Cl 3.5-10 52 minutos 09/07/2017
Mauro Clark
v.5
Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, etc.
Antes, Paulo havia dito que estavam mortos:
* 2.12: sepultados com Cristo
* 2.20: se morrestes com Cristo
* 3.3: porque morrestes
E agora nos manda fazer morrer a nossa natureza terrena.
Como resolver essa aparente contradição? Antes de tudo, expliquemos as expressões:
Estamos mortos. Dois sentidos:
a. Por decreto de Deus: quando nos entregamos a Cristo, somos tão fortemente identificados com Ele que, para Deus, é como se estivéssemos com Cristo na cruz.
Aos olhos de Deus, para efeito de julgamento, nós morremos com Cristo e nossos pecados não estão mais pendentes.
b. Por decisão nossa: na conversão, resolvemos seguir a Cristo com toda nossa vontade. Decidimos não nos interessar mais pelo mundo e deixá-lo para trás (Gl 6.14).
fazei morrer a natureza terrena:
Não façam coisas típicas da natureza terrena. Vivam de modo coerente com o fato de já estarem mortos para o mundo aos olhos de Deus e conforme a própria decisão de vocês.
O fato é que existem duas realidades dentro de nós. E isso gera uma grande tensão.
A mesma de quando expliquei o “Pensar nas coisas do alto x Não pensar nas da terra”, só que referida de outra forma.
Somos justificados pela fé, declarados isentos perante Deus, totalmente perdoados. Por outro lado, ainda somos inclinados a pecar e, de fato, pecamos.
Quando nos regererou, o Espírito Santo implantou em nós uma natureza divina, nos fez filhos de Deus - embora adotivos, mas com algo em comum com natureza de Deus.
Mas não arrancou de nós a natureza terrena, que nos leva a pecar.
Temos as duas naturezas brigando dentro de nós.
É a famosa luta da carne contra o Espírito: Gl 5.17
Com um detalhe: a nova natureza, divina, é muito mais poderosa, com plenas condições de suplantar a outra, terrena.
E é exatamente isso o que Deus quer: que nos envolvamos nessa luta com toda a nossa consciência, dedicação, determinação.
O poder de vencer vem de Deus, mas Ele faz questão de nos ver lutando!
Garoto de boa família, boa educação, chega sujo e rasgado da rua e ouve da mãe: “Isso é jeito de chegar? Tu não és moleque”.
Ele pode não ser, mas está agindo e se comportando como moleque.
O que chateia a mãe é que ele não tinha necessidade disso.
Ele teria opções melhores de divertimento, fazer amizades mais saudáveis, com colegas do mesmo nível, etc.
É exatamente essa opção do menino de agir de modo inferior que entristece a mãe.
Ela gostaria de vê-lo agindo coerente com a formação que ele tem.
Pois Deus gostaria de nos ver agindo coerentemente com o que somos: filhos dEle, regenerados, com poder à nossa disposição para vencermos as lutas espirituais e deixarmos de lado as coisas do velho homem.
E que coisas são essas?
A rigor, nem precisava estar escrito, pois conhecemos várias por experiência própria.
E a lista é constrangedoramente longa:
v.5, 8, 9a
prostituição: pornéia: fornicação, sexo ilícito, em qualquer gráu.
impureza: mais geral que pornéia: qualquer uso indevido do sexo, ou um mal moral.
paixão lasciva: paixões desonrosas
desejo maligno
avareza (que é idolatria): o idólatra adora o dinheiro, vive em função dele
ira: ira pecaminosa, odienta, sedenta de vingança
indignação; maldade; maledicência; linguagem obscena; mentira
Ficamos até sem graça em imaginarmos que houve tempo em que praticávamos muitas dessas coisas e achávamos a coisa mais normal do mundo!
E Paulo diz que não apenas que as praticávamos, mas vivíamos nelas! Triste verdade:
v.7: ...andastes vós também noutro tempo, quando vivíveis nelas
E ainda dizíamos que éramos boas pessoas e não precisávamos de salvação.
Grças a Deus que ficou no passado essa atitude e a prática frequente dessas coisas.
Mas infelizmente ainda é presente a inclinação e a prática esporádica de algumas delas.
É de extrema imporância que abondonemos de vez todas elas, pois são coisas da carne, do velho homem, incoerentes com as novas criaturas que somos.
v.6
por estas cousas é que vem a ira de Deus (sobre os filhos da desobediência)
Todas essas coisas são pecaminosas, ferem a santidade de Deus e, por isso mesmo, suscitam a Sua ira.
A ira de Deus é tão falada na Bíblia quanto o amor de Deus.
Pena que enfatizam muito o amor e praticamente deixam de lado a ira.
Na realidade, uma coisa não existe sem a outra.
Mas é importante que as duas verdades sejam ensinadas.
Ira: não apenas raiva, mas vindicação da santidade, necessidade de punir o que agride a Deus. Uma agressão a um Deus Santo e Todo Poderoso não pode ser deixada em branco - sob pena dessa própria santidade e poder ficarem sob suspeita.
Em alguns manuscritos tem a frase:
...sob os filhos da desobediência.
A ira de Deus sobre os perdidos condena-os ao inferno, ao lago de fogo eterno.
E essa ira de Deus que vem sobre os perdidos é descarregada sobre os salvos também?
Não. A ira vingativa de Deus sobre os pecados do crente já foi descarregada sobre Cristo, na cruz.
Mas obviamente quando o crente pratica um pecado, desperta um sentimento negativo forte em Deus, uma reação de desgosto, como um pai desapontado.
Essa reação poderá causar disciplina nesta vida, mas sem nenhum efeito terá quanto ao destino eterno, pois o salvo já tem sua salvação garantida.
Evidentente isso jamais será motivo para abusarmos do pecado.
Lembre-se que a prática dessas mesmas coisas por um não crente, despertará em Deus uma ira que será eternamente descarregada, no inferno.
Os crentes estão a salvo porque têm a Cristo como escudo: 1Ts 1.10
v.9b-10a
Paulo já tinha dado dois motivos pelos quais devíamos nos livrar daquelas coisas:
1) A ira de Deus vem sobre quem as pratica
2) Essas coisas nós praticávamos no passado, quando agíamos em desobediência.
Agora dá um terceiro motivo:
3) Nos despimos do velho homem e nos vestimos do novo.
Observe que aqui ele não dá uma ordem, mas afirma um fato: “Vocês já se despiram do velho homem e já vos revestisdes do novo”.
Velho homem: homem natural, criado segundo Adão, pecador.
Novo homem: nova criatura, criado segundo Jesus Cristo, salvo.
Existem roupas apropriadas para cada ocasião. Ninguém chegará aqui de calção, chinela e camiseta. E nem irá para a praia como estão aqui.
Pois em termos espirituais, trocamos de roupa.
Estávamos vestidos com roupa velha, rasgada, mal cheirosa. Roupa típica de escravos, mal tratados, surrados. Uma roupa remendada com pecados e obras da carne.
Quando nos converteu, Deus nos forneceu roupa nova, linda, feita sob medida. Uma roupa feita com o tecido da justiça.
As filhas do rei Davi andavam com roupas especiais, bem cumpridas e de mangas também cumpridas.
Somos filhos do Rei dos reis. Andemos espiritual e moralmente bem vestidos, arrumados, com uma roupagem espiritualmente bonita, digna de filhos do Rei.
Cada vez que um crente pratica uma obra da carne, um pecado, é como se tirasse a roupa nova e colocasse a velha.
Uma idéia estranha, esquisita, anti-natural. Mas é isso o que acontece!
Que o Senhor nos permita sermos coerentes com o que somos. Se somos filhos de Deus, andemos como filhos de Deus.
E você, amigo, quer escapar da ira eterna de Deus?
Quer também ter Cristo como escudo? Vá até Ele!
Do v. 10 em diante, o assunto fica mais agradável: Paulo passa a falar desse novo homem. Próxima mensagem.
Que Deus nos abençoe. Amém