Histórico: quando o exílio babilônico completou 70 anos, o rei medo-persa Ciro decretou o retorno, em 538 aC e 50 mil voltaram.
Sete meses após a chegada, fazem sacrifícios e iniciam a construção do altar.
Dois anos após chegarem, iniciam a construção do Templo, liderados pelo governador Zorobabel e o sacerdote Josué.
Logo após colocarem os alicerces, surge oposição dos vizinhos e a obra é interrompida.
A história que comentaremos, ocorreu 16 anos após a paralização, em 520 aC.
v.1: O profeta Ageu recebe uma mensagem de Deus.
É dirigida ao povo, mas através dos dois líderes maiores: Zorobabel e Josué.
v.2-4
O povo dizia que ainda não chegara o tempo de edificar a casa do Senhor, o Templo.
Deus questiona, de maneira clara e muito sentida:
“Vocês moram em casas bem acabadas, a minha casa permanece em ruinas e vocês ainda dizem que não é tempo de construir o templo.
Então, para os seus próprios interesses, o tempo é adequado. Mas não para minha casa.
Vocês estão dando prioridade ao que é de vocês e desprezando o que é meu.”
Apesar de magoado, Deus não ficou num cantinho, choramingando pela desconsideração dos judeus em desprezarem o Templo.
Ele é o Criador, zeloso pela Sua glória e pela adoração que Lhe é devida.
Deixar Deus em 2o. plano, além de ingratidão, é algo imprudente e perigoso.
v. 5-7, 9a (até “…dissipei”)
Considerai o vosso passado (duas vezes essa mesma frase - v. 5 e 7).
Ou seja, “editem no que tem acontecido com vocês. Façam um exame da situação”.
E o próprio Deus dá os elementos para essa análise:
* Semearam muito, mas recolheram pouco
* Comiam, mas sem fartura; bebiam, mas sem saciar. Tinham roupa, mas não o suficiente para se aquecer no frio
* O salário como que desaparecia: talvez inflação
* As expectativas não eram correspondidas: esperavam muito e vinha pouco. E mesmo esse pouco, às vezes Deus destruía.
Embora fosse implícito, Deus faz questão de deixar claro o motivo do seu desagrado:
v. 9b-11
A causa é a INVERSÃO DE VALORES do povo.
A casa de Deus em ruínas, enquanto eles se ocupavam com a própria casa.
Ou seja, a falta de chuva, a seca, a produção insuficiente da terra, pouco dinheiro, pouco conforto, NÃO era por acaso, ou azar, ou por fenômenos climáticos, ou porque estavam usando o adubo errado.
TUDO era resultado direto da ação de Deus contra eles!
Após enumerar todos os problemas deles e dizer o motivo, Deus aponta a SOLUÇÃO.
v.8: Subi ao monte, trazei madeira…
Duas observações:
1) A nobre atitude e a longanimidade de Deus em ainda aceitar que fizessem o Templo.
Muitos de nós diríamos: “Agora não quero mais, é tarde.”
Mas Deus é bondoso demais. Ele QUERIA abençoar o povo.
Arrisco-me a dizer que talvez Deus estivesse mais desejoso em querer abençoar o povo do que o próprio queria se ver livre de todas as dificuldades. (Como pai que sofre mais com o castigo que ele próprio deu no filho do que o próprio filho).
2) Veja o que ocorrera 16 anos antes: Ed 2.68-69; 3.7
Ora, onde estava toda aquela madeira comprada naquela época?
Provavelmente usaram para si mesmos, nas suas casas.
Se assim foi, fica explicado as casas bem acabadas, que talvez tenham sido feitas no começo do período de 16 anos.
Mesmo assim, Deus disse que eles ainda corriam (ou se ocupavam) pelas próprias casas. Parece que colocavam atenção exagerada ao acabamento da moradia, gastando até mesmo o que não podiam.
Enquanto isso, o templo abandonado há 16 anos, só com os alicerces.
Quanto à questão moral, num certo sentido, não haviam propriamente roubado, pois o dinheiro era deles mesmos.
Mas num outro sentido, haviam se apropriado do que não era mais deles, pois já tinham ofertado o dinheiro a Deus.
Resultado do apelo de Deus:
v.12-15:
O povo se sensibilizou e, despertado pelo próprio Deus, resolveu recomeçar a obra.
De fato, quatro anos depois o templo estava terminado e foi dedicado com muita alegria.
Iremos aplicar para várias áreas da vida cristã, mas a ênfase não tem como deixar de ser na aplicação financeira nas coisas de Deus.
1a. lição: Deus fica queixoso quando o Seu povo não cumpre com alguma obrigação diante dEle.
E uma dessas obrigações envolve a liberalidade com dízimos e ofertas.
Não falo olhando para o presente, por causa de algum problema na igreja nessa área.
Mas olhando para o futuro, que pode estar reservando dificuldades ou reduções financeiras para a maioria de nós.
O momento é propício para a nossa carne ou o diabo soprar “Reduza tudo, você foi atropelado pelo coronavírus, reduza tudo, pare, adie, fique à vontade”.
Cuidado, irmão!
Claro que poderá de fato haver necessidade de redução, mas faça isso se for absolutamente necessário, nunca como desculpa, aproveitando a “onda”.
A base da obra de Deus no mundo é feita através de igrejas locais.
E o plano de Deus é que cada igreja desenvolva seus trabalhos com a participação financeira de cada membro.
Contribuir financeiramente com as coisas de Deus menos do que pode, é falhar com Ele.
Mas qual o MOTIVO pelo qual povo estava falhando? Preguiça? Absoluta falta de recursos? Investimento num templo pagão? Total desorganização?
Não! Eles não eram preguiçosos.
Tinham recurso no começo e ainda depois, mesmo com alguma dificuldade.
Não estavam idolatrando.
Não eram incapazes de se organizar.
Motivo: inversão de valores.
A prioridade estava neles mesmos, não em Deus!
Fizeram casas apaineladas, bem acabadas e mesmo em crise, ainda insistiam em investir nas casas. E o Templo, deixado de lado.
Talvez o principal problema de quem é faltoso nas doações é que olha para si mesmo.
Permite que os projetos pessoais comprometam cada centavo do orçamento.
E como fica a igreja, não apenas nas necessidades básicas de todo mês, mas nos planos especiais, nos projetos missionários?
E a generosidade com as pessoas ao redor?
Essas necessidades terminam no segundo plano, ou terceiro ou em plano nenhum!
Essa troca de prioridades magoa muito a Deus!
Note que os judeus não tinham esquecido o Templo. Ainda era assunto entre eles.
Só que iam adiando! “Pessoal, olha o templo.” “Ah, depois, ainda não chegou a hora”!
Talvez a sua consciência, ou cônjuge, ou irmão mais próximo esteja lhe alertando: “Olha o dízimo, as suas ofertas”.
Mas você vai protelando, ganhando tempo, dá de ombros e diz “depois, no mês que vem”!
Isso é tão triste. E tão perigoso!
Como você sabe que precisa contribuir financeiramente e até prometeu a Deus, se não fizer, estará, na realidade se apropriando de um valor que não é mais seu!
2a. lição: Deus costuma disciplinar quando o crente falha com suas obrigações.
Deus entregou aquelas pessoas a grandes dificuldades financeiras.
Exatamente na área onde estavam falhando.
Se você tem falhado nessa área, é provável que esteja enfrentando ou venha a enfrentar, despesas extras, prejuízos, acidentes, más aplicações.
O seu dinheiro não rende, parece que está sendo colocado num saco furado!
Essas coisas podem não ser meras coincidências, mas estejam sendo diretamente causadas por Deus, com o propósito de lhe disciplinar, lhe ensinar.
Seria hora de fazer exatamente o que Ageu sugeriu: considerar o seu passado (situação).
E não se admire caso perceba que o período de infidelidade coincida com certas crises.
“Então, pastor, o senhor garante que no dia que eu voltar a ser fiel, tudo vai melhorar?”
O que posso garantir é que Deus se agradará – e talvez suspenderá a disciplina.
Claro que ocorrem crises financeira por outros motivos que não disciplina: provação, aperfeiçoamento etc. Mas isso é outro assunto.
No sufoco financeiro, o importante é o crente ficar tranquilo de que NÃO é disciplina.
3a. lição: Deus, na sua misericórdia, está sempre pronto para receber o filho rebelde, que se arrepende e volta à prática da obediência.
Deus não dirá a um filho: “Você esteve tão longe, que agora não quero mais. Há meses reteve o meu dízimo, pois agora nem que você queira me devolver, eu não aceito."
Cristo é humilde de coração e longânimo, sempre pronto para receber o filho que volta.
Se você tem falhado nessa área, saiba que Deus aceita uma mudança de rumo.
Ele quer lhe abençoar, lhe ajudar.
4a. lição: O crente precisa DECIDIR corrigir a sua irregularidade.
Deus avisa, adverte, disciplina, explica porque disciplinou, aponta o caminho - e aguarda!
Quando alguém diz que está falhando no dízimo porque está em dificuldade, respondo: “Deve ser o contrário! Quem vai lhe tirar da dificuldade? Deus. E quem você magoa quando falha? Deus. E a quem você agradará quando resolver obedecer? Deus.
Então o sábio é resolver ser crente fiel nessa área, mesmo nas tempestades!
Se você não tem forças, peça a Deus, que Ele lhe ajuda, como fez com os judeus.
Mas é fundamental tomar a iniciativa no seu coração.
Sabe o resultado? Relendo v.8b:
... dela (minha casa) me agradarei e serei glorificado
Pois do seu dízimo e das suas ofertas, Deus se agradará e será glorificado.
Só isso não seria o bastante?
Além disso, pense na alegria que você daria à sua igreja em ter balancetes saudáveis, honrando compromissos, melhorando as instalações, sendo mais ousada em missões, melhores livros na Biblioteca, melhores serviços de gravações, convites de pregadores mais distantes… tanta coisa boa - que resultará em pregação mais ousada do Evangelho e crescimento espiritual dos crentes!
Sem falar na alegria em ser mais generoso com os necessitados ao redor.
Tudo, repito, para o agrado e para a glória do Senhor Jesus Cristo!
Que Deus nos abençoe. Amém