v.8
Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade.
Não admira que o Pregador termine o seu livro com a mesma frase com que começou e repetiu 24 vezes.
Quer focalizar a vida embaixo do sol? Prepare-se para encontrar tudo vazio.
Mas longe dele terminar o livro assim! A vida não se resume a este mundo.
Aliás, o segredo da vida aqui é não olhar para o mundo mas para Alguém lá no alto.
Como veremos, esse Alguém é o Criador!
v.9-10
Despedindo-se, ele se identifica como sábio, e cita quatro coisas que fez na vida:
1. ... ensinou ao povo o conhecimento
2. ... compôs muitos provérbios
Atentando e esquadrinhando: não ensinou e compôs provérbios só porque tinha vontade, ou era inteligente, ou só porque tinha jeito, mas de maneira séria, pensada, meditando, considerando.
No no caso de Eclesiastes e de qualquer porção das Escrituras, o ensino é totalmente garantido pois é inspirado pelo Espírito Santo.
Não se disponha a aprender de qualquer um, procure saber se é alguém comprometido com aquilo que propõe saber e opinar.
Por outro lado, se for ensinar, tenha responsabilidade e saiba o que está ensinando.
3. Procurou achar palavras agradáveis
NVI: Procurou também encontrar as palavras certas,
Parece que Salomão se preocupava em como apresentar as palavras ao leitor ou ouvinte, de modo a ter efeito positivo.
4. Procurou escrever com retidão palavras de verdade.
NVI: ... e o que ele escreveu era reto e verdadeiro.
Não apenas palavras bem escolhidas, mas verdadeiras.
Esses dois cuidados de Salomão contém lição valiosíssima de evangelismo.
Primeiro, a essência do que falarmos de Cristo: a verdade, a retidão, doa a quem doer.
Segundo, a forma como falamos é tão importante que Salomão registrou aqui.
Ele procurava as palavras certas, que soassem de forma agradável, pelo menos no sentido de respeitosa, sincera, cuidadosa.
Ideia paralela no NT: Cl 4.6: A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.
Agradável: gr. χαρις charis = graça.
Ou seja: palavras com graça, bondade, sinceridade, verdade, boa intenção.
A comparação é interessante: a transmissão do Evangelho de Cristo com palavras de graça, é agradável ou gostoso como um prato de comida bem temperado.
v.11-12
Três afirmações, sem exortação:
I. As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor.
Ilustração sobre palavras dadas por duas categoria de pessoas:
a. Os sábios.
As palavras dos sábios são como aguilhões (varas de madeira com ponta fina, para tanger animais).
Mas será que todos os ouvintes se sentem pinicados, incomodados com palavras sábias?
Infelizmente, não. Muitos não sentem nem uma leve coceira! São insensíveis, pedrados.
Se quando alguém fala palavras de sabedoria e você se sente mexido, parabéns!
b. O único Pastor
As sentenças dadas pelo único Pastor são como pregos bem fixados.
Antes de tudo, quem é esse “único Pastor”? Parece tratar-se de Deus.
Talvez Salomão estivesse sugerindo que suas palavras vinham diretamente de Deus (inspiração das Escrituras).
Seja como for, a ideia é que sentenças, ordens de Deus, devem ter em nós o efeito de pregos bem fixados.
Mas... bem fixados onde? Obviamente o que vem à mente é uma porta, uma parede.
Não sei se passou pela mente de Salomão, mas sugiro a ideia de fixadas no coração!
Feliz do crente que entende assim: “Está na Bíblia? Que fique pregada no meu coração!”
II. Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros
Parece uma advertência: Cuidado com o que você lê!
Talvez haja uma sugestão para o leitor se concentrar no livro dele ou sábios que falavam de modo afinado com Deus.
Seja como for, lição prática:
Para os escritores:
Escrever é fácil, qualquer um pode fazer. Mas, valerá a pena? Você tem mesmo o que transmitir? Veja bem o que irá escrever.
Para os leitores:
Tem livro de todo tipo. Escolha com cuidado.
O problema não é somente perder tempo com um livro ruim, mas ser influenciado por conteúdo prejudicial.
III. ... o muito estudar é enfado da carne.
- Isso é tudo o que eu queria ouvir: a própria Bíblia condenando o estudo. Nunca mais abro um livro!
Não é bem assim. Não diz que por trazer cansaço é ruim!
Salomão está dizendo que estudar é coisa séria, dá trabalho, consome muita energia!
A lição é óbvia, para qualquer área da vida: Quer ser entendido, ter conhecimento? Prepare-se para uma árdua tarefa.
Se é assim com o conhecimento terreno, quanto mais quando esse estudo é sobre a Palavra de Deus!
É uma tarefa sublime, mas que consome, cansa, exaure, especialmente porque envolve assuntos espirituais, que exigem reflexão, humildade da alma, abertura ao Espírito Santo.
Terminando a exposição de Eclesiastes:
Salomão começa e termina um livro dizendo 24 vezes que tudo é vazio e falando de muitas coisas sobre a vida na terra e também falando de Deus no céu.
Será que vai deixar assim mesmo? Não tem um resumo de tudo, um super conselho?
Sim, ele tem:
v. 13a: De tudo... a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos
Temor: reverência, respeito profundo, até medo de castigo ou disciplina, se for preciso.
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Sl 111.10), é o início para um relacionamento correto com Deus.
Mas só temor não é suficiente.
Deus quer ainda mais do ser humano: obediência.
Embora o texto não diga, a Bíblia toda revela que Deus espera não uma obediência mecânica, robotizada, tipo soldado-coronel.
Deus quer uma obediência vinda de um coração desejoso de agradá-Lo, de se relacionar com Ele. E tudo, via Cristo!
Se Salomão terminasse aqui, já seria um grande encerramento.
Mas ele alista dois motivos para basear o seu conselho, um, do ponto de vista humano, o outro do ponto de vista de Deus.
Ponto de vista humano.
v.13b: ... porque isto é o dever de todo homem.
Temer e obedecer a Deus não é um favor que o ser humano faz ao Criador. É obrigação.
Ponto de vista divino:
v. 14: Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.
Talvez seja o texto do AT que mais claramente atesta um julgamento futuro.
Deus irá julgar tudo, absolutamente tudo:
* As coisas que todo mundo viu e as que ninguém viu (ex: os pensamentos humanos).
* As coisas boas, no caso, obviamente, para recompensar.
* As coisas más. No caso, para cobrar com pesada punição.
Haveria motivo melhor para alguém temer a obedecer a Deus?
Que Deus nos abençoe com tudo o que dissemos em Eclesiastes! Amém