Final do diálogo de Deus com Moisés.
Moisés ainda tenta colocar alguma dificuldade - embora o argumento fosse razoável: medo de que não acreditassem nele quando dissesse que Deus lhe aparecera.
Na realidade, Deus já havia dado um sinal para que cressem em Moisés: o próprio Moisés e o povo iriam sacrificar a Deus naquele mesmo monte.
Só que esse sinal era futuro e parecia meio remoto, portanto, exigia fé.
Moisés não estava confiante na fé dos judeus e pede sinais mais imediatos, visíveis.
Deus aceita o argumento e faz dois milagres: vara vira cobra e lepra em Moisés.
No 1o.: controle sobre o reino animal. No 2o. sobre o corpo humano.
E se não cressem nos dois, Deus faria um terceiro: converteria água em sangue.
No v.8-9, uma valiosíssima explicação do próprio Deus quanto a milagres.
1. O 1o. milagre ratificaria as palavras de Moisés, provando que Deus estava por trás.
Em geral, cada milagre na Bíblia teve esta função. Não era algo gratuito, ao capricho de Deus, mas com o propósito de confirmar que o profeta tinha o apoio divino.
2. O 1o. milagre tinha sido programado para o caso do povo não crer, ou seja, o ideal é que cressem apenas na palavra de Moisés.
Milagre em geral sempre foi para ajudar a fé, uma espécie de muleta.
3. O 2o. milagre seria para o caso do 1o. não fazer efeito, ou seja, se o coração do povo estivesse duro, não crendo mesmo vendo uma vara virando cobra.
4. O 3o. milagre seria para o caso dos 2 primeiros falharem, ou seja, se o coração estivesse duríssimo: além da cobra, nem vendo a mão ficar leprosa e boa de novo.
Conclusão: quanto maior a fé do povo, menos milagre haveria. E vice-versa: quanto menor a fé, mais milagres.
Isso é exatamente o contrário do que muitos pensam hoje: que onde milagre é realizado indica plateia altamente espiritualizada.
É o contrário: quanto mais espiritual, menos milagre precisa ver.
Aliás, uma igreja ultra sadia não precisa ver milagre algum: Jo 20.30-31
v.10-12
Moisés, vendo que as dificuldades não convenceram Deus, foi explícito: não sei falar.
E mais:
nem outrora, nem depois que falaste a teu servo
Aqui uma leve acusação contra Deus: “Passei pela experiência de te ver, fui comissionado, e nada mudou. Logo, sinto-me tranquilo em não ir.”
Típico do crente que reage a uma chamada para servir e ainda pensa: “Se Deus tivesse me mudado, me capacitado, seria outra estória.”
Ou então quando crente cai em pecado e diz: “Se Deus tivesse me dado mais força, eu não teria caído”.
Voltando:
Pacientemente, Deus argumenta com Moisés.
Observe que Deus...
* ... não nega que Moisés era pesado de língua
* ... assume sobre Si esse fato, pois é Criador de todos: do mudo, do que fala, etc.
* ... garante a Moisés que estaria com ele e o ensinaria.
Duas obs:
1. Como é que um Deus perfeito faz imperfeições como o cego, o mudo, etc?
Seria espécie de “defeito de fabricação”?
Não. Explicação: pecado.
O homem permitiu que o pecado entrasse no mundo, desfigurando tudo (até a natureza).
Deus continuou criando, mas usando “material defeituoso”.
Como um exímio escultor usando massa ruim: a escultura é genial, mas imperfeita.
2. Moisés queria se sentir eloquente imediatamente, muito antes de chegar no Egito.
Mas Deus só lhe daria essa condição quando chegasse a hora.
Moisés precisaria crer nisso.
É típico queremos nos sentir fortes antes das batalhas. Mas geralmente Deus só nos faz fortes no momento exato. Precisamos ter fé que assim será.
v.13-17
Talvez mais em pânico do que teimoso, Moisés abre o jogo: “Não quero ir”.
Com pânico ou não, é uma atitude inadequada diante da chamada divina.
Contraste com: Isaias: Is 6.8; Cristo: Mt 26.39
Deus irou-se, mas foi extremamente paciente com ele.
Atendeu à angústia do Seu servo: Arão seria o porta-voz de Moisés.
lhe serás por Deus: autoridade sobre o irmão.
Temos a tendência de falar da teimosia ou do medo ou covardia de Moisés.
Cuidado, pois somos muito parecidos com ele.
Talvez seja mais edificante observar a paciência e a misericórdia de Deus com ele.
É bom saber que Deus compreende nossas teimosias, fraquezas e fragilidades.
serei com a tua boca e com a dele
Deus não estaria apenas com Moisés, que não sabia falar bem.
Mesmo Arão sendo eloquente, Deus precisaria estar com ele também.
Mesmo inteligente e habilidoso nenhum crente dispensa a capacitação do Espírito Santo.
Triste do crente que pensa que pode fazer qualquer coisa sem Deus.
Típico de quem não tem Deus é o orgulho, que leva à independência de Deus.
Sobre Deus complementar a fraqueza de Moisés com a capacidade de Arão, três coisas:
1. Trabalho de equipe.
Há muitos exemplos de trabalho em equipe na Bíblia. Principal: Jesus.
Uma igreja que se acostuma a trabalhar em equipe aprendeu um grande segredo.
2. Moisés teria companhia no trabalho, para repartir a carga. Ec 4.9-10
3. Moisés não ficaria orgulhoso: Arão seria lembrança da sua fraqueza.
Que Deus nos abençoe. Amém