2Co 6.11-13 39 minutos 19/04/2015
Mauro Clark
Após falar das várias características como ministro de Cristo, Paulo volta a dar um tom bem pessoal à carta.
Ele fala de uma situação contrastante e depois faz um pedido, um pedido quase estranho!
v.11-12a
ó coríntios: tom altamente pessoal, íntimo.
abrem-se os nossos lábios (NIV: falamos abertamente a vocês)
Lit: temos aberto nossa boca.
Ideia é dupla: sinceridade e liberdade de falar o que achava preciso.
Pouco adianta alguém ser sincero no que fala, mas quase não falar!
Ex: Eli a Samuel: 1Sm 3.17
Também não adianta falar tudo o que quer, mas sem sinceridade: 1Jo 3.18; 1Pe 1.22
... e alarga-se o nosso coração
alargar: gr. πλατυνω platuno: lit.: tornar amplo, alargar;
Paulo tinha o coração largo, generoso, amoroso para com os coríntios.
Agora veja o poder da soma desses 2 fatores: dispor-se a falar com sinceridade tudo o necessário e, ainda por cima, de maneira generosa, amorosa.
Essa atitude generosa de coração é fundamental numa relação entre pessoas.
Afinal, alguém pode dizer para o outro tudo o que é necessário e com franqueza, mas ainda assim, ser frio, duro, indiferente à sensibilidade do outro.
Nosso querido apóstolo nos dá uma receita valiosíssima para nossos relacionamentos.
Relacionamento pessoal é algo muito mais complexo do que parece.
Afinal são dois pecadores interagindo.
E mesmo quando são dois pecadores perdoados em Cristo, ainda há pecado.
Muitos não se dão bem nos relacionamentos e põem toda a culpa na personalidade.
Claro que tem a ver, mas não significa que não há critérios a adotar nos relacionamentos.
E Paulo aqui toca no nervo: ao lidar com as pessoas, além de franco e aberto, é fundamental que seja também amoroso, pensando no bem do outro.
v.12a
Não tendes limites em nós...
ter limite: gr. στενοχωρεω stenochoreo: estar em um lugar estreito; comprimir, apertar.
É como um resumo do que havia falado: “Meu coração está sempre disposto a se alargar por vocês. Até que ponto? Não tem esse ponto, é ilimitado, o quanto for necessário!”
Irmãos, isso é bonito demais!
Tão bonito que achamos até difícil de acreditar!
É óbvio que uma mãe ou um pai olharia para um filho e diria sinceramente que o seu coração não tem limites para ser alargado no amor a ele.
E certamente faria isso também com o cônjuge, com os pais. E com os melhores amigos.
Mas para Paulo, esse era o sentimento para qualquer irmão!
Só em Paulo dizer que os coríntios não tinham limites nele, deveria deixá-los constrangidos, envergonhados pelo contraste de como eles o tratavam.
Mas Paulo quis deixar explícito o tamanho da tristeza que os irmãos haviam lhe dado:
v.12b
... mas estais limitados em vossos próprios afetos
Que desigualdade de tratamento!
Enquanto Paulo alargava o coração, eles estravam presos, mesquinhos, dando ouvidos a calúnias maliciosas e abrindo o coração para falsos mestres. Tudo o contrário!
Que falta de reler 1Co 13, parte da carta remetida a eles próprios, pouco antes!
É impressionante como ainda não foi suficiente para Paulo dizer que não tinha limites para dilatar o coração para os irmãos e que eles, ao contrário, estavam com os sentimentos limitados para ele.
Então parte para um pedido direto:
11Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração.12Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios afetos.13Ora, como justa retribuição (falo-vos como a filhos), dilatai-vos também vós.
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v. 13
Ora, como justa retribuição (falo-vos como a filhos), dilatai-vos também vós.
dilatar: mesmo verbo traduzido acima por “alargar-se”.
Paulo, num tom paternal, pede que os irmãos saibam retribuir e sejam amorosos com ele.
Como se dissesse: “Por favor, me amem!”
É uma atitude muito humilde!
Imagine-se tratando bem um irmão, se esforçando para ajuda-lo, ajudando a carregar o fardo dele, etc e ele insistisse em lhe tratar mal, fofocando sobre você, acreditando em calúnias contra você, etc.
Como você reagiria?
Pela carne, você daria o troco, tratando-o da mesma maneira.
Bem melhor seria você continuar tratando-o bem, tipo pagando o mal com o bem.
Mas se fosse agir como Paulo, você iria muito além: chamaria o irmão, exporia a sua mágoa e pediria claramente que ele também lhe tratasse com amor cristão.
E se não fizesse por prazer, pelo menos que fosse para lhe retribuir o bom tratamento!
Que Deus nos abençoe!