Ec 8.1-5 59 minutos 21/11/2021
Mauro Clark
v.1a
Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas?
Mais uma vez Salomão fala da importância da sabedoria (implícito: vinda do alto).
Em duas perguntas retóricas, indica que a sabedoria é inigualável quanto se trata de saber a interpretação das coisas (heb: interpretação, solução).
Mas o próprio Salomão já dissera antes que muitas coisas estão fora do alcance humano. Ou seja, ele agora está falando do pouco que fica ao alcance.
Mesmo que apenas uma fração da explicação das coisas esteja ao alcance humano, essa pequenina parte só é atingida por quem tem sabedoria de Deus!
O assunto aqui não é ciência pura, inteligência de massa cinzenta, mas saber compreender um pouco do que Deus revela sobre a existência, a vida.
Minha definição pessoal de sabedoria: ver as coisas pelo ângulo de Deus.
Duas consequências curiosas e práticas sobre o que tem sabedoria:
v.1b:
A sabedoria faz reluzir o rosto de uma pessoa e muda a dureza do seu semblante.
reluzir: heb: brilhar, iluminar
A ideia é que a sabedoria deixa a pessoa mais visível, com semblante mais agradável, , transmitindo uma aura atraente.
E, além disso, ou por isso mesmo, com semblante mais tranquilo, mais sereno.
Aliás, conforme o texto, seria melhor dizer: menos duro, menos tenso, menos confuso, pela dureza da vida, pela dificuldade em explicar as coisas.
Importante: aspecto mais tenso ou mais tranquilo tem muito a ver com personalidade, não situação espiritual.
Por isso, acho que o assunto aqui é a atitude em momentos complicados, complexos, que se exige mais compreensão das coisas.
É aí onde se vê a diferença entre os que tem sabedoria de Deus e os outros.
- Ah, mas eu gostaria tanto de ter essa sabedoria!
Pena que é muito difícil e complicado, não é? Não, é fácil: é só pedir! Tg 1.5
Salomão continua no tema da sabedoria, só que agora numa questão bem específica: como se portar diante da autoridade suprema, no caso, o rei.
Os reis da época tinham autoridade absoluta, com poder de vida e morte.
Embora bem menos, hoje ainda há reis assim no mundo, ou ditadores atuais e recentes.
No nosso país, não temos alguém que concentre tanto poder assim (embora pareça que, para alguns políticos, seria um sonho dourado).
Seja como for, vejamos os conselhos e motivos de Salomão e tenhamos a sabedoria de aplicar para os nossos dias, com as devidas semelhanças e diferenças.
Salomão dá três conselhos, sendo dois seguidos do motivo:
1: v.2: Observe o mandamento do rei...
Simples e direto: obedeça ao rei.
Motivo: ... por causa do juramento que você fez diante de Deus
Interessante que o motivo principal nem é por causa do risco (falará adiante), mas de Deus, no caso, o juramento que o cidadão fez a Ele.
Que juramento? Salomão presume que os judeus sabiam que Deus exigia obediência ao rei e que (pelo menos os fiéis) se comprometiam com isso diante de Deus.
Ou seja, antes das consequências na terra, o motivo principal para obedecer o rei era a atitude diante de Deus.
Impressionante como esse princípio é repetido no NT: Rm 13.5
Quanto a nós, devemos obedecer às autoridades (leis) antes de tudo porque Deus assim deseja e... temos prometido isso a Ele, certo?
Ou será que nunca lhe ocorreu prometer explicitamente a Deus ser fiel às leis e autoridades, dentro do possível? Se não, já é tempo!
2: v.3a: Não tenha pressa em sair da presença dele...
O motivo é óbvio: para não dar a entender que estava com medo, ou escondendo algo.
Qualquer comportamento apressado diante de uma autoridade, tem riscos.
E não somente apressado, mas nervoso, rude, desatento, desafiador etc.
Qualquer guarda de trânsito ou fiscal do governo pode lhe dar muito trabalho.
Quanto mais um delegado, um juiz, um prefeito, um governador, um senador.
É no mínimo aconselhável se comportar calmamente diante de um deles.
3. v.3b-5: nem insista em fazer o que é mau...
Motivo: porque ele faz o que bem entende. Porque a palavra do rei tem autoridade suprema. Quem pode lhe perguntar: “O que você está fazendo?” Quem guarda o mandamento não experimenta nenhum mal...
Salomão não disse “Não faça o que é mau”... mas “Não insista em fazer o que é mau”.
Insistir: hebr: ficar firme, obstinado, insistente
O alvo aqui é alguém que faz questão de fazer o que é errado, ou no limite.
O modo do rei encarar alguém assim é diferente do tratamento a um cidadão que esporadicamente saiu da linha.
O motivo de Salomão é prático: se o rei desaprovar, é caso perdido. Não pode nem questionar o rei. E nem contar com o julgamento por outra autoridade. Não há a quem recorrer, o rei é a última palavra.
A solução, portanto, é obedecer ao rei, que não punirá ao seguidor da lei.
Mais uma vez, o NT trata do mesmo assunto de forma igual: Rm 13.3-4
Quanto a nós, obviamente o conselho é totalmente aplicável: desobedecer a lei, uma vez que seja, já tem seus riscos.
E ser obstinado em infringir, é procurar grandes problemas.
Mesmo não havendo uma autoridade que concentre todo o poder de um rei, lutar contra todo um sistema de leis e poderes constituídos, é caso perdido.
Lembro que o argumento de Salomão de que ninguém pergunta ao rei “O que fazes?”, é utilizado na Bíblia para com qualquer pessoa com relação ao Criador: Is 45.9; Jó 9.12.
Ah, se todo ser humano prestasse atenção a essas palavras!
Que Deus nos abençoe. Amém