2Co 12.19-13.10 62 minutos 28/02/2016
Mauro Clark
Como os assuntos são muito entrelaçados, agruparei os versículos pela lógica.
Dois pontos hoje e mais dois na próxima e última pregação de 2Co.
1. Graves pecados na igreja de Corinto:
A rigor, Paulo não afirma que havia esses pecados, apenas diz “Temo”, “Receio”.
Mas essa deve ter sido apenas uma maneira cuidadosa e sábia de dar tempo para eles tratarem antes da ida dele. Mas que esses pecados havia lá, é claro.
I. Pecados ocorrendo: 12.20:
Um grupo de irmãos (ou pretensos irmãos) estava em pecado grave.
Paulo se torna bem menos “diplomático”, ficando mais duro e direto.
Lista de oito pecados em Corinto:
contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos
Embora cada um seja grave, a ideia central é de briga, divisão. (Como em 1Co).
Atenção para orgulho e ira, combustíveis altamente inflamáveis para alimentar brigas.
É além do que podemos imaginar o valor da paz numa igreja!
II. Pecados ocorridos, mas não arrependidos: 12.21; 13.2
Alguns irmãos cometeram pecados grave no passado, especialmente imoralidade, mas não se arrependeram.
Qual a atitude mais importante após pecar? Pedir perdão? Não! Arrepender-se. Lc 17.3-4
Sem arrependimento não adiantar pedir perdão, tratar, chorar, prometer.
Detalhe: pedir perdão é algo que depende do querer e pode ser feito à parte do coração.
Mas arrependimento é totalmente interno, do coração.
Não adianta decidir “Vou me arrepender agora!”. É algo que vem de dentro.
Então, como fazer, se arrependimento não chega, mas você sabe que pecou? Converse com Deus. E peça arrependimento.
Cuidado com pecados confessados, tratados, mas sem arrependimento. Eles voltarão vez após outra na sua vida.
O estrago poderá ser enorme na sua vida e na sua igreja.
É inevitável que ocorram pecados na vida de cada crente e, de modo coletivo, na igreja.
Mas que pelo menos cada um saiba reagir corretamente quando pecar.
Mas... e quanto ao pastor, como reagir?
Voltando:
Vejamos qual a reação do pastor Paulo (e fundador) frente a essa triste situação na igreja:
2. A atitude e os papeis de Paulo (tanto na própria carta como na visita que faria).
Aula para cada pastor, de como deve ser e se comportar na igreja, não apenas de maneira geral mas, especialmente em momentos de crise.
E para quem não é pastor, é importante saber o que esperar (para não dizer “exigir”) dos seus pastores e também orar por eles.
Seis pontos:
1. Autoridade: v. 13.1-2, 10
O quadro é de um julgamento, com testemunhas e um juiz.
O juiz é Paulo. E estabelece dois critérios:
* Considerar como válido o testemunho de duas ou três testemunhas (modelo da Lei de Moisés).
* Ser rigoroso no julgamento
... não os pouparei
... não venha a usar de rigor segundo a autoridade que o Senhor me conferiu...
Duas observações:
a. A autoridade de Paulo não foi auto-imposta, ou dada por homens, mas por Cristo.
Hoje, a autoridade do pastor também é dada por Cristo, mas, conforme a Bíblia, através da igreja.
b. Paulo seria bem rigoroso
Largueza pode ser uma virtude, mas também um defeito, descambando na impunidade.
Há tempo de ser largo e tempo de ser rigoroso. Nesse caso, Paulo seria bem rigoroso.
Todo pastor precisa desesperadamente da sabedoria de Deus para saber o momento de largueza e o momento de rigor.
2. Visava a edificação deles:
A autoridade que Cristo conferiu tinha um objetivo claro: a edificação da igreja.
Veja os termos:
12.19b: vossa edificação
13.9: ... vós fortes... vosso aperfeiçoamento... para edificação
13.10: ... me conferiu para edificação...
Todo pastor deveria se perguntar constantemente:
Meu ministério está sendo utilizado pelo Espírito Santo para edificar a igreja?
É uma pergunta complexa, que envolve desde caráter até a simpatia pessoal.
Mas o foco do papel edificador de um pastor é a qualidade de conteúdo das pregações.
Quanto ao crente, é bom se perguntar: “Estou sendo edificado pelo meu pastor?”
Se não, sugiro tomar alguma providência.
Agora, veja um detalhe, um triste detalhe:
13.10: ...e não para destruir
Tudo bem que Paulo diga e repita que foi chamado para edificar a igreja. Mas será que precisava dizer que não foi chamado para destruir? Isso não é óbvio?
Infelizmente, não. Deveria ser, mas não é. Por incrível que pareça, é o que acontece com muitos pastores: destroem a igreja.
E se não destroem, dividem, estragam, prejudicam, machucam. Que tragédia!
3. Humildade
12.21: ... o meu Deus me humilhe no meio de vós, e eu venha a chorar...
Com a mesma naturalidade com que fala da enorme autoridade que tinha na igreja, Paulo fala em ser humilhado e até na possibilidade de chorar no meio dos irmãos!
E isso não é apenas uma observação curiosa.
Isso mostra humildade de Paulo. Um fator fundamental em qualquer pastor!
Se tem uma coisa que a igreja deve e pode cobrar do seu pastor é humildade.
Se você vê que ele tem problema com isso, fale com ele, confronte-o. Isso é ajuda-lo!
Falamos da importância da autoridade do pastor.
Mas o pastor cheio de autoridade, mas sem humildade, tenderá a ser ditador e trará problemas para a igreja.
Por outro lado, o pastor apenas humilde mas sem autoridade, poderá levar a igreja a ser indisciplinada.
É importante ter os dois. É um equilíbrio complexo, só com a ajuda de Deus.
Quando orar pelo seu pastor, lembre-se de pedir por esse equilíbrio.
4. Sensibilidade
12.21: ... e eu venha a chorar por muitos que ... pecaram e não se arrependeram...
Paulo não estava com medo de chorar por causa das críticas. E nem pela decepção.
Mas pelos irmãos que pecaram e não se arrependeram! Ou lamentando pela própria frieza dos irmãos ou pela perda deles, caso fossem disciplinados.
Seja como for, vemos aqui sensibilidade espiritual.
Ele sabia do prejuízo pessoal do não-arrependimento. E do prejuízo coletivo também.
Peça a Deus pela sensibilidade espiritual do seu pastor.
5. Seguro de si, firme
v.12.19b: Há muito, pensais que nos estamos desculpando convosco. Falamos em Cristo perante Deus...
Na NVI é uma pergunta: Vocês pensam que durante todo este tempo estamos nos defendendo perante vocês?
É como se dissesse: “Vocês estão enganados no que estão pensando. Eu tenho convicção que falo em Cristo, e diante de Deus”.
Ao longo da carta, ele fez várias afirmações parecidas com esta.
Interessante é que falava assim, mesmo sabendo que alguns não o aprovavam.
13. 6-7: ... não somos reprovados... embora sejamos tidos como reprovados.
Mas ele sabia que entre esses, muitos nem crentes eram, mas falsos mestres.
E mesmo que houvesse crentes que discordavam, isso não alteraria a convicção dele.
v.8: Independentemente do que os irmãos pensassem, a verdade é que Paulo era um autêntico ministro de Cristo. Nada mudaria esse fato. A verdade é soberana.
É normal um pastor mudar de ministério ao longo do serviço cristão. Mas, enquanto estiver nos pastorado de um determinada igreja, é importante que tenha plena convicção de que está ali por chamada divina e na autoridade de Cristo.
6. Levar os irmãos a checarem a si mesmos:
13.5: Examinai-vos ... se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.
Passagem forte. Talvez até tenha entristecido alguns irmãos verdadeiros.
Mas Paulo sabia o bem do autoexame.
Além de ser obrigação, o pastor faz um favor quando leva os ouvintes a se examinarem.
Certo que o crente não deve viver angustiado, sempre questionando a própria salvação.
Por outro lado, não deve assumir isso como fato, a ponto de jamais pensar na genuinidade da sua decisão a Cristo, da coerência do seu testemunho, das inclinações do próprio coração. Tudo isso deve ser motivo de frequentes reflexões, diante de Deus.
Concluindo: o pecado é um desgraça na nossa vida, mas infelizmente assim será enquanto não formos para o céu.
Que pelo menos esta igreja tenha crentes que saibam reagir corretamente quando pecar e que sejam liderados por pastores que também saibam reagir de modo bíblico e coerente com a sua função.
Que o Senhor nos abençoe. Amém.