4.32-35
Repetição de 2.43-45
Já comentei que foi uma experiência radical de vida comunitária (embora não generalizada, mesmo na época).
Não foi uma ordem para as igrejas, mas o relato de uma experiência, que nem deu certo.
Ao longo do livro, veremos a igreja de Jerusalém passar por agudas necessidades financeiras, a ponto de precisarem da ajuda de crentes de outros locais.
Mas não significa que da experiencia não tenha nada a ser aprendido, como o princípio de ajudar e repartir.
Mesmo que não tenham chegado ao ponto de morar em comunidades, criaram um fundo financeiro comum, proveniente da venda de bens.
De modo voluntário, quem tinha bens/imóveis vendia (tudo ou parte) e dava para o fundo.
O fundo sumpria aqueles que tinham necessidade.
Os apóstolos eram os líderes principais: testemunhavam de Cristo com grande poder, mostravam graça em abundância e eram os responsáveis pelos bens vendidos.
Já imaginaram uma igreja tendo como membros os doze apóstolos juntos?
4.36-37
Temos aqui um exemplo prático do que estava ocorrendo, no caso, Barnabé (futuro companheiro de Paulo na 1a. viagem missionária e fiel obreiro).
Vemos novamente a expressão "aos pés dos apóstolos": sob a responsabilidade deles.
Lucas prepara o leitor para a triste história de Ananias e Safira.
5.1-11
O que vemos aqui é uma trágica peça em 3 atos:
1o. ato (v.1-2a)
Ananias e Safira vendem uma propriedade e resolvem de comum acordo ficar com parte da venda e dar o restante à comunidade da Igreja. Nada errado nisso.
O problema é que resolveram dizer que estavam dando o preço total.
(Vamos assumir que eles eram salvos, já que nada do que ocorreu prova o contrário).
2o. ato (v.2b-6)
Ananias entrega o dinheiro aos pés dos apóstolos.
Pedro (certamente avisado pelo Espírito Santo) se pronuncia.
Quatro pontos sobre o pronunciamento de Pedro:
* Ananias foi tentado por Satanás
* Ananias mentiu ao Espírito Santo
Ou seja, mentiu à Igreja, o corpo de Cristo, que é composto de pessoas habitadas pelo
Espírito Santo. 1Co 12.12-13; 3.16-17
* Atesta a divindade do Espírito Santo: v.3 (mentisses ao Espírito Santo); v. 4 (Não
mestiste aos homens, mas a Deus).
* Ananias deu o dinheiro porque quis, não havia necessidade de mentir.
Ananias cai morto. Um grande temor se levanta entre os presentes.
Voltarei a falar nisso, no final. Levaram e sepultaram Ananias.
Não adianta julgar Pedro como exageradamente rigoroso.
O julgamento não foi dele, mas do Espírito Santo.
O próprio Pedro pode ter ficado admirado com a morte súbita de Ananias.
3o. ato (v.7-10)
Safira chegou quase 3 horas depois e nada sabia.
Observe como Pedro lhe deu a chance de dizer a verdade.
Mas ela, como o marido, também mentiu, dizendo que vendera o preço pelo valor da oferta, escondendo que retivera uma parte.
Pedro repreende, novamente enfatizando o Espírito Santo:
Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor?
tentar: no grego, testar, desafiar.
Já que Safira participou da farsa juntamente com o marido, iria morrer com o marido.
Pedro anuncia a morte de Safira. Sepultaram-na ao lado de Ananias.
v.11
Repete que sobreveio grande temor. (v. 5a).
Cinco lições:
1. Temor a Deus é sentimento necessário e benéfico, mesmo para os crentes.
Certamente um dos objetivos de Deus ao punir o casal foi exatamente provocar temor, reverência, respeito com as coisas de Deus.
Não somente para a igreja, mas para todos que ouvissem a dramática e triste história.
2. Cuidado ao lidar com as coisas da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
Ele tem muito ciúmes dela.
Estudiosos comparam essa passagem com a terrível história de Acã (Js 7).
Ambas no começo de períodos de derramamento de poder e vitórias em Israel.
* A primeira, física: a conquista da terra, com Josué na liderança.
* E agora, espiritual, com a Igreja iniciando.
Mesmo em períodos de grande graça da parte de Deus e de euforia do seu povo, pode haver pecado no meio. E se houver, Deus punirá exemplarmente.
Na época de Josué, Israel precisava saber o quão sério era obedecer a Deus.
Todos em Jerusalém - crentes e não crentes - precisavam saber que aquela pequena organização que se formava, a igreja - era algo extremamente sério.
Qualquer ofensa à igreja seria considerada como ofensa ao próprio Espírito Santo, e como tal seria punida.
A Igreja é a Noiva de Cristo, extremamente querida ao coração dEle.
Fazer parte de uma igreja não é entrar num clube social, ou um academia literária, ou um grêmio esportivo.
Mas fazer parte de uma instituição divina. Isso é seríssimo!
E se não há crentes caindo mortos nas igrejas, não é porque deixou de haver quem minta, ou provoque ou desafie ao Espírito Santo.
Mas porque Deus não está punindo da mesma maneira.
Mas, ninguem se iluda, o pecado é o mesmo e a ofensa no coração de Deus é a mesma. E a santidade de Deus é a mesma.
Quem mente à sua igreja, engana, ilude, despreza, faz pouco caso, está chamando para si grandes castigos de Deus.
Nosso Deus é digno de temor. Vamos temê-Lo, portanto.
3) Foi Satanás quem levou Ananias e sua esposa a fazer aquele plano.
E vocês viram o fim. Que inimigo nós temos, irmãos. Que crueldade!
Muito cuidado com o Diabo. Não deixe que ele chegue perto.
E se chegar, resista!: 1Pe 5.8-9
4) O casal mentiu por querer mostrar espiritualidade maior do que de fato tinha.
“Viste que bonito? Ananais e Safira venderam um terreno e deram tudo para a igreja!”
Não teria sido errado reter uma parte para as necessidades deles.
Mas eles não queriam essa imagem e sim de generosidade maior do que tinham, falsa.
Nunca almeje passar uma imagem melhor do que você é!
Agir assim é cair na HIPOCRISIA, na falsidade.
* Não passe a idéia de que a sua dedicação ao trabalho de Deus é o máximo que pode, se na realidade você poderia fazer mais. Não precisa dizer que é o máximo.
* Não passe a idéia que você é um grande evangelista, se você fala muito menos do que sente que deveria falar.
* Não passe a idéia de um grande homem/mulher de oração se não for o caso.
Deixe transparecer simplesmente o que você é!
Se suas virtudes aparecerem, ótimo. Se seus defeitos aparecerem, ótimo também!
5) O casal não teria nenhum motivo de se queixar de Pedro, mas do Espírito Santo!
Quando um irmão é disciplinado da igreja por estar em pecado, não é por iniciativa do pastor, da diretoria e nem mesmo da igreja, mas do próprio Deus.
É Deus quem manda a igreja tomar essa atitude.
Se o crente quiser se queixar ou ficar magoado, não é com os irmãos, mas com Deus.
Amigo, se Deus se ira tanto com um filho dEle, salvo pela fé, que tenta desafiá-Lo, quanto mais com alguém que ainda não fez as pazes com Ele, através de Cristo.
Faça isto sem demora!
Que Deus nos abençoe e nos ajude com todas esssa lições. Amém