PREGAÇÃO

Vida repetitiva, vazia e fugaz: coisa chata! (Série ECLESIASTES 2)

Ec 1.1-11      59 minutos      01/11/2020         

Mauro Clark


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v.1: Pregador, que se dirige a uma assembleia. (NVI: Mestre).

…  filho de Davi, rei de Jerusalém: Conforme falei, assumirei que é Salomão.

 

 

v.2: Vaidade (37 vezes no livro)

Literalmente no hebraico: fôlego, sopro. Ideia de fugaz, passageiro.

Figuradamente, dois sentidos complementares: vazio, nulo, inútil (NVI), sem sentido (NVT)

E quanto a “vaidade”? Literalmente a palavra vem do latim: “vácuo” ou “vazio”, ou seja, está tecnicamente correta.

Mesmo assim, a tradução “vaidade” não é feliz, pois a noção mais forte da palavra no uso atual é desejo exagerado de ser bonito, melhor, chamar atenção.

E esse sentido está ausente da palavra hebraica.

Daqui em diante, não usarei mais “vaidade”, mas vazio, inútil, ou sem sentido. 

Vaidade de vaidade: superlativo, algo vaidade sobre vaidade, ou inútil sobre inútil.

Tudo é vaidade: tudo o que está embaixo do sol (v.3).

Conforme falamos na Introdução, Salomão se dispõe a fazer uma avaliação profunda da vida “embaixo do sol”, sem levar Deus em consideração.

Só que, de vez em quando, não aguenta e fala em Deus, mas logo volta à sua tese inicial.

Logo no v.2, afirma o resumo do que concluiu: tudo por aqui é vão. 

v.3

trabalho: não apenas trabalho profissional, mas carga da vida, problemas e suas consequentes aflições.

Pergunta retórica, assumindo a resposta óbvia: proveito, ou vantagem nenhuma!

Trabalha, luta, enfrenta todo tipo de problemas, e para que serve? 

v. 4-7: procura demonstrar a sua tese.

Argumento do pregador aqui: tudo é muito repetitivo, parece que não tem fim.

Em termos abrangentes:

Geração vai e geração vem, mas a terra permanece

Qual o sentido da presença de todas as gerações passadas nesta mesma terra?

* O sol nasce e se põe, todos os dias, sem uma única exceção. Para que?

* Vento: mesmo circuito (demonstração fantástica de conhecimento científico)

* Rios: Continuam correndo, sempre no mesmo leito e vão para o mar, que nunca se enche

Qual a utilidade final de um arranjo tão complexo?

Além da Natureza, quando olhar para o ASPECTO PESSOAL, a situação ainda é pior, pois a repetição ou a infindável sequencia das coisas desperta sentimentos e esses sentimentos terminam levando à frustação. 

v. 8: Os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir.

Fartar: heb.: se satisfazer, achar suficiente.

Olhos e ouvidos representam todos os sentidos humanos e a capacidade de interagir com o meio, cada interação despertando um sentimento de desejo não totalmente realizado.

O homem nunca está plenamente satisfeito.

Vê uma vista bonita, quer ver outra. E depois outra.

Compra a “roupa mais linda do mundo” e depois vestido com ele, já deseja outra.

Ouve uma música linda, quer ouvir outra. Ouve uma novidade, que ouvir outra.

Não tem um limite, um alvo mais profundo, mais satisfatório a alcançar. 

O que incomoda ao pregador é que as coisas não parecem ter um objetivo a atingir.

Certo que o ser humano gosta e até mesmo precisa de alvos: inicia e termina um curso, começa e termina o horário de trabalho, cria e acolhe o filho até sair de casa, tem data de se aposentar etc.

Mas quando procura colocar essa necessidade de objetivos em termos de vida, de propósito existencial, não encontra. E isso o deixa terrivelmente frustrado.

Cada alvo, logo que é alcançado, causa enfado ou mesmice e já passa para outro alvo.

Ou seja, o alvo anterior era, na realidade, um micro alvo, sem grande importância!

Ah, mas o próximo alvo, é mesmo importante.

Mas quando alcança, percebe que era apenas mais um novo micro alvo. 

Muitos dizem: “Ainda chego lá”. Lá aonde? Não sabe.

Essa expressão, ao mesmo tempo que revela a necessidade instintiva de ter um alvo, uma linha de chegada, mostra que não sabe definir, fica tudo confuso, vago.

É assa indefinição que gera canseiras tais que ninguém as pode exprimir.

canseira: em termos modernos, lembre que canseira gera desânimo, que por sua vez é diretamente associado com depressão. 

v.9-10

Tudo o que aconteceu vai acontecer de novo, num ciclo maçante: dias, meses, estações do ano, tempo bom seguido de tempo ruim e depois bom de novo.

Pessoas nascendo, casando e morrendo.

Pai gera um filho, educa, ensina, corrige. O filho cresce, casa, tem um filho e o ciclo continua indefinidamente. 

As únicas novidades são as invenções, que apenas colocam as coisas numa roupagem diferente. Mas a ESSÊNCIA da existência humana, do drama da vida, é a mesma. 

Vem presidente e vai presidente. Vem ditador, vai ditador. As revoltas, as revoluções vêm e vão.

Qualquer livro de história mostrará continuamente brigas e guerras entre os homens (não importa se com pau, bala, ou bomba atômica).

Vem um período de paz e, depois, guerra de novo. Os inimigos variam, as alegações variam, as durações variam, mas a mesmice guerra e paz, paz e guerra, continua. 

v.11

Já não há lembrança das coisas que precederam...

Para piorar esse estado de nulidade ou sem sentido das coisas debaixo do sol, praticamente não há memória das coisas passadas e nem haverá no futuro das coisas de hoje.

Experimente citar os nomes dos seus 8 bisavós.

Se você não sabe nem o nome deles, imagine o que fizeram, o quanto trabalharam, o quanto sofreram, o quanto se alegraram. Acabou, ficou para trás.

O seu bisneto talvez não saberá nem o seu nome! E se souber o nome, isso será o máximo!

Quanto às pouquíssimas pessoas famosas, o que se sabe é o nome o que fizeram a grosso modo. Qualquer detalhe, não sabe mais. 

E as milhares de outras pessoas que foram famosas, por bons ou maus motivos, na sua própria época, na sua própria terra? Não sabemos nem o nome. 

Tudo isso era muito frustrante para o escritor inspirado.

Na próxima pregação, veremos que ele não se conforma com tanta nulidade, acha que não estava entendendo bem e resolve mergulhar fundo no assunto, para ver se descobriria algo coisa que mudasse todo esse quadro desolador. 

Até aqui, o que aprendemos de prático para nossas vidas? Três boas lições:

1) Por trás das aparências, a vida debaixo do sol é monótona, sem sentido, frustrante.

Esse é um ponto interessante para abordar uma pessoa sem Cristo.

Cristo dá sentido à vida, dá sabor à existência, dá colorido aos nossos dias (mesmo que algumas pinceladas sejam de preto). 

- Ah, mas as pessoas já sabem que a vida é monótona!

Será? Talvez não tenham notado. Na hipnose desta vida louca, muitos nem perceberam. Não pararam para pensar.

E se pararam, não têm sabedoria do alto para perceber.

As pessoas vivem querendo se enganar. Embriagam-se com novidades: apps, a rede social do momento, rótulos dos produtos, tudo, vem escrito: NOVO!

E a Palavra de Deus dizendo: não há nada novo debaixo do sol.

Ou seja, é um “novo” vazio, ilusório.

O que muda a vida de alguém se um iphone vem com mais uma câmera? E depois, mais uma? Ou se o controle do game vem agora vem com 35 comandos, em vez de 23?

 

2) Não adianta querer deixar um grande nome debaixo do sol.

Isso é tolice, pois ninguém vai se lembrar. No máximo fazer uma estátua.

Para que? Para os pombos sujarem e pegar sol e chuva anos a fio! Ninguém se lembra da pessoa em si.

E se lembrar, talvez vá querer destruir a estátua, como é moda hoje!

 

3) Quando você, crente, se sentir desanimado, provavelmente está dando mais valor ao aspecto “debaixo do sol” da sua vida do que acima do sol.

A vida aqui embaixo não edifica ninguém, não preenche as necessidades mais básicas do ser humano.

Não se deixe hipnotizar com as alegrias passageiras, ou a satisfação baseada em ter coisas.

Não é errado ter algumas coisas. O problema é a IMPORTÂNCIA que damos a elas.

Não é à toa que Bíblia adverte:

Pensai nas cousas que são do alto, NÃO nas que são aqui da terra. Cl 3.2 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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