Ap 15.1-4 56 minutos 31/03/2019
Mauro Clark
As palavras “últimos” e “se consumou” mostram que a Tribulação está chegando ao fim. E não somente a Tribulação, mas a própria era da humanidade sem a presença pessoal de Deus na terra, no comando do mundo, como será com o reino milenar de Cristo.
... sete anjos tendo os sete últimos flagelos
flagelo (NVI: praga): πληγη plege: 1) golpe, pancada, ferida; 2) calamidade pública, aflição dura, praga.
Primeiros sete flagelos: abertura dos 7 selos que selavam o Livro que o Pai entregou ao Cordeiro, para abrir.
Segundo grupo de sete flagelos: sete trombetas tocadas por sete anjos.
Sete últimos flagelos: sete taças derramadas sobre a terra, cada uma por um anjo.
Logo depois dos flagelos vem a destruição de Grande Babilônia e então a volta de Cristo.
Mas antes de continuar com a visão dos sete anjos, João teve a atenção desviada para outra cena impressionante no céu:
v.2-3a: 2 Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro...
... como que um mar de vidro, mesclado de fogo: Segunda referência. A primeira (4.6) diz que o mar de vido é semelhante ao cristal.
Comentamos a comparação com pedra preciosa e que talvez fosse apenas um modo de descrever ambiente belíssimo, transparente, luzes refletidas.
Agora João acrescenta “mesclado de fogo”: não devia estar em fogo, mas com aparência avermelhada, pois havia pessoas em pé, certamente uma plataforma.
Quem eram essas pessoas:
... os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome
João fala dos crentes que morreram porque se recusaram a qualquer tipo de compromisso com o anticristo, com coisa nenhuma ligada a ele, seja com o nome dele, a marca, o número – nada, não quiseram nada com ele!
E agora são vistos louvando e cantando a Deus!
E como João os chama de vencedores, se foram derrotados e mortos pelo anticristo?
Aos olhos de Deus, a resistência ao anticristo era uma grande vitória dos fiéis a Cristo.
A perda da vida física não era uma derrota. A fidelidade a Deus os levou à vida eterna.
O crente pensar em si mesmo como um derrotado é totalmente fora de sentido!
Todo crente é um vencedor. Certo que é uma vitória diretamente conquistada por Cristo: “Eu venci o mundo!” Mas o pecador arrependido se une com Cristo de tal forma que pode usufruir da vitória dEle.
É como o cozinheiro na guerra que ficou na tenda cuidando da comida. Não disparou um tiro, mas estava no exército vencedor!
Nunca mais pense em você como um perdedor! Afinal, somos “mais que vencedores por meio daquele que nos amou” Cristo - Rm 8.37.
Voltando, o que os redimidos estavam fazendo em pé, no mar de vidro:
v.2b-4: ... tendo harpas de Deus; 3 e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos,
ó Rei das nações! 4 Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?
Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos.
Estavam tocando e cantando!
Em Ap 14.2 João já havia visto uma cena musical no céu, com muitas vozes, formando um coro de harpistas, entoando um cântico novo diante do trono de Deus.
Agora, ele volta a falar em música, novamente com harpas como instrumentos e cânticos.
Veja a importância da música no céu, na presença do próprio Deus! Ele gosta e valoriza.
Como ousamos ser tão fracos quando cantamos a Deus aqui na terra? Como nos atrevemos a cantar de modo tão indiferente, frio, sem vida, sabendo que no céu Deus é louvando de maneira tão empolgante, vibrante, como deve ser?
Voltando, agora se refere não a um cântico, mais a dois.
E pelo menos o primeiro, o cântico de Moisés, servo de Deus não era novo.
Aliás, a Bíblia se refere a dois cânticos feitos por Moisés:
1º. Ex 15.1-19: Logo após a passagem pelo Mar Vermelho.
Não diz que Moisés fez o hino, mas o cantou, juntamente com o povo.
Fala do poder de Deus, que Deus é “homem de guerra”, é Salvador, que o adorador vai louvá-lo, que é incomparável entre os deuses, que é Santo, benigno para com os Seus, terror para os inimigos, que reinará para todo o sempre.
2º. Dt 31.19-22, 30 – 32.1-44: Quase 40 anos depois, no final da andança pelo deserto. Perto da morte de Moisés, Deus manda que ele (e Josué) façam o cântico.
Logo no início fala da importância dos decretos de Deus, que Moisés e o povo querem proclamar a grandeza de Deus, que Deus é Rocha, Suas obras são perfeitas, é justo, é fiel, reto e não comete erros. Fala da ingratidão de Israel, que foi escolhido entre todas as nações, protegido, tratado com carinho, mas abandonou a Rocha, o Salvador. Provocaram-No com ciúmes, adorando outros deuses, sacrificaram a demônios. Deus se irou contra eles e mandou feras, pestes, fome, espada de inimigos. Não os destruiu para que os inimigos não dissessem que eles é que tinham feito isso.
Mas no final terá compaixão dos seus servos.
Termina conclamando Israel e outras nações a cantarem de alegria, pois Deus se vingará dos Seus inimigos e fará propiciação pela Sua terra e pelo Seu povo.
A qual desses dois cânticos João se refere aqui em Apocalipse? As opiniões se dividem. E não é tão importante pois o cântico aqui toca em pontos que ambos tocaram: Deus é o Criador com obras grandes e admiráveis. É Todo-Poderoso, Justo, Verdadeiro, Santo.
Quanto ao cântico do Cordeiro, não há um cântico no AT conhecido com esse nome.
Alguns acham que é o mesmo de Ap 5.9-13, embora o texto lá não pareça com o daqui.
Onde termina o cântico de Moisés e começa o cântico do Cordeiro? Difícil responder.
1º, porque é provável que João tenha registrado apenas um pequeno resumo do que estava sendo cantado no céu.
2º, porque nos cânticos de adoração na Bíblia há muita coisa em comum: a exaltação aos atributos de Deus, a dignidade dEle de ser louvado, a rebeldia dos homens em geral, a pouca fidelidade dos próprios servos, etc. Terminam parecendo um com o outro.
Mesmo assim, se há um limite entre um e outro, penso que seria no final do v.3.
O v.4 se refere à manifestação final e visível da justiça de Deus, que estava ocorrendo na Tribulação, e continuaria milênio adentro.
E no milênio todas as nações irão adorar Cristo, o Cordeiro, em Jerusalém.
Além do mais, a expressão entre o v.3 e v.4, Rei das nações, lembra Sl 2.8, quando Deus Pai diz ao Filho para pedir as nações por herança.
Seja como for, é impossível dizer exatamente o que João chamou de Cântico do Cordeiro.
Inclusive porque há muitas passagens no AT que falam do milênio e suas circunstâncias: restauração de Israel, reino de Cristo, paz mundial, adoração das nações, etc.
E não é por acaso que o v.4 parece uma mescla de algumas dessas passagens:
Exemplos: Jr 10.7; Sl 86.9; Is. 2:2–4; 9:6–7; Zc 14:9
João retoma o que vinha dizendo no v.1, sobre a visão dos sete anjos com os flagelos.
Veremos na próxima pregação.
Conforme comentarei com mais detalhes depois, observe que que a música no céu, cantada por pessoas felizes e selvas, ocorrerá ao mesmo tempo que dores e sofrimento terríveis acontecerão na terra, com os que não atenderam ao convite de Deus para a salvação em Cristo. Cada um cuide da sua própria situação.
Que Deus nos abençoe. Amém!