2Co 8.11-15 53 minutos 14/06/2015
Mauro Clark
v.11b-13
Duas coisas nesses 3 versículos:
1. Princípio da proporcionalidade na doação
2. Importância da boa vontade: comentarei em 9.6, quando falarmos da alegria ao dar.
O princípio da proporcionalidade na doação:
(IMPORTANTE: tratarei de ofertas ALÉM do “dízimo” (valor proporcional ao que ganha, entregue regularmente à igreja - que é obrigação básica de todo crente).
v.11b ... segundo as vossas posses
v.12: ... será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem
Não adianta o crente ouvir pregação e sob emoção decidir doar mais do que pode.
Deve submeter à oração, pensar e decidir.
Se num determinado momento achar que chegou a hora, decide.
Corro um certo risco de enfatizar esse aspecto, pois todos nós temos a tendência de fazer o contrário: doar menos do que podemos.
Mas tenho que ser honesto e tratar de todos os aspectos do que estou pregando.
Que ninguém se aproveite e diga: Bem que eu estava pensando em ajudar aquele irmão, mas o pastor Mauro disse para eu ter cuidado, então...
v.13: A lógica desse princípio é clara: se alguém doar mais do que pode, ao mesmo tempo em que aliviará o outro, ficará ele próprio em necessidade.
O que adianta você dar tudo para os pobres e você mesmo ficar pobre?
Alguém lhe verá pobre e doará tudo para você. Agora ele ficou pobre e você deixou de ser. Então você devolverá tudo. Uma roda-viva ridícula!
O alvo é igualdade: ou seja, equilíbrio.
Haroldo sobre irmão: situação financeira difícil porque dá demais, mais do que pode.
A princípio fiquei chocado, mas percebi este princípio em ação.
Parêntese: por que Jesus elogiou a viúva no templo, que não seguiu a regra e deu tudo?
Mc 12.41-44
Antes de tudo, observe que Jesus CONFIRMOU o princípio da proporcionalidade.
Ele elogiou a oferta da viúva exatamente porque era enorme para ela, embora fosse ridiculamente pequena comparada com a oferta dos ricos.
De fato, ela não seguiu o princípio da proporção, mas Jesus não entrou nesse mérito, foi mais fundo e focalizou no coração dela, que agradou profundamente a Deus.
Eu não acharia contraditório se, logo depois, Jesus a chamasse à parte e dissesse: “Minha filha, foi lindo o seu gesto. Mas não precisa dar o que fará falta para o seu viver básico. Deus sabe que você gostaria de dar muito mais, se pudesse. Isso é o importante!”
... mas para que haja igualdade
Essa palavra voltará no v. 14.
v.14
suprindo a vossa abundância no presente a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade
Não esqueça: Deus quer que você supra o necessitado de hoje com o que você tem hoje!
É enganosa a ideia de juntar, para quando tiver muito, lá na frente, ajudar os outros.
Duas lições:
I. A fragilidade das nossa situação financeira. Tudo pode mudar no futuro. E talvez bem mais rápido que pensamos.
Você, que hoje está em situação de dar, não pense que nasceu para ser o doador e o irmãozinho, coitado, nasceu para receber.
A situação pode inverter: o necessitado ficar bem e o que ajudou ficar necessitado.
O problema é que é tão humilhante a ideia de receber, de ser ajudado, que muitos acumulam sempre, para garantir o máximo que não ficarão necessitados e precisando da compaixão de outros!
Isso é tudo o que Deus NÃO quer!
Agir assim é certeza de desagradar a Deus e se expor a ser disciplinado com um duro golpe nas finanças.
Apesar do contexto tratar mesmo de dinheiro, quero ampliar: dê atenção, carinho a quem está precisando HOJE; amanhã é você quem estará desesperado por uma visita, por um sorriso, por um ombro amigo para chorar.
II. Não é saudável doação do tipo contínuo, por tempo indeterminado.
Tão logo a necessidade passe, a ajuda deve terminar.
Ninguém deve se acostumar em ser ajudado. O normal é cada um suprir as próprias necessidades, adequando as despesas com o seu ganho.
Isso tem sido motivo de abuso por crentes não muito conscienciosos.
Paulo foi duríssimo com pessoas assim: 2Ts 3.10
(Obviamente não é o caso de missionários, que recebem salários).
Voltando:
... e assim haja igualdade
Repete o que havia dito no final do v.13.
Que IGUALDADE é esta? Comunismo? Não!
Não é igualdade no padrão financeiro, mas no aspecto de não estar em necessidade, de cada um estar vivendo normalmente dentro do seu próprio padrão.
v.15
Ex 16.13-21: O maná devia ser colhido apenas o suficiente para o próprio dia.
Era absolutamente proibido guardar para o dia seguinte (exceção do Sábado, quando na véspera colhiam porção dobrada).
Cada pessoa colhia o que achava que podia comer e depois juntava tudo em família.
Interessante: o que parece apenas uma curiosidade histórica, mostra-se uma valiosíssima lição de um propósito de Deus para nós: não quer que acumulemos.
Paulo compreendeu bem esse princípio e citou em 2Co, dando ênfase ao seu argumento.
Jesus bateu na mesmo tecla, quando disse para não nos preocuparmos com o ANO seguinte, não foi? Não. Ele falou do dia seguinte! Basta a cada dia o seu mal: Mt 6.34
E porque Paulo citou o exemplo do maná?
Porque queria que TODOS estivessem supridos PARA O PRESENTE.
Uns dando, outros recebendo.
Os que dão ficam com menos, os que recebem ganham alguma coisa, mas passou a haver mais EQUILÍBRIO.
Antes, alguns tinham mais e outros não tinham nada. Agora todos teriam o suficiente para viver e resolver o problema no momento.
E quanto ao futuro? O futuro Deus tomaria conta!
E assim deve ser conosco. Alguém está precisando de ajuda. Temos HOJE? Então vamos dar. Mas e as minhas reservas? Ora, Deus cuidará delas!
Termino com uma pergunta: Que percentual seguir para as minhas doações e ajudas?
Talvez essa seja a parte mais difícil, pois é muito pessoal, apenas entre você e Deus.
E por que difícil? Porque não há uma tabela, como os impostos.
É uma decisão complexa, onde entram, por um lado, cálculos numéricos, planejamento e, por outro, consciência, amor, misericórdia, fé, ousadia, liberalidade.
Cada doação, cada ajuda, deve ser tratada caso a caso, conforme a situação do outro e a sua - tudo diante de Deus.
Que Deus nos ajude me assunto tão sensível a Ele e ao nosso próximo. Amém