Comecemos com Ex 17.8-14, em 1460 aC, ocorrido a caminho da Terra Prometida.
Uns quarenta anos depois Moisés lembrou ao povo: Dt 25.17-19
Passa-se 410 anos anos e parece até que Deus havia esquecido.
Mas, o dia chegou:
v.1-2: Cena ocorreu em torno de 1050aC (Saul reinou em Israel, de 1065 a 1025 aC.)
Os julgamentos de Deus podem parecer demorar, mas um dia chegam... um a um!
v.3: Chocante, mas Deus tem seus motivos.
Entre os muitos que poderíamos comentar, basta um: provar o está escrito em Gn 12.3.
Note que a ordem dada foi claríssima!
v.4-9: Queneus: povo a quem pertencia Jetro, sogro de Moisés.
Interessante: é a mesma prova de Gn 12.3, só que ao contrário.
Saul entra numa espiral de desobediência e negações, começando ao deixar o rei vivo.
Depois resolveram poupar também os melhores animais.
v.10-11: Arrependo-me: Antropomorfismo: triste, decepcionado pela atitude de Saul, que não correspondeu à honra com que lhe tratou.
Dois motivos do arrependimento de Deus, ambos reação a atitudes de Saul:
1. Apostasia – deixar de seguir o Senhor, tomar outro rumo
2. Desobediência de Saul.
Esse sentido de arrependimento de Deus é comum na Bíblia, sempre ligado com alguma mudança de atitude de pessoas, que acarreta uma mudança de linha de ação de Deus.
Mas nunca tem a ver com o sentido de Deus reconhecer um erro (veremos no v.29).
v.12-15: Com a consciência pesada, Saul logo diz Executei as palavras do Senhor.
Samuel pressente problemas e desconfia de Saul.
De Amaleque (eles) os trouxeram: joga a culpa no povo.
... para sacrificar ao Senhor: tentando iludir a Deus com agrados.
...o resto, porém (nós) destruímos: como esse ato foi de obediência, ele se inclui.
v.16-19: Repreensão de Samuel. Veja a chance que Saul teve de se explicar.
v.20-21: Saul assume que trouxe Agague, mas quanto aos animais, insiste em continuar culpando o povo.
v.22: Um dos versículos mais famosos da Bíblia. Samuel chega no âmago do problema.
A obediência está na base de toda a adoração a Deus.
É muito mais importante do que rituais.
Se for para fazer qualquer coisa à custa da obediência, não faça!
Rituais geralmente tem pompa, os sacrifícios requerem muita dramaticidade, tudo muito visível e causa impressão.
Aparentemente, tudo isso torna mais fácil dar a impressão de fidelidade a Deus e passar por cima de alguma ordem dEle.
Cuidado com práticas e costumes altamente saudáveis, mas que podem causar a ilusão de serem substitutos à obediência a Deus:
* Cultos, reuniões, programações
* Posição, cargo e serviços na igreja
* Dízimo (perigosíssimo no alívio indevido da consciência)
* Esmolas, caridade
* Serviços a pessoas
* Orações
* Leitura bíblica
Todas são excelentes práticas e costumes e práticas excelente. Mas nunca à parte da obediência a Deus.
- Mas tudo isso já não é demonstração de obediência? Sim e não!
Se forem acompanhadas de sinceridade de coração, sim. Se foram apenas externas ou insinceras, não!
v.23: Saul compara os dois pecados de Saul (rebelião e obstinação) com pecados
horríveis, dignos de morte: feitiçaria e idolatria.
Sentença sobre Saul: rejeição.
Deus não o destronou imediatamente, mas tirou o Seu Espírito de sobre Saul.
Saul passou a ficar perturbado, talvez até meio louco.
Morreu uns 20 anos depois, ainda como rei.
24. Finalmente Saul confessa. Na base da sua desobediência estava:
* Covardia, pois temeu o povo.
* Falta de fé:
a. Em confiar que Deus o apoiaria e, se quisesse, o defenderia contra o povo.
b. Em não prever ou acreditar que Deus certamente o castigaria.
Resultado: Saul temeu o povo, em vez de temer a quem realmente devia: a Deus!
Preferiu desobedecer a Deus do que se desentender com o povo.
Em suma: trocou Deus pelo povo!
O próprio povo sobre o qual reinava, terminou servindo de laço para Saul.
Irmãos, cada um tenha cuidado com os próprios laços: egoísmo, cobiça, cônjuge, filhos, profissão, dinheiro. E, claro, o próprio Satanás.
Nunca os tema, ou os considere mais que a Deus.
v.25-29: Saul pede perdão e apoio de Samuel, que recusa e repete a sentença.
O manto rasgado serve de símbolo para a rejeição.
... a Glória de Israel não mente, nem se arrepende: arrependimento aqui tem o sentido de concluir que fez algo errado, revelando pecado, defeito ou qualquer tipo de fraqueza.
v.30-31: Samuel reconsidera e volta com Saul, para não humilhá-lo tanto.
Encerro com uma aplicação para a difícil época atual.
Nessa angústia da pandemia é normal que os crentes se sintam provados, sofridos, ansiosos, com medo, e corram em busca de Deus.
Nesse processo, a tendência pode ser um aumento na prática de leituras bíblicas, orações, ajudas a pessoas - coisas que, em princípio, agradam a Deus e portanto trazem a sensação de obediência, de fidelidade a Deus.
Mas cuidado! Toda essa prática precisa ser acompanhada de obediência lá dentro do coração, ou seja, de observação aos preceitos mais internos: humildade, reconhecimento de pecados, vontade de ser perdoado, luta contra desejos errados, humildade de alma, busca obsessiva pelo amor a todos, etc.
Que Deus nos abençoe com tantas lições. Amém.