18 Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio. 19 Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles. 20 E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são pensamentos vãos. 21 Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: 22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, 23 e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.
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Paulo pede que os irmãos não fiquem se gloriando por pertencerem ao grupo desse ou daquele líder e nem brigando por coisas materias.
E no seu belíssimo argumento, diz “tudo é vosso”.
E para mostrar isso, usa 4 grupos:
* os obreiros - colocados a serviço deles próprios
* o mundo - os crentes são herdeiros do mundo e vão reinar aqui
* a vida e a morte - vida: poder de vitória no Evangelho
- morte: melhor ainda: encontro com Cristo!
* cousas presentes e futuras:
- presentes: Deus nos dá tudo o que quiser, pois tudo é dEle
- futuras: reservadas para nós, aguardemos ansiosos.
Paulo então resume, repetindo: tudo é vosso. Mas ele não pára aí, e diz:
e vós de Cristo
Agora, de maneira rápida e vigorosa, numa frase de efeito, Paulo nos obriga a mudar o tipo de racicínio.
Desde que disse “tudo é vosso”, começamos a raciocinar em termos de proprietários.
Mas agora, repentinamente, passamos de
* proprietários para propriedade
* de possuidores, para possuídos
* de herdeiros, para herança!
Antes de examinarmos algumas implicações por sermos de Cristo, vejamos O QUE SE PASSOU para Paulo poder dizer essa frase tão curtinha.
Em outras palavras: como é que nos tornamos de Cristo?
A Bíblia responde de duas maneiras diferentes, mas complementares:
1) Fomos dados como presentes do Pai ao Seu Filho, Jesus Cristo: Jo 6.37-40; 17.6
Esses são os eleitos de Deus, escolhidos antes que houvesse mundo.
Mas havia um problema: mesmo eleitos, eles estavam condenados pelos seus pecados.
Podemos imaginar um diálogo entre Pai e Filho:
- Pai, obrigado pelos que Tu me deste, mas eu não posso me relacionar com eles: são grandes pecadores. Além do mais, eles estão perdidos, pois tu mesmo decretaste que pelo pecado vem a morte e sem derramamento de sangue não há remissão de pecados. E mais ainda: eles estão sob o controle do nosso grande inimigo!
- Pois resgate-os, compre-os para sí. Faça-se Homem, derrame o seu sangue por eles, e eu os perdoarei.
E foi exatamente o que aconteceu:
2) Fomos COMPRADOS por Cristo.
Preço: Seu sangue: At 20.28b
Mas Ele poderia nos ter adquirido apenas para nos fazer escravos dEle e nada mais.
Mas não foi isso o que Ele fez.
Ele nos fez Seus AMIGOS, e CO-HERDEIROS com Ele: vai compartilhar conosco todas as coisas, inclusive o Seu reino!
Paulo quis então deixar claro que tudo é nosso APENAS COMO RESULTADO de sermos de Cristo.
Para poder dizer “tudo é meu”, você tem de dizer ANTES “eu sou de Cristo”.
As IMPLICAÇÕES disso são evidentes:
I) O crente não tem motivo para se ORGULHAR de nada.
Tudo o que ele tem e terá foi dado por Cristo, que o arrancou da escravidão, o livrou da condenação e o comprou para Sí.
Em vez de orgulho, deverá ter GRATIDÃO a Cristo e HUMILDADE para com os outros.
II) Ao usar as cousas que nos pertencem, precisamos observar os padrões dAquele a Quem pertencemos.
Não somos livres para usar tudo da maneira como bem entendemos.
Ex: Lápis de cor da criança: é dela, mas não pode pintar a parede, furar o irmão,etc.
Tem que usar como o pai orienta.
Assim nós: precisamos aprender a usar dentro dos padrões dEle tudo o que nos foi dado (os irmãos, as cousas do mundo, a vida, as cousas do presente).
Sem detalhar, lembro que os padrões dEle foram resumidos por Ele próprio, de maneira muito simples: Mt 22.35-40
III) Quando algo nos pertence, queremos que nos sirva da melhor maneira possível.
Sandra sempre disse: “Não faço questão de ter carro novo; só quero que funcione!”
Assim nós, com relação às coisas que Deus nos deu:
- pastores: esperamos que tenham pregações que sirvam; conselhos que sirvam; testemunhos que sirvam
- a vida: esperamos que nos dêem certo conforto, dignidade, condições, etc.
- coisas do presente: esperamos que nos sirvam:
* comida: que nos alimente de fato
* roupas: que durem um mínimo.
Ora, nada mais justo que o Senhor Jesus Cristo espere que nós, propriedade dEle, TAMBÉM FUNCIONEMOS direito e sirvamos para os Seus planos e propósitos!
Foi exatamente isso o que Ele disse, por exemplo, quando nos chamou de sal e logo completou que o sal sem sabor não presta, deve ser jogado fora.
Em suma, irmãos: em todos os aspectos possíveis e imaginários, somos de Cristo!
Nada em sua vida deve ter qualquer sentido se não levar Cristo em consideração e como máxima prioridade.
Mas, mesmo após dizer que tudo é nosso e nós de Cristo, Paulo ainda não havia esgotado a sequência. Faltava algo:
... e Cristo de Deus
Aqui terreno delicado. Difícil entender e explicar.
Temos agora de que deixar de lado a idéia de propriedade.
Cristo não é propriedade de Deus no sentido em que nós somos propriedade de Cristo.
Podemos dizer que Cristo é nosso Salvador e dono.
Mas não podemos dizer que Deus é Salvador e dono de Cristo.
O que Paulo quis dizer, antes de qualquer coisa, é que Cristo não age de maneira independente e solitária.
* Ele sempre gozou plena comunhão com o Pai: Jo 17.5
* Ele age em perfeita consonância com o Pai: Jo 4.34
Porém, há algo mais nesse conceito de que Cristo é de Deus:
No plano de salvação, a 2a. Pessoa da Trindade fez-se Homem. E dentro desse contexto altamente complexo, pode-se dizer que Cristo é de Deus em vários aspectos:
- é o cumprimento da afirmação de Deus que o “descendente da mulher” viria e esmagaria a cabeça da serpente (Satanás);
- é o cumprimento da promessa a Abraão, de que teria um descendente, através de quem seriam abençoadas todas as famílias da terra
- é o descendente prometido a Abraão (depois a Davi), que reinaria para sempre;
- é o Messias (Cristo, Ungido) que Deus prometeu a Israel, para libertá-lo de suas opressões e sofrimentos
- é o Salvador do mundo, prometido aos gentios
A Pessoa e o ministério de Cristo estão no centro de todas essas promessas de Deus.
Cristo é a resposta, o cumprimento, a providência, o Enviado DE DEUS para que todas esse plano fosse devidamente cumprido.
Mais dois ângulos de Cristo ser “de Deus”:
1) At 13.33-34:
v.33: levantou (exaltou) a Jesus, associando com o fato da geração de Cristo (Sl 2.7-8): complexo, não sabemos exatamente o que significa: geração eterna; encarnação no ventre de Maria; batismo; entrada triunfal em Jerusalém; ressurreição; ascenção)
v.34: Deus ressuscitou Jesus
2) No plano da salvação, Cristo se colocou entre Deus e os homens.
Cristo não é inferior a Deus, mas voluntariamente aceitou submeter-se ao Pai dentro de uma certa hierarquia funcional: Jo 14.28
Paulo referiu-se a isso em 1Co 11.3.
O Pai não intercede por nós junto ao Filho, mas o contrário.
O Pai não está à direita de Cristo, mas o contrário.
Resumo:
Tudo é nosso, porque somos de Cristo. E Cristo é de Deus.
E por sermos de Cristo, tornamo-nos também filhos de Deus.
Ou seja, Cristo compartilhou conosco até o próprio Pai.
Com isto em mente, qual o sentido de partidarismos, brigas, angústias por coisas desta vida? NENHUM.
Sejamos propriedade digna e eficiente do nosso dono.
E filhos que dão alegria ao Seu Pai celestial.
E você, amigo, peça a Cristo que lhe torne propriedade dEle!
Que Deus nos abençoe. Amém