PREGAÇÃO

Atire a primeira pedra... se for hipócrita!

Jo 8.1-11      52 minutos      12/07/2020         

Mauro Clark


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Época: aproximadamente seis meses antes de Sua morte (36° mês de ministério).

Não consta em todos os manuscritos de João. Algumas versões estão em parênteses.

Conforme F.F.Bruce, é seguro considerá-lo genuíno como texto bíblico, embora não se tenha certeza quanto ao evangelista que o escreveu.

v. 1-2: É provável Jesus ter passado a noite em oração, no monte.

Voltou ao templo e passou a ensinar.

 

v. 3-6: Escribas e fariseus trazem à sua presença uma mulher surpreendida em adultério.

escribas: estudantes, intérpretes e professores do Velho Testamento, muito respeitados.

Foram acusados por Jesus de terem anulado a Lei de Deus por suas tradições.

fariseus (separados), chamados pelos inimigos, não se metiam em política. Surgiram no tempo dos Macabeus (150aC).

Guardiões da Lei oral e escrita, muito cerimonialistas, hipócritas e espiritualmente frios.

Aqui, juntos, eles apelam para a Lei, querendo passar por justos e corretos.

Só que a Lei de Moisés dizia que ambos deveriam ser apedrejados (Lv 20.10).

Onde estava o homem? Deixaram escapar? Estava combinado com eles?

 

mandou Moisés... tu, pois que dizes?:

Queriam confrontar Jesus com Moisés.

Não uma pergunta para instrução, mas para terem do que acusá-Lo (v.6).

Foram muito astutos: se Jesus dissesse para não apedrejar, estaria indo contra Moisés. Se dissesse para apedrejar, onde estava o Seu amor pelos pecadores?

Além do mais, poderiam acusá-Lo de querer decretar uma morte, algo que somente o Sinédrio poderia fazer, e mesmo assim com a confirmação do governador.

Reação de Jesus: não respondeu e começou a escrever na terra com o dedo. Notemos:

1) A situação era tão hostil que ele não dirige uma só palavra aos fariseus, nem à mulher, nem ao povo: silêncio total.

Existem momentos em que o silêncio é a melhor solução: Ec 3.7; Am 5.13.

Ele mesmo ficou em silêncio perante:

* Anás, sumo sacerdote - Mc 14.60-61a

* Pilatos, governador da Judéia – Mc 15.4-5

* Herodes Antipas, tetrarca da Galileia – Lc 23.8-9

 

2) Ele não se dignou a iniciar uma discussão bíblica com os escribas e fariseus. Bem sabia os motivos deles e por isso não iria perder tempo.

Cuidado com discussões bíblicas estéreis. Se perceber que o propósito não é sábio, pare.

 

3) Não sabemos o que Jesus passou a escrever. Esta é a única vez que fala dele escrevendo alguma coisa, e mesmo assim na areia, onde não duraria muito tempo.

O Homem sobre o qual mais livros têm sido escritos no mundo não deixou uma só linha de Seu próprio punho.

Todo o Seu ensinamento foi verbal. (E se tivesse deixado algo, seria idolatrado hoje).

 

v. 7:

Como insistissem na pergunta...

Seu pronunciamento tornou-se indispensável.

Resposta extremamente inteligente, mas, sincera e clara, sem tentar sair do aperto.

Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra

Apoiou a observância da Lei, autorizando o apedrejamento. Mas, usando Sua autoridade divina, neste caso particular, impôs uma condição para os apedrejadores: sem pecado!

Na realidade, a Lei de Moisés não exigia esse detalhe.

Mas estava sendo tão deturpada em seu aspecto básico, o espiritual, que não tinha sentido obedecê-la aos pedaços, ainda mais por motivos escusos.

A Lei foi feita para ser seguida por um povo sincero, temente a Deus onde as cerimônias e sacrifícios fossem uma consequência natural do que se passava no coração.

Mas nada disso estava acontecendo.

Então, ao mesmo tempo em que respeitava a Lei, Jesus mostrava que nenhum deles estava em condições de aplicar uma punição a outro.


aquele que dentre vós estiver sem pecado:

Jesus conhecia o coração dos homens e sabia que era mau: Jr 17.9

Uma das piores armadilhas de Satanás é fazer o homem pensar que:

* É bom (mesmo com algumas falhas aqui e acolá).

* É aceitável perante Deus, que afinal, não é tão exigente como dizem. “A Bíblia não diz que Deus é amor???”

* Não tem de que se arrepender, salvo alguns grandes pecados, que já foram perdoados por algumas esmolas.

O homem natural é pecador e precisa de um coração totalmente novo!

 

v. 8-9: Encerrou o assunto e deixou o resultado com eles.

... acusados pela própria consciência... Observe:

* O poder perscrutador da palavra de Jesus: alvo atingido em cheio.

* Como as consciências deles estavam pesadas!

* Jesus acertou: o motivo deles era ruim e estavam em pecado.

 

um a um: não uma retirada em massa, comandada por algum fariseu. Mas por constrangimento absolutamente pessoal.

... a começar pelos mais velhos: Por que? Talvez por consciência mais pesada.

Irmãos, uma palavra nossa, baseada na Bíblia, pode despertar consciências dormentes.

 

v.10-11:

Diálogo pessoa-a-pessoa, entre Jesus e a mulher.

Ela bem poderia ter ido embora, quando os outros foram.

Mas parece que desejava ouvir dEle alguma coisa.

E de fato ouviria, mas algo tão diferente dos fariseus!

Palavras brandas, de quem estava...

... preocupado com o bem estar espiritual dela, não em puni-la fisicamente

... pensando em seu futuro, não no seu passado

... querendo aliviá-la de cruel humilhação, não em esmagá-la por seu erro.

Diálogo bonito:

Ninguém te condenou?

Enfatiza o fato de que ninguém estava em condição de julgá-la, isto é, em termos de pecaminosidade, eles estavam iguais a ela.

Falando assim, Jesus talvez queria aliviar um pouco o vexame e a vergonha da mulher.

 

Nem eu tão pouco te condeno:

Vemos ao mesmo tempo uma semelhança e uma diferença entre Jesus e os fariseus:

Semelhança: também não a condenou ao apedrejamento. Quando Ele disse não te condeno, não estava falando de perdão de todos os pecados dela. Mas da condenação específica ao apedrejamento.

 

Diferençamotivo da não condenação.

Escribas, fariseus e os outros: porque eram pecadores, tal como ela.

Jesus: não porque Ele também tinha pecados. Sugiro três motivos:

 

1) Há muito tempo a Lei havia sido deturpada.

Aquela punição específica seria totalmente desenquadrada do contexto da época.

E mais: enfatizaria o erro dos fariseus de que o pior pecado é o exterior (aqui, o adultério).

Jesus queria mostrar exatamente o contrário: para Deus o importante é o interior.

O apedrejamento não contribuiria para essa correção importante que Jesus queria fazer.

 

2) Porque o propósito dos fariseus era mau.

Não era para melhorar o nível moral da cidade, mas apenas para apertarem Jesus.

 

3) O mais importante: Jesus estava preocupado com a alma daquela mulher.

Ele queria dar-lhe uma oportunidade. E faz uma proposta especial: Ele deixaria de lado a punição legal que ela merecia, e ela trataria de viver uma vida diferente dali para frente.

 

Importantíssimo o final: ... vai, e não peques mais:

Jesus claramente a qualifica de pecadora.

Interessante que ele não disse: “Vai e não adulteres mais”!

O adultério era apenas uma maneira de externar o pecado que ela tinha dentro de si.

E quando diz não peques mais fala de maneira bem geral.

Ela precisava de vida nova, de uma mudança radical em sua vida.

Ela teria dois caminhos a escolher:

1) Não ouvir e continuar na mesma vida de pecado, incredulidade e desobediência.

2) Acatar as palavras de Jesus e, por fé, arrepender-se profundamente de seus pecados, crer em Jesus como aquele que poderia lhe perdoar e salvar, e obedecer a ordem dEle para levar uma vida diferente e sem pecado.

Importante: Jesus deixou de condenar a punição na terra daquele pecado específico.

Aquele pecado, como qualquer outro, um dia seria cobrado pela justiça divina.

Se ela não ouvisse a Jesus, ela pagaria por aquele pecado no inferno.

Mas se ela obedecesse e cresse nEle, o que aconteceria com aquele pecado?

Seria esquecido por Deus? Não. Seria cobrado dEle próprio, Jesus, na cruz!

Era como se Ele lhe dissesse: “Arrependa-se, creia em mim e leve outra vida, que Eu me responsabilizo por este horrível pecado!”

Que proposta! Não sabemos o que ela fez (acho que foi salva).

Mas, essa proposta está sendo feita até hoje a todo pecador.

Nós crentes, já aceitamos. Mas, você está passando essa proposta adiante?

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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