Inveja e preguiça (Série ECLESIASTES 11)

Capítulo variado, com pensamentos e conclusões sobre diversos assuntos.

Na última pregação, vimos opressão.

Veremos hoje:

1o. assunto: INVEJA (e um produto dela).

v.4

Há versões em que esse versículo diz que a destreza produz inveja.

Corrigida: Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo...
Ou seja, a habilidade, o sucesso, produz inveja de outros.

De fato, em várias partes, a Bíblia denuncia a inveja como causa de terríveis atitudes do invejoso contra o invejadso, inclusive assassinato:

Caim com inveja de Abel.

Os irmãos de Jacó com inveja dele.

Saul com inveja do sucesso de Davi entre as mulheres.

As autoridades religiosas de Jerusalém com inveja da fama de Jesus.

A inveja é pecado grave e extremamente perigoso.

Já a versão Atualizada concorda com a NVI:

Descobri que todo trabalho e toda realização surgem da competição que existe entre as pessoas. Mas isso também é absurdo, é correr atrás do vento.

Acho que as duas interpretações tratam da mesma verdade e se complementam.

A destreza (habilidade) leva a algum tipo de sucesso, o outro fica com inveja e desejará competir, aplicando, por sua vez, a melhor destreza que lhe for possível conseguir!

Salomão, então, estaria realçando um aspecto da inveja que é grande culpado pelo funcionamento das engrenagens perversas deste mundo pecador: muito do que se produz no mundo é fruto de inveja, de querer se igualar ao do outro e então competir, ou mesmo, ultrapassar.

A moça compra uma blusa em 4 prestações, mas à noite acha a da colega mais bonita.

E tentará um jeito de arranjar dinheiro para comprar.

Esse processo está presente em todas áreas da vida humana, talvez bem mais que do que pensemos: celular, carro, casa, indústrias, cargos públicos e até nações.

Isso não explica todo e qualquer trabalho ou atividade humana, mas grande parte, sim.

A lição é óbvia: Não cair nesse mau costume. Inveja é pecado: Pv 14.30; 27.4; Gl 5.26

É normal o desejo de progredir na vida, querer melhorias, mas esse desejo pode facilmente ser alimentado por motivos errados.

E um deles é exatamente esse que Salomão adverte: a inveja.

Cuidado para não querer…

* ... ganhar muito dinheiro para mostrar a todos que você tornou-se o mais rico da família

* ... ser a maior empresa do ramo no Estado

* ... tornar-se o diácono mais atuante na igreja, só para passar do irmão assim conhecido

Tudo isso é vaidade e correr atrás do vento.

2o. assunto: PREGUIÇA

v.5

O alvo aqui é o preguiçoso inveterado.

Toque de humor de Salomão: come a própria carne, se recusa a buscar alimento.

Interessante é que não chamou de preguiçoso, mas de tolo.

Claro que todo preguiçoso é tolo, pois terá grande dificuldade de se sustentar a si e família e obviamente terá enormes privações e problemas por causa disso.

A preguiça é algo mais profundo e mais grave do que possa parecer, pois, na realidade, é uma recusa em fazer o que Deus ordenou depois do pecado de Adão: Gn 3.19

A Bíblia é implacável com o preguiçoso:

Pv 13.4; 20.4; 21.25; 24.30-34 (por preguiça, muitos pobres continuam pobres); 1Ts 4.11

2Ts 3.10: se alguém não quer trabalhar, também não coma. (implíc.: “não coma às custas dos outros”).

O tolo do exemplo de Salomão até que não discorda disso: para não incomodar ninguém, come a própria carne (metafórico). O corpo se auto consome sem alimento.

v.6

Duas versões:

1. Não há o verbo “dizer” no final do v.5.

Ou seja, as palavras são de Salomão, que exorta à moderação.

Nem trabalhar exageradamente, a ponto de ficar com as mãos cheias, numa rotina tola e sem sentido.

E nem ficar de mãos cruzadas, consumindo-se a si próprio.

Melhor se contentar com apenas uma mão cheia, mas com tempo para descanso.

Quem interpreta assim cita Pv 15.16-17; 17.1.

Acho forçado, pois o assunto ali não é preguiça (mas inquietação, ódio e briga).

2. (Prefiro) Há o verbo “dizer” no final do v.5: (o tolo) dizendo...

No caso, as palavras são do tolo, que justifica a sua preguiça e resistência em trabalhar.

Interessante é que esse preguiçoso é meio filósofo: já descobriu que a vida é correr atrás do vento. E acha que não compensa – então descansa o tempo todo!

De fato, Salomão já disse várias vezes que a vida embaixo do sol é nulidade e correr atrás do vento.

Até esse ponto, o preguiçoso está certo.

Só que, independentemente do que cada um acha da vida, tem de trabalhar.

Não é opcional, é questão de sobrevivência e dignidade. E é ordem do Criador, como vimos (para não dizer uma maldição!)

Lute contra a preguiça.

Não falo daquela preguiça crônica, como Salomão falou, quase um estilo de vida.

Nem sei se temos alguém assim na igreja.

Mas não pense que, por isso, você não tem nenhum problema com a preguiça.

Talvez a preguiça lhe atrapalhe mais do que você pensa.

Não falo de preguiça para namorar, jogar futebol, comer uma pizza. Alguém aqui tem?

Mas em coisas que demandam esforço: profissão levada a sério, trabalho extraprofissional atuante (na igreja, ajudar alguém, etc), leituras sólidas (Bíblia e outros).

É bom ter horas de sono, de descanso numa rede, mas tenha certo rigor consigo mesmo.

Parece que a paciência de Deus não é muito grande para um descansado: Pv 6.6-11

Nunca esqueça: ser preguiçoso é ser tolo!