficiente.

É importante ver o bem estar espiritual do outro.

Se o que você está fazendo, mesmo não sendo pecado, ofende ou escandaliza o meu irmão, deixe de fazer.

Como estamos concentrados da questão de julgar, não vou desenvolver esse aspecto fundamental da vida cristã (deixar de fazer certas coisas em consideração aos outros).

 

Voltando à questão de julgar em atitudes/costumes não pecaminosos, vejamos alguns exemplos práticos e atuais:

 

1) Shows, apresentações, cinema, etc.

Há todo tipo de programação disponível - da apresentação de um coral de igreja com músicas do mais puro louvor a Deus até show altamente mundanos.

A gama é enorme. Até mesmo a linha entre bíblico e secular ficou turva, com a proliferação de cantores e bandas chamadas evangélicas.

A linha deve ser traçada por cada consciência.

O assunto aqui é irmão julgando irmão.

É diferente da igreja oficial e biblicamente abordar um membro por achar que está começando a incomodar os irmãos e destoando com os padrões da igreja.

Também é diferente da igreja resolver oficialmente o que acha aceitável ou não para ela. Se um membro não concordar, deve procurar outra igreja – sem briga, sem amargura.

 

2) Frequência eventual a igrejas evangélicas com quem não mantemos comunhão

Digo “eventual” porque se for muito constante, não tem sentido ser membro desta!

Esse assunto é muito pessoal. Alguns não vão de modo algum a uma igreja carismática, neo-pentecostal, à Universal, etc. Outros vão em certas circunstâncias. Que se respeitem. 

 

3) Frequência limitada a certos eventos na igreja católica

Exemplo: batizado ou casamento em igrejas católicas.

Não podemos biblicamente acusar quem vai a um batismo na igreja católica, de que só a sua presença indica aprovação à idolatria ou concordância com a doutrina do batismo de crianças (que nós, batistas, não concordamos).

Estar num local ou até numa cerimônia não significa aprovação de tudo o que ocorre lá.

 

Em 1Co 8.10 Paulo citou caso de crente em templo de ídolo comendo carne sacrificada aos ídolos e não fez nenhuma menção de proibir o fato em si.

O que ele condenou foi o escândalo que isso poderia trazer a outros. Isso é outra questão (apesar de importante).

Ou seja, esse tipo de comportamento é pessoal.

Tem crente que não entra numa igreja católica em nenhuma situação.

Há outro que não se incomoda em entrar dentro de certas circunstâncias em que o aspecto social é muito forte, talvez mais que o religioso, como o casamento.

 

O que fazer? Quem não vai de jeito nenhum não julgue ao que vai e o que vai não despreze o que não vai. Ou seja, respeitem-se mutuamente.

Agora, se o irmão que vai, notar que está causando escândalo e que pode levar outros a tropeçar na fé, então ele deve evitar.

Mas esse não é o assunto que estamos tratando hoje, que é julgar o outro em coisas que Bíblia em si não condena.

E temos mania de julgar irmãos que não agem exatamente como nós. Isso é errado!

 

4) Tipo de música que o crente escolhe para ouvir

Assunto altamente complexo, impossível de se passar linha.

* Música tem de ser evangélica? Uns dizem: “Claro, música secular é errado”.

Mas qual exatamente a diferença entre música secular e evangélica? Evangélica é qualquer uma que fala em Jesus? E a doutrina?

E a questão do ritmo, do efeito e outros fatores?

* Outro diz: “Para mim música clássico é tranquilo.” Outros concordam, mas só depois de examinar o tipo de vida que o compositor teve, 2 séculos atrás. Se foi beberrão ou homossexual ou adúltero, não pode.

* Música orquestrada, sem voz, pode? Pode, se não houver letra, é tranquilo. Mas e se o ritmo for pesado? E qual a definição de “pesado”?

Cada qual defina o seu costume e preste contas com Deus.

 

5) Vestuário (roupas, acessórios, etc)

O que é moda e envolve sensualidade, impureza, etc, ninguém discute que é errado.

Mas qual o limite entre sensual e apenas atraente?

E ainda há muita coisa na moda que não envolve isso, mas é duvidoso: roupa rasgada, cor e corte do cabelo, etc.

Quais os limites? Nessa área turva, cada um faça como achar melhor e respeite o outro.

 

Tudo isso é muito complicado e não tem solução preto no branco.

Não dando motivo para escândalo, cada um trace os próprios rumos, faça o que a consciência aprova, prepare-se para prestar contas a Deus – e não fique julgando o outro!

E em tudo isso seja discreto, não chocar, não provoque discussões.

 

Encerro com dois versículos belíssimos do cap. 14: v. 17-18

Se você conseguisse parar de julgar os outros em assuntos que a Bíblia proíbe (como este e os outros que falamos) e se concentrasse na essência das coisas espirituais, você teria outro padrão de vida cristã.

E todos nós, juntos, teríamos uma outra igreja.

 

Deixemos de lado as coisas de importância secundária e nos concentremos em viver e ajudar os irmãos a viverem conforme a mais genuína justiça de Deus.

Vamos produzir na igreja cada vez mais a paz de Cristo que o mundo não conhece.

Agindo assim, vamos conhecer o que é alegria de coração.

E as coisas não agradáveis a Deus vão sendo deixadas para trás na nossa vida.

Não como efeito do outro estar criticando ou julgando, mas porque você mesmo vai perder a vontade de praticá-las e vai se concentrar nas coisas mais espirituais.

Que sejamos cada vez mais crentes agradáveis a Deus e aprovados pelos homens.

 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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