Na 3a. mensagem sobre Jo 15, falamos sobre 1a. parte do v.12, em que Cristo nos manda amar uns aos outros.
Resumo do que disse naquela pregação:
* Nossa permanência em Cristo não inclui apenas o relacionamento pessoal Cristo-eu e eu-Cristo.
O principal mandamento dEle (além de amar a Deus) é amem-se uns aos outros.
* Amor ao próximo é FATOR FUNDAMENTAL para você usufruir do amor de Cristo, permanecer nEle e ser cada vez mais limpo pelo Pai para dar mais e mais frutos.
* Em 1João, o apóstolo deixa claro que amor aos outros é a marca registrada do crente.
* Um dos frutos do Espírito é o amor (capacidade de REPASSAR o amor que Cristo injeta em nós).
Comentei que o v.12 era transição do assunto da permanência em Cristo para vários aspectos do relacionamento pessoal entre Ele os discípulos.
E fiquei de falar mais sobre o v.12.
O FINAL no v.12 é muito significativo:
... mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, ASSIM COMO EU VOS AMEI
A palavra AMOR tem muitos sentidos e isso ATRAPALHA na compreensão exata do amor de Jesus para poder imitá-Lo.
* Quando o namorado diz olhando para os olhos da garota, quase hipnotizado e diz “Eu te amo”, quer dizer “Eu estou apaixonado. Isso não caracteriza o amor de Cristo.
* Alguém chega na fazenda, respira o cheiro de mato e diz: “Eu amo este lugar” = “eu me sinto bem aqui, acho agradável estar aqui.” Nada a ver com o amor de Cristo.
* O advogado diz “Eu amo o Direito” = “Eu admiro a ciência do Direito”. Nada de amor de Cristo.
* Até sinônimo de ato sexual a palavra amor pode se tornar.
Quanto ao amor de Cristo que devemos imitar, comentei em pregação passada que não é um amor solto, sem referencial, a critério de cada um.
É um amor perfeitamente CARACTERIZADO e EXPOSTO na cruz.
Eu bem poderia desenvolver longamente o tema COMO É O AMOR DE CRISTO, para podermos IMITAR.
Meu livro Você Ama de Verdade? é fruto de umas 20 pregações sobre o amor cristão.
Mas hoje comentarei apenas 4 características do amor de Cristo, alguns tirando do próprio texto e outros de outras partes do NT.
O amor de Cristo…
1. É um amor que toma a iniciativa
1Jo 4:19: Nós amamos porque ele nos amou primeiro. (Ele: a rigor refere-se a Deus, mas podemos aplicar a Cristo).
2. É um amor que tem origem no processo de ELEIÇÃO
v.16: não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi …
Quando dizemos que amor cristão é DECISÃO, não é porque achamos bonito ou porque causa impacto. Mas porque está na Bíblia!
Essa passagem é excelente para vermos PRECISAMENTE essa verdade.
No v. 16 Jesus praticamente EXPLICA a natureza do amor dEle a nós: um amor que nasceu como parte de um processo de DECIDIR NOS ESCOLHER para Ele, de nos tirar da perdição e nos dar a vida eterna.
Esta é uma verdade que não viria do nosso raciocínio, nossa lógica, deducação, mas exclusivamente por revelação direta de Deus nas Escrituras.
3. É um amor que tem como alvo pecadores, inimigos e agressores de Deus
Rm 5.8
Até que é fácil e gostoso amar pessoas que nos agradam, que também nos amam.
Mas veja como você era com relação a Cristo ANTES DE ELE LHE ESCOLHER: Ef 2.3
Ai de nós se Cristo houvesse procurado em nós algo agradável antes de nos amar.
4. É um amor que dá a própria vida pela pessoa amada
v.13
Certa vez alguém me disse que não havia registro de Jesus dizendo diretamente a alguém que o amava. Pena que não me lembrei dessa passagem para rebater.
Em 12b-13 Ele diz claramente: … assim como eu vos amei (grego: vos tenho amado: inclui tempo presente).
E no v.13 Ele vai mais longe ao falar da QUALIDADE e do TAMANHO do amor dEle: amor sacrificial que O levaria à morte.
Na prática, aplique para você cada uma dessas características do amor de Cristo:
1. Tome a iniciativa de amar.
Percebe-se logo que alguém ama pouco quando diz: “Posso até fazer as pazes, mas ele se quiser que me procure. A distância é a mesma.”
2. Não espere que essa iniciativa venha como resultado de um SENTIMENTO, ou uma IMPRESSÃO, ou uma EMOÇÃO, mas unicamente baseada numa DECISÃO.
3. Não decida amar apenas a quem já é agradável a você ou a quem você simpatiza.
Faça uma experiência: pense em alguém (crente ou não) com quem você não tem se dado bem ou até antipatiza e RESOLVA no coração: “Vou amar o fulano”.
Peça ajuda a Deus e comece a praticar esse amor: se aproxime, converse, mostre interesse, ore por ele.
Será experiência agradável descobrir bem disposto a ajudá-lo no dia em que ele precisou.
E espetacular mesmo será perceber que sentiu GRANDE PRAZER em ajudá-lo!
Você vai querer repetir indefinidamente com outras pessoas!
Pois esse é um amor que imita Cristo.
4. Esteja pronto para se SACRIFICAR pela pessoa a quem decidiu amar.
Talvez aqui esteja a PRINCIPAL característica do amor de Cristo.
Voltando:
No v.13, ao dizer que o Seu amor o levaria a dar a própria vida pelos Seus AMIGOS, Cristo deve ter causado grande admiração nos discípulos.
Até ali Ele nunca os havia chamado de amigos (exceção: Jo 11.11, quando chamou Lázaro de “nosso amigo”).
Algumas vezes Ele havia deixado claro a posição deles de servos. Mas “meus amigos” era a primeira vez.
Então Ele passa a explicar duas coisas (vou inverter a ordem):
1) A diferença entre servo e amigo
v.15
O servo não recebe explicações. É uma relação fria, por força de hierarquia.
O amigo entra na intimidade, ouve planos, desejos, conhece muito do coração do outro.
Pois Cristo agiu exatamente assim conosco.
Quantos exemplos poderíamos citar de Cristo nos fazendo revelações pessoais, abrindo a própria intimidade, anseios, desejos, tristezas, alegrias.
E não apenas isso: passou para nós o que ouviu do próprio Pai.
Não deixou de transmitir NADA (pelo menos até o ponto onde poderíamos compreender). Disse-nos TUDO!
Que privilégio podermos dizer que somos amigos de Cristo!
Só esse fato deveria ENRIQUECER muito a nossa vida espiritual.
Poderíamos tirar MAIS PROVEITO disso, aprofundando essa AMIZADE, abrindo-nos com Ele, deixando-O falar ao nosso interior através do Espírito Santo, deixando-O NOS INFLUENCIAR como um amigo íntimo faz com o outro.
Importante: o fato de podermos gozar da AMIZADE de Cristo, não signifa que DEIXAMOS de ser servos dEle. Sempre seremos servos. A hierarquia sempre irá existir.
2) O que os caracterizava como amigos - v. 14
Ser amigo de Cristo é ser obediente a Ele.
À primeira vista pode parecer estranho condicionar amizade com obediência.
Mas a estranheza desaparece quando pensamos no aspecto da FIDELIDADE.
Não há amizade sem fidelidade mútua. Só que ser fiel a um superior inclui obediência!
E como Ele é nosso soberano Senhor, mostramos fidelidade sendo obedientes.
Mas eu falei que um amigo é fiel ao outro. Seria o caso de perguntar: E ELE, NA QUALIDADE DE NOSSO AMIGO, É FIEL A NÓS?
Claro que é! Aliás, só é! Quantas promessas maravilhosas Ele fez e irá cumprir TODAS.
E tudo para o nosso bem!
Cristo é um amigo fidelíssimo!
Mas é óbvio que a MANEIRA de mostrar essa fidelidade não é nos obedecendo!
Nessa amizade, a necessidade da obediência é exclusivamente nossa.
Voltando: na próxima etapa da conversa, Ele fala sobre o relacionamento do mundo com Ele mesmo e com os Seus discípulos (v.18 em diante).
E encerra a parte do relacionamento dEle conosco repetindo ENFATICAMENTE a ordem:
v.17: Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
Imagine que alguém lhe perguntasse: Por que você procura amar as pessoas?
Você poderia ter várias respostas, a começar pela obediência a Cristo.
Pois aqui está mais um motivo que talvez nunca tenha pensado: “Eu quero amar porque de alguma maneira isso intensifica a minha amizade pessoal com o senhor Jesus Cristo”.
Irmãos, que Deus nos ajude a sermos amigos cada vez mais fiéis do nosso Salvador!
E você, sem Cristo, não sabe o que é amizade, até ter Cristo como Amigo.
Que Deus nos abençoe. Amém