PREGAÇÃO

Carência, conformação e simplicidade (Série ECLESIASTES 18)

Ec 6.7-12      67 minutos      25/07/2021         

Mauro Clark


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Salomão inicia uma série de perguntas e colocações.

Essas frases são independentes ou estão conectadas entre si?

Talvez as duas coisas: falam de coisas diferentes, mas têm em comum o fato de que vida não tem sentido se vista apenas como sendo debaixo do sol.

 

v.7

Alimento é necessidade básica de sobrevivência, ou seja a mais alta prioridade na aplicação do resultado do trabalho (dinheiro) é compra de comida.

E essa necessidade básica nunca será totalmente satisfeita de forma definitiva.

Saciado hoje, com fome amanhã. Aliás, amanhã não, daqui a poucas horas!

Mesmo que alguém tenha rios de dinheiro, sempre estará com necessidade de comer.

 

Dujas lições:

1a: A vida é monótona, repetitiva, cansativa. Salomão já havia falado disto antes.

2a: Nesta vida sempre teremos necessidades, começando com a mais básica de todas!

 

Podemos aplicar esse princípio para outras coisas:

* Amor: por mais que tenhamos sido amados até hoje, não dispensamos amor amanhã.

* Saúde: ser saudável até hoje não significa que serei o resto da vida.

* Objetivos: objetivos cumpridos até hoje não garantem que eu alcançarei os próximos.

Ou seja, sempre estaremos carentes aqui embaixo do sol. Isso é um tipo de canseira.

Não está no texto, mas sabemos que só seremos totalmente satisfeitos acima do sol, no céu!

 

v.8

Parece que Salomão quer demonstrar o que falou no v.7. com dois exemplos práticos.

Se o tolo e o pobre têm suas carências, o sábio e os não pobres também tem as deles - mesmo que sejam carências diferentes.

Durante a vida, todos terão necessidades a serem cumpridas, alvos a serem atingidos, etc.

Portanto, vida do sábio e a do que tem condições financeiras não é nada mais confortável ou melhor do que a do tolo ou a do pobre.

 

Parece que esses exemplos de contraste foram dados por acaso e poderiam ter se referido a outros grupos, tipo:

Que vantagem tem os saudáveis sobre os doentes? Ou os empregados sobre os sem emprego?

Ambos têm carências e necessidades (diferentes, é claro). Sempre tiveram e sempre terão.

 

- Pastor, para quem já anda meio desanimado no meio de tanta crise, o sr. está dando um golpe de misericórdia!

Mas viver iludido é pior, só faz mal.

E é pura ilusão achar que nesta vida alcançaremos alvos definitivos e satisfaremos totalmente as nossas necessidades.

Se quisermos pensar em satisfação total, temos de olhar para acima do sol!

Somente quando estivermos com Cristo estaremos plenamente satisfeitos.

É saudável termos alvos e objetivos corretos aqui nesta vida, mas devem ser modestos, realistas, nunca esquecendo que sempre estaremos sujeitos a frustrações.

 

v.9

Cobiça: heb: alma, desejo, emoção.

NVI: Melhor é contentar-se com o que os olhos vêem do que vaguear o apetite.

É melhor é o que se está vendo (e ao alcance), do que ficar sonhando com o inatingível.

Conselho valiosíssimo, objetivo, prático, realista.

 

À 1a. vista, esta afirmação  não tem nada a ver com o conceito anterior.

Mas é provável que tenha: quanto mais sonhador você for, maior será a possibilidade de não se satisfazer os sonhos! Mais carente será - um “desejo não cumprido” ambulante.

 

Se os objetivos razoáveis não serão totalmente alcançados, quanto mais os sonhos!

E ao contrário: se você se concentrar no que está vendo, sendo realista e razoável, menos frustração terá no não cumprimento dos alvos, nas carências.

Andar  por aí sonhando com quase tudo é nulidade e correr atrás do vento.

 

v.10

Difícil.

V. Corr.: Seja qualquer o que for, já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem e que não pode contender com o que é mais forte do que ele.

 

NVI: Tudo o que existe já recebeu um nome, e já se sabe o que o homem é; não se pode lutar contra alguém mais forte.

Parece que a ideia é que Deus já determinou tudo detalhadamente, até no nome.

Quanto  ao homem, todo mundo sabe que é fraco, mortal e não pode competir com Deus.

Não adianta ficar inconformado, querer mudar o rumo das coisas.

Se este é o sentido, Salomão tocou num ponto sensível e constante na humanidade.

Muitos não se conformam com as coisas como são, querem mudar tudo, inventam explicações (geralmente antigas e com nova roupagem).

Outros querem é mudar tudo!

Recusam-se a admitir que há um Criador inteligente por trás de tudo, baixar a cabeça e abrir o coração para o que Ele tem a dizer e tentar se enquadrar nos princípios dEle.

v.11-12

NVI: 11 Quanto mais palavras, mais tolices, e sem nenhum proveito. 12 Pois, quem sabe o que é bom para o homem, nos poucos dias de sua vida vazia, em que ele passa como uma sombra? Quem poderá lhe contar o que acontecerá debaixo do sol depois que partir?

 

V. Corrig: 11  Na verdade que há muitas coisas que multiplicam a vaidade; que mais tem o homem de melhor? 12 Pois, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?

Parece significar que que muitas coisas (ou palavras) vazias contribuem para tornar a vida debaixo do sol mais sem sentido do que já é.

Que coisas? Filosofias vazias, alvos não atingíveis, busca do prazer como fator de felicidade, movimentos sociais, ecológicos e filantrópicos, como alvos em si mesmos.

Muitos homens e mulheres fizeram e fazem grandes planos e obras visando o bem para a raça humana.

Mas, de maneira geral e abrangente, o que conseguiram? Na essência, o mundo está melhor? A violência menor? Mais tolerância? Mais paz?

Mesmo com o avanço da ciência e as descobertas e invenções benéficas, a humanidade não está um pingo mais feliz do que antes. Talvez o contrário.

Salomão dá a explicação: isso ocorre porque o ser humano simplesmente não sabe o que é melhor para ele próprio!

Não sabe qual é o plano geral para a raça humana, onde tudo isso vai dar.

Por isso não sabe onde e como se encaixam a sua contribuição para o bem geral.

 

Em suma, Salomão estaria dizendo:

“Meu amigo, não tenha como projeto de vida se dedicar demais a grandes projetos, visando o futuro da humanidade. Isso só vai tornar a sua vida mais sem sentido do que já é, aumentar a nulidade do seu dia a dia embaixo do sol. Não adianta achar que pode criar, inventar, mudas coisas para consertar a humanidade.”

 

Lição: a maior contribuição que alguém poderá dar à humanidade é viver a própria vida de maneira correta, santa, vivendo dia a dia conforme os padrões de Cristo, entregue a Cristo, servindo a Cristo e sendo benéfico ao próximo.

Ao agir assim, se você será apenas mais um simples cidadão entre bilhões, ou um grande estadista, ou cientista genial, isso é com Deus.

Ele, sim, sabe o que é melhor para você e para a humanidade. E só Ele!

 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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