v.7b: … o suborno corrompe o coração
suborno: hebr. = presente.
Interessante é que suborno nada mais é que um presente mal intencionado, por puro interesse em se beneficiar com algo errado que o outro fez ou pretende fazer.
A má intenção na frase aqui, deduz-se pelo contexto.
corrompe: hebr. = extraviar, perder.
Por que suborno faz o coração extraviar-se?
Todo mundo gosta de coisas - materiais ou imateriais (cargos, posições, etc)
E se é gostoso comprar ou conquistar algo, mesmo com dinheiro ou esforço, quanto mais quando se obtém de graça, como presente.
Presente é algo que faz brilhar os olhos, tem atração fantástica.
Dizem que “De graça até injeção na testa”.
Suborno é um presente, mas condicionado com alguma ação errada do que recebe.
Mesmo assim, é algo altamente atraente para os desejos carnais.
Quando alguém recebe oferta de suborno, entra numa luta interna: por um lado, é gostoso ganhar coisa, mas por outro, para receber esse “presente” terá de fazer algo errado.
Qual vencerá: o desejo de ter coisas ou a decisão de manter um rumo correto?
* Quando a decisão de se manter direito vence, o coração permaneceu firme.
* Quando a vontade de ganhar coisas vence, o coração cedeu, corrompeu-se.
O suborno é muito pernicioso: mexe com o íntimo, quebra padrões, violenta consciência.
Esse é daqueles versículos em que Salomão apenas afirma, sem dar qualquer conselho. É como se deixasse para cada leitor tirar fazer suas próprias avaliações.
Tiremos 2 lições daqui, até óbivas, mas de enorme importância para a nossa vida.
1) Não suborne
Esse assunto é complicado num país em que o “quebra-galho” é generalizado, muita coisa só anda na base do “jeitinho” e esse jeitinho está ligado com o famoso “agrado”.
Sem falar na corrupção pesada no Brasil, institucional, começando do topo da pirâmide das autoridades e empresários podersos até a base. É um câncer generalizado.
Qual o limite, a partir do qual um agrado passa a ser um suborno?
Não vou aprofundar no assunto, muito menos fazer uma lista.
Cada um use sua consciência, converse com pessoas esclarecidas, espirituais, troque ideias, ore a Deus e trace seus limites.
Conselho: Não seja muito frouxo ao estabelecer os seus limites pessoais e nem muito rigoroso também, talvez saindo da própria realidade (veremos no trecho 7.15-18).
Duas perguntas que ajudam a identificar se é suborno ou não:
1. Estou induzindo o outro a fazer algo contra a lei ou moralmente errado?
2. Se pessoas sérias do meu relacionamento soubessem que eu dei, ficariam chocadas ou é algo tão institucionalizado que achariam normal?
Seja como for, se a sua consciência diz que está errado dar aquele “presente”, não faça!
Em geral não precisará pensar muito para concluir que você está tentando subornar, sim!
Fazer desviar, corromper o coração de alguém é ser pedra de tropeço: Rm 14.21; Mt 18.7
2) Não aceite suborno
Aceitar suborno é mais passivo do que subornar, tentação mais fácil de cair.
E sempre terá a desculpa: - Mas foi só um presente!
Seja como for, a proibição de aceitar suborno está na própria Lei: Êx 23:8
Outras passagens: Pv 17.23; Is 33.14-15; 1:23
E numa situação meio “cinza”?
Você está em condição de fazer um favor a alguém, faz e ele lhe dá um presente.
Como classificar? É um presente digno, fruto de sincera gratidão? Aceite.
Cheira a suborno? Rejeite.
Mas, qualquer a decisão, aja com muito cuidado e amparado por rígidos critérios.
Rejeitar suborno é um virtude altamente louvada na Bíblia: Jó 6.22
De maneira contrária, aceitar suborno é pecado altamente condenado.
Aliás, vemos o triste exemplo desses extremos numa mesma família, do grande Samuel:
Ele próprio: 1Sm 12.3. Os filhos dele: 1Sm 8.3
Na dúvida, fique com o princípio bíblico: Rm 14.22-23
Que Deus nos abençoe e nos mantenha limpos nesta questão do suborno, seja oferecendo ou recebendo.
Com certeza ninguém aqui deseja corromper o coração de outro e muito menos ter o próprio coração corrompido.
Que Deus nos abençoe. Amém