PREGAÇÃO

Conversão ou rebeldia?

Jo 3.31-36      51 minutos      21/06/2020         

Mauro Clark


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Para melhor compreender o contexto, vejamos as palavras de João Batista no v.30.

Enciumados, os discípulos dele disseram que todos iam encontrar Jesus, que batizava.

Com palavras lindas, João Batista diz que não era o Cristo, apenas o precursor dEle.

Que não era o noivo, mas amigo dEle, e que Cristo crescesse e ele diminuísse.

Do v. 30 até o v.35 o foco se concentra em Jesus.

É difícil saber se ainda é João Batista quem fala ou se é o evangelista João.

Mas isso não muda o conteúdo.

Jesus é qualificado de 3 maneiras:

1) o que vem das alturas (e do céu)

2) o enviado de Deus

3) o Filho

 

v.31-32a:

Quem vem das alturas: atestado claro da origem celestial de Jesus.

Ele não veio da terra, como João Batista ou mesmo os homens em geral.

Quem vem da terra fala da terra.

Não apenas “a respeito” da terra, mas partindo do conhecimento que adquiriu aqui, com a experiência terrena.

Mas quem veio das alturas, fala das coisas que viu e ouviu lá nas alturas, no céu.

E obviamente é superior aos que são da terra.

 

Quando o famoso viajante Marco Polo (1300 dC) voltou à Itália, falando da China, todos se calavam. Ele havia estado lá, pessoalmente.

 

Pois Cristo havia estado pessoalmente no céu.

E mais: não é que Ele tenha saído da terra, feito uma visita ao céu e depois voltado (como Paulo ao 3o. céu).

O céu foi o próprio lugar de onde Cristo veio.

Jesus falou, portanto, do que tinha visto e ouvido.

 

“Jesus fala do que vivenciou no céu, todos correm a Ele para ouvir e aceitam o que diz”.

Certo? Nada disso.

 

v. 32b: contudo,  ninguém aceita o Seu testemunho

Ninguém aqui não é absoluto. Refere-se à maioria, conforme veremos no v.33.

Isso mostra que ir ao encontro de Jesus e ouvi-Lo, não significa aceitar as palavras dEle.

E Ele sabia disso perfeitamente: Jo 6.15, 64

Sempre houve os que se achegam a Deus só externamente, os professos de boca, mas não de coração: Sl 78:37; 106:12–14; Ez 33:30-31; Rm 16:17-18; 1 Tm 6:3-5

 

Certa vez chegou ao ponto de se queixar do povo que tinha ido atrás dEle porque tinham se fartado de pão que Ele multiplicara, na véspera. Jo 6.26

 

Ainda hoje existe o triste fenômeno de alguém ir após Jesus, por vários motivos, mas sem aceitar uma palavra dEle.

Milhões se chamam cristãos, falam em Cristo, dizem que são seguidores dEle, mas não crêem no que Ele diz, não O levam a sério.

É tão fácil ouvir um “cristão” desses dizer, por exemplo, que não acredita em Adão e Eva. E se Jesus falou claramente em Adão, isso pouco importa.

Não se iluda achando que o Brasil todo está seguindo a Cristo.

v.33-34:

Quem tem a felicidade de  aceitar o que Jesus diz certifica que Deus é verdadeiro.

Certifica, no grego, tem a ideia de selar, atestar a autenticidade de alguma coisa.

Verdadeiro: não no sentido de que Deus é real e de fato existe.

Mas de ser confiável, fiel.

Por que? Porque as palavras de Jesus, impregnadas de informação sobre o Pai dEle - atributos, planos, propósitos - se encaixavam com tudo o que dizia o Antigo Testamento sobre Deus. Tudo “batia” perfeitamente!

 

Como enviado de Deus, Jesus falava exatamente as palavras do Pai (Logos).

Como se Jesus dissesse: “Tudo o que vocês aprenderam na Bíblia, histórias, relatos, eu vi acontecer lá no céu, eu presenciei, aliás, participei. Eu tenho estado com o Pai, sempre. É exatamente como está escrito”.

E as palavras de Jesus eram absolutamente confiáveis.

Ele tinha recebido o Espírito Santo, não por medida, ou em parte, como os profetas e outros servos de Deus, como nós.

Mas, como homem, recebera o Espírito sem limites.

Veja a presença da Trindade no v.34: o enviado de Deus (Jesus), Deus (Pai), e o Espírito.


v.35

Aqui algo muito interessante: a mudança nos termos.

Agora o Enviado de Deus é chamado de Filho, e Deus é chamado de Pai.

O relacionamento do Enviado de Deus e o próprio Deus não era formal, como um embaixador de seu país num lugar distante, falando oficialmente em nome do presidente.

Era um relacionamento intimamente pessoal, cheio de amor.

Nunca entenderemos a profundidade do amor entre Pai e Filho celestiais, mas só o fato de serem chamados assim, nos ajuda a ter uma ideia (baseada na experiência que temos de pai e filho terrenos).

O amor do Pai ao Filho é tanto que todas as coisas tem confiado às suas mãos.

Agora fica infinita a distância entre Jesus e os outros profetas, antes ou depois dEle.

Tudo o que existe está entregue a Cristo. Inclusive cada ser humano.

Ah, que maravilha, não é? Conforme a conclusão dessa passagem, depende!

 

v.36

É como se João Batista ou o evangelista João houvesse dito:

“Considerando o que foi dito até aqui sobre Jesus, vejamos as consequências de como Ele agirá com as pessoas, em função de como reagem a Ele”.

 

E na realidade, só existem 2 tipos de reações:

1) quem crê no Filho

Crer: não apenas acreditar nas palavras, mas submeter-se incondicionalmente a Ele, reconhecendo que Ele morreu para pagar pelos pecados da própria pessoa.

E o que acontece com quem crê no Filho? Tem a vida eterna

Não “terá”, mas tem a vida eterna (no grego, o tempo presente refere-se a continuidade).

Única condição para a salvação: crer em Jesus Cristo, exercer fé. Nada de obras.

Quem recebe salvação, entra na posse da vida eterna de maneira irreversível.

Do mesmo modo como é irreversível alguém ser filho do pai ou da mãe.

 

2) o que se mantém rebelde contra o Filho

mantém rebelde: implícito que todos já são rebeldes!

Todos nascem separados de Deus. E, por isso mesmo, condenados.

Então, manter-se rebelde é “não se deixar persuadir, recusar-se a aceitar”.

 

E o que ocorre com quem continua resistindo contra Cristo?

não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

Não diz que a ira de Deus será posta, mas “permanece, ou seja, já está!

Quem nasce em pecado é inimigo de Deus, mesmo pensando que não é.

É Deus quem diz! E quem morre nesse mesmo estado, não verá a vida eterna.

A providência mais importante que um ser humano tem na vida é tratar de crer no Filho, deixando de ser rebelde conta Ele.

Irmãos, avisem aos seus amigos: nada há mais crucial para eles do que essa decisão.

 

Que Deus nos abençoe. Amém


Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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