PREGAÇÃO

Israel será totalmente restabelecido 3

Rm 11.18-22      56 minutos      02/06/2024         

Mauro Clark


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23  Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo.

24  Pois, se foste cortado da que, por natureza, era oliveira brava e, contra a natureza, enxertado em boa oliveira, quanto mais não serão enxertados na sua própria oliveira aqueles que são ramos naturais!

25  Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios.

26  E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades.

27  Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados.

28  Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas;

29  porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.

30  Porque assim como vós também, outrora, fostes desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia, à vista da desobediência deles,

31  assim também estes, agora, foram desobedientes, para que, igualmente, eles alcancem misericórdia, à vista da que vos foi concedida.

32  Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos.

 

Na mensagem passada vimos que, em tom de alerta, Paulo adverte o gentio enxertado para não se envaidecer contra o judeu “cortado” da oliveira, com risco de Deus cortá-lo também.

Pergunta: Ora, se Deus é poderoso para cortar um ramo gentio que foi enxertado, Ele não poderia fazer o contrário, ou seja, reenxertar os judeus que foram cortados?

Paulo responde essa pergunta, entrando no trecho mais interessante do Novo Testamento sobre Israel:

Versículos 23-24:

Sim!, é a resposta. Deus poderá reenxertar ramos que foram quebrados.

O fato de há 2000 anos a maioria dos judeus ter sido incrédula não impede que Deus faça acontecer o contrário: a maioria dos judeus passar a ter fé.

O curioso é que Paulo entra no mérito botânico da figura e diz que é muito mais anti-natural se enxertar um ramo de oliveira brava numa oliveira doméstica, do que reenxertar um ramo natural que foi da própria oliveira.

É fácil entendermos isso com uma árvore. Mas como devemos aplicar no plano espiritual?

 

Ou seja: em que sentido é mais fácil salvar os judeus do que salvar os gentios?

A resposta exata é: “Não sabemos”, pois não entendemos de salvação de almas.

Se Deus está dizendo que será mais fácil salvar judeus do que gentios, então é.

Mas arrisco uma sugestão: quando um judeu for iluminado pelo Espírito Santo e compreender que o Messias tão esperado é Jesus o Nazareno e aceitar o Novo Testamento como inspirado, tudo vai se encaixar como uma luva.

* Ele vai ver como todas as profecias do Velho Testamento foram cumpridas em Cristo (exatamente como Ele próprio explicou para os discípulos de Emaús).

* Entenderá que o sangue dos animais sacrificados no Velho Testamento apontava para o sangue de Cristo.

* Vai entender porque o judeu é tão perseguido.

* Vai entender a conexão da queda de Israel com a salvação de gentios.

O judeu tem muito mais elementos para fortificar a sua fé do que nós, gentios.

 

Paulo agora assume um ar mais solene de quem vai revelar um grande segredo.

Versículo 25

Mistério: algo não revelado antes.

Antes de revelar o segredo em si, ele explica o motivo porque os gentios precisavam saber disso: para não ficarem arrogantes, sentindo-se superiores aos gentios. Novamente o alerta de Paulo sobre altivez.

 

Bem, e qual é a revelação tão importante?

Versículo 25: ... que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios.

A revelação consiste de dois pontos:

a) O endurecimento de Israel, além de ser apenas parcial, seria provisório.

Observe que no versículo 24 vimos sobre a possibilidade de Deus reenxertar os judeus.

Agora, o que era apenas possibilidade transforma-se em realidade futura, uma promessa.

Mesmo que neste ponto Paulo mudasse de assunto, já teríamos condição de afirmar que os judeus deixarão de ser resistentes ao Evangelho; serão amolecidos um dia.

 

b) O que faltava para terminar o endurecimento de Israel era entrar a plenitude dos gentios.

Ou seja: ser atingido o número dos convertidos gentios.

Haverá gentios convertidos de toda raça, tribo, lingua e nação: Mateus 24.14; Apocalipse 14.6 – “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo”.

 

E aqui chegamos à afirmação mais importante sobre Israel no Novo Testamento:

Versículo 26a: E assim todo o Israel será salvo

... todo o Israel - não cada indivíduo, mas o país como um todo: salvação nacional.

... será salvo: não do jugo de um país opressor, mas da perdição eterna.

Um dia todo o Israel reconhecerá Cristo como Salvador. Que dia será aquele!

 

Versículos 26b-27

Interessante: mesmo que Paulo tenha chamado de mistério a revelação de que todo o Israel um dia seria salvo, de maneria não muito clara isso já estava previsto séculos antes. (Isaías 59.20-21; e resumo de Jeremias 31.31-34) que se refere à Nova Aliança.

 

A Nova Aliança seria com base no sangue de Jesus e os gentios já se beneficiaram dela. A própria Ceia nos faz lembrar que Jesus derramou o sangue da Nova Aliança (Mateus 26.28).

Ou seja, a Nova Aliança já foi cumprida da parte de Deus, para todo o que crê em Cristo.

Falta Israel como um todo crer nEle, para entrar no gozo desta Nova e maravilhosa Aliança.

 

Alguém poderia perguntar: Mas, afinal, atualmente Israel é o que, aos olhos de Deus? Como Deus os considera?

Na resposta extremamente interessante, vemos os próprios bastidores do coração de Deus:

 

Versículo 28-29

Inimigos de quem e amados de quem?

Alguns acham que de Paulo e da igreja (Lutero); outros, do Evangelho; e outros, de Deus (Calvino). Penso que é de Deus.

Ao combater o Evangelho, eles tornaram-se inimigos de Deus.

Aliás, é claro! O Evangelho é exatamente a proclamação para todo o mundo da maravilhosa notícia de que o Filho querido de Deus pagou os pecados do mundo com o próprio sangue.

* Combater isso é se opor ao plano mais espetacular de salvação já concebido.

* Combater isso é anular todo o sacrifício que Cristo fez na cruz!

Claro que qualquer um que não só recuse, mas se oponha ao Evangelho, é inimigo de Deus.

 

Só que as coisas não são tão simples como parecem.

Geralmente uma determinada questão têm vários ângulos, várias facetas.

Pois aqui temos um excelente exemplo disso.

Não é uma questão de simplesmente ouvir que os judeus tornaram-se inimigos de Deus por causa de Evangelho e por isso, concluir: é claro que Deus os deixou de lado definitivamente. Não é claro, não!

Existem outros ângulos para se examinar a questão.

E um deles trata dos patriarcas.

* Como ficam os patriarcas que Deus tanto amou e escolheu para deles sairem o povo?

* Como ficam as grandiosas promessas de Deus, repetidas a cada um deles?

Afinal, ... os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.

Cada promessa será cumprida, nos mínimos detalhes!

É importante lembrar que os judeus, mesmo resistentes ao Evangelho, não deixaram de ser os descendentes daqueles patriarcas tão amados. E continuam sendo os beneficiários das promessas de Deus a eles.

Ou seja: mesmo inimigos de Deus por causa do Evangelho, os judeus continuam sendo amados por Ele.

 

Parêntese teológico e prático muito interessante:

Notaram a presença de duas palavras aparentemente incompatíveis? inimigos e amados

Os judeus eram, ao mesmo tempo, inimigos de Deus e amados de Deus.

Estão lembrados de outra passagem em que essas duas palavras aparecem juntas? Mateus 5.44 – “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.

Vemos então aqui Deus fazendo exatamente o que Cristo nos manda fazer!

Ele só quer que nós sejamos o que Ele é; que nós façamos o que Ele faz.

 

Lição:

Quando alguém faz algo diferente de nós, talvez até algo que achamos errado, vamos além de apenas nos opor e dizer está errado! Terminamos tendo sentimento hostil, repulsa, etc.

É bom lembrar que alguém muito errado pode continuar sendo alvo do grande amor de Deus. Nós mesmos somos!

Em suma: é correto considerarmos nossos inimigos os que condenam, resistem, deturpam o Evangelho. Mas nunca deixemos de amá-los.

 

Antes de encerrar o capítulo 11 com um brado de louvor a Deus, Paulo aproveita para dar uma aula sobre a misericórdia de Deus.

 

Versículos 30-31

Como golpe final na vontade do gentio crente de se sentir superior ao judeu cortado, Paulo deixa completamente nivelados gentios e judeus.

Gentios: antes, desobedientes, cada um conforme o seu caminho, sem Deus no mundo (Efésios 2.12). Os judeus, que eram povo de Deus, também desobedeceram e foram rebeldes. Resultado: foram cortados e Deus, pela sua misericórdia, enxertou os gentios no lugar deles.

Judeus: foram desobedientes, mas quando a misericórdia de Deus houver sido completa com relação aos gentios, chegará a vez dEle ser misercordioso com os judeus.

 

Não é difícil perceber que tanto os gentios como os judeus têm duas coisas em comum: o fato de terem desobedecido e de terem sido alvos da misericórdia de Deus.

Pois é exatamente isso o que Paulo conclui a seguir:

Versículo 32

Passagem fantástica, em que vemos o tamanho da soberania de Deus, assim como os mistérios dos caminhos dEle.

Ninguém fica em pé, impune, inocente diante dEle.

Observe como Ele encerrou a todos debaixo da desobediência. Não é que Ele decretou que todos ficassem desobedientes. Os homens é que se tornaram pecadores.

Deus simplesmente deixou cada um seguir o seu caminho, para deixar evidente a pecaminosidade de todos.

Exemplo: Damos ordem ao filho para não se afastar e deixamos que se afaste um pouco. Ele precisa ver o erro e a nossa misericórdia em socorrê-lo quando começa a gritar apavorado.

Ou seja, Deus tem motivos justos para condenar todos.

Mas ele é um Deus misericordioso. E quer exercer essa misericórdia sobre todos – tanto judeus como gentios. Deixou que fôssemos desobedientes para mostrar a sua misericórdia.

(Evidentemente aqui não é ensinado a salvação universal de toda a raça humana).

O assunto é difícil e Paulo reconhece isso num belíssimo e emocionado brado de maravilhamento e adoração.

 

Palavra final:

Crente:

* Nunca seja arrogante de nada. Arrogância, especialmente espiritual, é um grande mal.

* A salvação dos judeus é um processo em pleno andamento. Participe ativamente desse projeto de Deus. Ore pela salvação deles.

 

Não crente:

A misericórdia de Deus é oferecida a todos, inclusive a você. Não perca essa oportunidade.

Que Deus nos abençoe.

- Amém -

 

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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