PREGAÇÃO

Debaixo do sol: sem sentido (Série ECLESIASTES 1)

Ec 1.1      59 minutos      25/10/2020         

Mauro Clark


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Livro difícil, diferente dos outros da Bíblia.

Autor mais provável: Salomão (reinou 950-910 aC):

* rei em Jerusalém (1.12)

* muito sábio (1.16): 1Re 4.29-30

* muitas mulheres (2.8): 1Re 11.1-3

Sugestão: livro escrito no final da vida, depois de retornar do longo desvio espiritual (idolatria por influência das mulheres). 

Como autor deste livro, Salomão tem sido acusado de muitas coisas: cínico, hedonista (prazeres da carne), pessimista, fatalista. 

Mas, embora haja pontos de pessimismo, de fatalismo, de sugestão ao prazer (saudável), caracterizar o autor de uma dessas formas é não ver o livro com profundidade.

Salomão tinha um objetivo e não se afastou dele: mostrar o sentido da vida “embaixo do sol” (27 vezes) e “debaixo do céu” (3 vezes).

Ou seja: coloca-se na posição de alguém que tenta tirar conclusões sobre a vida, olhando apenas para as coisas da terra. 

À 1a. vista, pode parecer que o nome de Deus nem entrará no livro (como em Ester), uma vez que o que está em foco são coisas da terra.

Mas é engano. Deus: 37 vezes (1ª. vez: 1.13), Criador: 1 vez

Pergunta: se o propósito era falar apenas de coisas da terra, por que falar em Deus?

Porque Salomão concluiu que seria impossível tratar da existência humana, por onde quer que fosse, por qualquer ângulo que fosse, sem levar Deus em consideração.

Era obrigatório falar em Deus, mesmo que não entrasse em considerações profundas sobre a Pessoa de Deus.

Salomão aqui não trata de muita teologia, de relacionamento pessoal com Deus, quase não toca em salvação ou perdição eterna, da necessidade de fé para ser salvo.

Nesse aspecto é um livro seco, áspero. Mas é porque a vida aque embaixo é áspera!

E era sobre isso que Salomão queria falar.

Mesmo assim, repito, ele fala muitas vezes em Deus, inclusive no final, quando faz um resumo de tudo. 

É um livro pessimista? Depende. Para quem for olhar a vida APENAS “debaixo do sol”, sim, é profundamente pessimista.

Só que esta não é a maneira correta de olhar a vida – e Salomão deixa isso bem claro ao longo do livro, especialmente no final. 

O estilo do livro é um pouco confuso. Não há divisões claras. Os comentaristas sofrem muito nesse ponto e não se entendem.

Ainda tentei fazer divisões detalhadas, mas desisti.

Ainda bem que é facílimo distinguir pelo menos 3 partes do livro:

1) Apresentação do propósito do livro: cap. 1 (espec. v.12-17)

2) Observações, conselhos, provérbios: capítulos 2 a 11

3) Conclusão de tudo o que havia observado: cap. 12, especialmente v.9-14. 

A maneira como Salomão vai fazendo suas observações é sem planejamento, sem organização lógica: fala de um assunto, lá na frente volta a falar no mesmo assunto, às vezes praticamente repetindo o que já dissera, às vezes observando por outro ângulo (há casos em parece até contraditório).

Muitas vezes muda de assunto com a rapidez e irriquietude de um colibri trocando de flor.

Difícil é quando faz uma afirmação e a explicação que dá não faz muito sentido para nós.

No todo, o livro é espetacular, pois explica muitas das inquietações desta vida, ou, pelo menos, a própria falta de respostas mostra como devemos encarar a vida embaixo do sol. 

É empolgante ver como Salomão se abriu no livro: expõe sua sabedoria, poder e riqueza mas sem qualquer afetação ou vaidade.

Ao contrário: às vezes mostra-se perplexo, frustrado, angustiado, até deprimido.

E sem a menor cerimônia, compara os homens (ele incluído!), com os animais!

É fato que não vemos um homem feliz, alegre, vibrante. Mas, observe:

I) O próprio tema a que se propôs, não leva a grandes alegrias.

Afinal, que graça tem a vida nesta terra amaldiçoada e cheia de pecadores? 

II) Ele pode ter escrito o livro numa fase realmente sombria da sua vida.

 

Pode parecer estranho que o autor de Provérbios (grande parte) é o mesmo de Eclesiastes, sendo livros tão diferentes.

Em Eclesiastes Salomão não se preocupa em exaltar a Sabedoria, em dar muitos conselhos, em contrastar a vantagem de ser justo com a grande desvantagem de ser ímpio (ou tolo) – como faz em Provérbios.

Aliás, em Eclesiastes, muitas vezes ele iguala justo e injusto (até homens e animais).

Mas isso não é contradição: o propósito e estilo são diferentes em cada livro.

O ângulo que vê em cada livro é diferente: em Provérbios olha pelo ângulo de Deus, levando-se em conta os valores do alto, valorizando o espiritual.

Em Eclesiastes, olha pelo ângulo puramente terreno, numa análise nua e crua da vida aqui na Terra.

Lembre-se que o Espírito Santo inspirou Salomão em ambos os livros: cada um tem a sua utilidade para nossa edificação. 

Critério da exposição: vou pregar ao longo do livro, à medida que Salomão vai colocando os assuntos.

Poderei falar sobre um trecho longo numa pregação, ou sobre um só versículo.

Peço que orem para que o Espírito Santo me oriente, pois a tarefa é bem difícil. 

Que Deus nos abençoe. Amém 

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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