Uma das questões mais difíceis da vida é saber a hora de ter coragem, ser ousado, de enfrentar e, por outro lado, a hora de ser prudente, de fugir de qualquer risco ou mesmo de se acovardar.
Como sabermos o momento de um ou de outro?
Não há regra, a não ser depender de Deus para as decisões no dia a dia.
A Bíblia tem ambos os exemplos: às vezes, coragem em enfrentar e, às vezes, prudência em evitar o perigo.
Hoje quero enfatizar a coragem.
At 19.29-31: Veja a coragem de Paulo em enfrentar o perigo, querendo agir de maneira oposta ao que permitiram os seus amigos.
A multidão em Éfeso temia que a pregação do Evangelho fosse uma ameaça à deusa Diana. Prenderam dois auxiliares de Paulo e foram para um teatro: grande confusão e muito perigo, especialmente para o líder dos cristãos na cidade.
Quando Paulo ouve, resolve ir para lá e se apresentar ao povo, com alto risco de vida.
Os discípulos não permitiram e amigos importantes de Paulo (asiarcas) não deixaram.
Não sabemos se Paulo foi ou não.
Talvez tenha compreendido que não adiantaria se arriscar naquele contexto e não foi.
Seja como for, o que importa é que ele mostrou disposição e coragem para ir.
E Paulo não está só: a Bíblia está repleta de exemplos de pessoas que mostraram muita coragem para falar e fazer o que era agradável a Deus.
* Moisés enfrentando o poderoso Faraó
* Josué e Calebe contra os outros dez espias que queriam fazer o povo desistir de seguir
* Davi x Golias
* Daniel afrontando a ordem do rei de não orar para outro senão a ele próprio
* Sadraque, Mesaque e Abedenego recusando-so a adorar a imagem do rei
* Ester apresentando-se perante o rei, seu próprio esposo, sem ser chamada
* Elias contra os profetas de Baal e o próprio rei Acabe e Jezabel
* Maria, contra a má reputação na família e sociedade ao aceitar conceber virgem
* João Batista contra Herodes, denunciando o adultério com a cunhada
* Estêvão, contra os judeus
* Pedro e João perante Sinédrio, recusando-se a deixar de falar não no nome de Jesus
* Muitos outros referidos anonimamente em Hebreus
Pergunta: O que faz homens e mulheres de Deus enfrentarem ousadamente riscos de todos os tamanhos, desde a rejeição da sociedade até perigo de perder a própria vida?
Resposta: O valor que deram às coisas do reino de Deus.
Para eles, Deus e o Seu reino estavam acima de tudo o que tinham, inclusive a vida.
E assumiram um fortíssimo compromisso perante Deus, de viverem e lutarem por Ele.
Quando surgiam riscos no exercício desse compromisso, brotava de dentro deles uma coragem inabalável.
A coragem é proporcional ao valor que damos por aquilo pelo qual nos arriscamos.
Pão duro deixou cair R$2 na lama. Jogou uma de 50: “Por 52 eu tenho coragem”. E tirou.
Muitos crentes dizem "não tenho coragem”, para falar com particularmente com alguém, ou numa roda, ou fazer visita, ou recusar convite impróprio... e outras coisas.
Pode ser que a raiz do problema nem seja falta de coragem para servir a Deus, mas a FALTA DE VALOR que o crente dá àquele serviço.
* Um jovem pode dizer que é tímido e não tem coragem para distribuir folhetos em praça pública. Mas se alguém prometer dar um computador, mesmo usado, para o primeiro que distribuir 10 mil folhetos, a timidez vai sumir na frente do valor de um computador.
* A senhora crente já negou várias vezes dar o seu belo testemunho de conversão. Mas se Deus aparecesse em sonho prometendo fazer o filho dela passar no Enem, ela iria.
O fato é que a disposição do crente de se constranger, ou se sacrificar, ou sofrer, ou se expor pelas coisas de Deus depende do quanto esse crente valoriza o próprio Deus!
Portanto, todo crente deveria se perguntar: Qual o valor que eu dou a Deus?
No momento em que esse valor for às alturas, você naturalmente encontrará coragem para fazer coisas que lhe dão medo ou desconforto, mas que agradam muito a Ele.
- Mas pastor, eu valorizo muito a Deus, Ele sabe. O probleme é que eu não encontro coragem para vencer meus medos.
Embora eu não duvide da sua honestidade, acho que você deveria se perguntar:
* Eu estou convencido do tanto que Deus conta comigo para me expor por Ele?
E não pense que não faz muita falta, afinal “Já há tantos crentes agradando a Deus”!
Jesus não pensa assim: Lc 10.2
* Estou convencido do quão importante para Cristo é a tal ação que me faz hesitar?
Cristo considerou importante tudo o que o Pai tinha determinado para Ele fazer: Jo 17.4
Ora, se Deus conta com você, se para Ele é importante o que você fará e se você O valoriza acima de todas as coisas, então, para agradá-Lo, é válido enfrentar qualquer situação, por mais hostil que seja.
Além do mais, Ele nunca disse que o serviço dEle era tranquilo, um passieo num jardim.
Ao contrário: reconheceu o perigo e as dificuldades que os servos dEle enfrentariam, não apenas contra o diabo, contra o mundo, mas contra a nossa própria carne!
Por isso é tão comum na Bíblia vermos Deus animando seus servos.
Aprofundando um pouco mais:
* Falta de coragem não é ter medo ou temor
Paulo confessou que tinha temor e tremor: 1Co 2.3; Ef 6.18-19 (implícito)
Quanto ao teatro em Éfeso, quem disse que Paulo não estava com medo de ir lá?
* Falta de coragem não é ter vontade instintiva de não prosseguir
O próprio Senhor Jesus Cristo passou por isso: Mc 14.32-36
Seu instinto queria parar com tudo aquilo: era ruim demais, muito sofrimento, entrar pelo caminho desconhecido da morte física e, pior ainda, da completa ausência do Pai (embora passageira).
Mas o amor por nós e a obstinação de fazer o que o Pai queria foram maior que o instinto.
E ao pedir que fosse feita a vontade do Pai, Jesus sabia que o plano continuaria.
Pergunta: faltou-Lhe coragem? Absolutamente NÃO.
Falta de coragem é deixar o medo vencer e terminar não fazendo o que agrada a Deus.
Veja como Jesus considera o que faz a vontade do Pai: Mt 12.50
Termino sugerindo que você faça como Paulo, quando pediu para os irmãos de Éfeso intercederem por ele, pedindo intrepidez.
Peça a Deus coragem e ousadia para enfrentar o medo de falar e de se expor – seja a um deboche, a uma perseguição a uma doença, o que for.
Pode até ser que Deus lhe utilize menos do que você pensava na tal atividade e até lhe dispense, como fez com Paulo em Éfeso.
Para Deus é como se Paulo tivesse ido – da maneira que considerou como se Abraão tivesse realmente sacrificado Isaque.
Com certeza Deus aceitará a sua disposição como obra feita.
Que o nosso amor a Deus lhe dê tanta vontade de servi-Lo, que apareça uma coragem tal que coloque o medo para correr e terminemos fazendo o que é necessário.
Que Deus nos abençoe. Amém