Salomão inicia série de contrastes (que vai até v.8), do tipo “Melhor é isso do que aquilo”.
Às vezes ele explica o porque do contraste, às vezes, não.
Às vezes há conexão entre um contraste e o seguinte, outras vezes, não.
Vejamos um a um.
Algumas vezes investirei a pregação inteira num só contraste, como esta.
Melhor é a boa fama do que o unguento precioso
fama: hebr. - nome, reputação (não gosto de “fama”, para não dar ideia de famoso.
NVI é melhor: Um bom nome é melhor do que um perfume finíssimo
Por mais que perfume bom e caro seja valorizado hoje, na época certamente era mais, pois havia muito menos opções de consumo.
Perfume fino: sinal de riqueza. Poderia ser roupas finas ou jóias, dinheiro, bens: Pv 22.1
Mesmo alguém não sendo rico, em momentos especiais usa o que tem de melhor: Rt 3.3
Mas talvez Salomão tenha escolhido perfume caro porque é o item de consumo ou riqueza que mais torna a pessoa fisicamente agradável e, apesar de invisível, deixa impressão muito forte, como se o aroma agradável estivesse emanando daquele corpo.
Como se dissesse: “Por mais que um bom perfume faça você de você uma presença agradável, que deixa boa fragrância onde anda, muito mais benéfico e valioso para a sua pessoa é um bom nome, uma boa reputação.”
É o tipo da afirmação que não precisa explicar o porque: é claro demais.
Tanto o perfume, como roupas finas e jóias, são coisas externas a você. Perfume pode até grudar no corpo, mas basta um banho para sair tudo.
A boa reputação está intrinsicamente ligada à sua pessoa, irá lhe acompanhar enquanto viver neste mundo.
Até para um não crente, a verdade desse contraste é válida, pois cada um quer ser bem visto pelos colegas de estudo/trabalho, clientes, pela sociedade em geral.
Só que, para o crente, um bom nome não é apenas opção profissional, comercial, social. É obrigação espiritual, diante do nosso Pai celeste.
“Bom nome” aqui é sinônimo de bom testemunho, de vida correta que termina por caracterizar aquela pessoa.
A Bíblia enfatiza bastante essa questão de dar bom testemunho.
* Jesus, mesmo tendo sido morto numa cruz como criminoso, sempre deu bom testemunho e houve momentos em seu ministério que as pessoas reconheciam: Lc 4.22
Aliás, antes de tudo, diante do Pai: Jo 5.37
* Conceito que o (ainda) não crente e gentio Cornélio tinha em toda a nação: At 10.22
* Ananias tinha bom testemunho de todos na cidade: At 22.12
* Condição básica para um pastor, bom testemunho dos de fora: 1Tm 3.7
Se é exigência para um pastor, no mínimo é altamente recomendável para um crente!
* Condição para o crente brilhar no mundo, como luz do mundo: inculpável: Fp 2.14-15
Quando o seu nome é citado numa roda da faculdade, no trabalho, numa reunião do seu condomínio, qual a impressão que causa?
Se você não tem dado importância ao que os não crentes pensam de você, conserte isso.
Se é necessário ter um bom nome fora, na sociedade, quanto mais entre os crentes!
Veja as condições para diversas funções a serviço da igreja:
* ... para a escolha dos primeiros diáconos: At 6.3
* ... para qualquer pastor ou diácono: irrepreensível: 1Tm 3.2, 10
* ... para uma viúva para ser inscrita na lista de ajuda da igreja: recomendada: 1Tm 5.10
+ Quando o seu nome é citado numa roda de crentes, que tipo de comentários levanta?
+ Quando o seu nome é sugerido ao seu pastor para coordenar um departamento na igreja, que impressão você acha que causa na mente dele?
Impressão que Demétrio causou na mente de João: 3Jo 12
+ E o contrário: quando o pastor pergunta a líderes da igreja o que pensam de você para determinado cargo, o que vão dizer?
Veja o que foi que animou Paulo a trabalhar com Timóteo: bom testemunho: At 16.1-3
+ Quando o seu nome é citado na reunião do Conselho para ser indicado como candidato ao diaconato, qual a impressão que causa?
Já vimos qual a 1a. condição para os sete primeiros diáconos: boa reputação.
+ E se você veio de outro lugar, já andou em várias igrejas, o que esses irmãos de outros lugares têm a dizer de você?
Sobre o irmão da equipe para levantar sustento a crentes necessitados: 2Co 8.18
“louvor”: gr.: aprovação, recomendação)
+ Se você diz “Sou da Igreja Luz do Mundo”, que conclusões a pessoa iria tirar da igreja, partindo do que ela conhece de você?
+ Se um irmão ouve seu nome por aí, e diz alegremente “Ah, eu sou amigo dele, aliás somos da mesma igreja!”, que tipo de comentário provável esse irmão ouvirá?
Creio que esses exemplos são suficientes para todo crente encarar com muita seriedade sobre o testemunho que tem dado por onde anda.
Encerro com três observações:
1) É fácil dizer que é crente. Aliás, é fácil dizer qualquer coisa!
Existem milhões dizendo por aí que são crentes. Outra coisa é viver como crente.
2) A boa reputação é mais valiosa do que qualquer valor material porque é por ela que as pessoas vão abrir ou fechar os ouvidos para o que você diz - suas afirmações, ideias, seus palpites, no marcar de um compromisso, até mesmo a disposição de ouvir o que você tem a dizer sobre o Evangelho e sobre o próprio Senhor Jesus Cristo.
3) É pela sua reputação que você dará alegria ou tristeza a quem morreu por você, lhe comprou com o próprio sangue e agora é o seu Dono.
Coisa lamentável é o crente dar tristeza ao Senhor Jesus Cristo.
E coisa maravilhosa é crente dar alegria a Ele.
Em vez de você se tornar agradável às pessoas pelo uso de coisas - finos perfumes, roupas elegantes, jóias reluzentes, torne-se agradável você próprio, sua própria pessoa – aos homens e a Deus - um perfume muito especial, o bom perfume de Cristo!
Que Deus nos abençoe. Amém