Única passagem da Bíblia com Jesus menino, 12 anos.
Resumir v. 41-45.
Aos 13 anos, menino judeu era considerado “filho da lei”, com todas as obrigações.
Talvez tenham levado Jesus um ano antes, para conhecer e se ambientar.
É muito provável que tenha sido a 1a. vez que Jesus foi a Jerusalém, após a circuncisão.
Pode ter ficado deslumbrado, até mesmo com maior conscientização da sua tarefa.
No retorno, talvez José pensasse que Jesus estava com Maria e vice-versa.
v.46-47
A idéia aqui não é que Ele estava ensinando, de modo superior.
Era comum um jovem aprender entre os mestres, geralmente com perguntas e respostas.
Estava como pupilo, entre os grandes da Lei.
E notaram algo muito especial no menino.
Obviamente, era muito especial:
* Deus encarnado
* O Espírito Santo estava com Ele sem medida
* Como ser humano, eram sem pecado (consciência pura e inteligência cristalina)
Mesmo assim, não deixava de ser menino (Ele passou pelo processo normal de desenvolvimento: v. 52 - depois comentaremos.
Ele ainda não estava na plenitude da estatura mental e de compreensão que alcançaria ao se tornar adulto.
Como menino que era, não devia estar interessado em profundas filosofias ou teologia. Com a Sua sabedoria pura, via as coisas de maneira simples e em essência, de modo até infantil (no bom sentido da palavra).
As coisas de Deus, embora possam ser aprofundadas sem limites por crentes inteligentes e sábios, em essência são simples.
Uma criança ou um adulto sem instrução pode entender a base do Evangelho.
Mas é provável que a inteligência de Jesus tenha chamado a atenção por um outro fator, além do próprio brilhantismo: dizer coisas diferentes do que os doutores pensavam.
Os doutores da lei tinham modificado muito a essência da Lei.
E aqui está outra face da lição anterior: do jeito que é fácil compreender a essência da Palavra de Deus, é fácil distorcê-la.
Geralmente existem 2 tendências:
1. Subtrair, ensinando que “o que interessa é o coração”, na tentativa de amoldar a Palavra de Deus aos nossos padrões. Resultado: vida religiosa frouxa.
2. Adicionar com prescrições legalistas, tipo “tem que fazer isto ou aquilo”.
Nisso os fariseus eram mestres: aparência de religiosidade, mas vazio, hipocrisia.
Obviamente, ambas estão erradas. Tem que haver equilibrio: o coração é importante, mas as ações também.
Geralmente essas duas tendências são resultado de um exercício perigoso, muito querido entre PHDs, filsósofos, acadêmicos: dissecar a Palavra de Deus à luz de filosofias e questionamentos existenciais.
É bom perguntar, estudar, aprofundar.
Mas apenas até onde Bíblia permite. Passou dali, é especulação e pode ser danoso.
Nosso alvo deve ser a compreensão da Palavra de Deus na sua simplicidade e essência.
De tal modo que se Cristo viesse aqui agora, nossa admiração fosse pela Sua sabedoria, não por estar dizendo coisas que estão na Bíblia, mas que tínhamos entendido de modo diferente.
v.48
Logo que seus pais o viram, ou seja, no 3o. dia desde que O deixaram: um dia de viagem, um de retorno e o acharam no terceiro.
Duas reações:
1) Maravilhados com o que viram: sabedoria, desenvoltura entre os doutores.
O vs. 50 dá a entender que não tinham o costume de conversar sobre coisas espiritual com o filho deles. Afinal, era um menino.
Vocês, pais de meninos e adolescentes: guardadas as devidas proporções, não subestimem a capacidade de seus filhos.
Pode surgir um mais inteligente que você, mais sábio, mais espiritual. Saiba perceber e valorizar isto.
2)Repreensão de Maria
Situação curiosa: Maria dando leve carão no próprio Deus em pessoa!
É bom lembrar que tom da voz de Maria é que mostrou se era repreensão ou queixa.
De qualquer forma, é óbvio que os pais não gostaram do que Jesus fizera.
v.49
Únicas duas frases de Jesus antes da fase adulta.
Ele se admira com a chateação dos pais, perguntando se não sabiam que Lhe cumpria estar na casa do Seu Pai.
Será que tinham esquecido todo o milagre do Seu nascimento, etc.?
Se Ele era Filho de Deus, onde deveria estar? Na casa de Seu Pai.
Para Ele, isso era tão lógico!
Pode ser que haja referência sutil às palavras de Maria “teu pai e eu...”
Como se Jesus estivesse lembrando a Maria quem era de fato o Pai dEle.
Em suma: Ele é que terminou censurando os pais, embora de modo sutil e respeitoso.
Situação interessante: os pais ressentidos com o filho a ponto de O repreenderem e o filho ressentido com os pais a ponto também de os censurar.
E olhem os personagens envolvidos. Os pais: um homem e uma mulher espirituais, fiéis a Deus. E o filho, o próprio Jesus Cristo.
Como explicar essa diferença? Desnível espiritual.
Por mais espiritual que fossem José e Maria, perto dAquele garoto eram mínimos.
Níveis espirituais diferentes geram pontos de vista diferentes.
Um crente fraco simplesmente não compreende porque um crente forte age de certo modo. E, num certo sentido, vice-versa!
Por isso é que...
... é difícil amizade íntima entre crentes de níveis espirituais diferentes
... casamento entre crentes com grande desnível, também dá problema.
A solução para esses “desencontros” é evidente: cada um tentar alcançar o maior nível espiritual que puder.
me cumpria estar na casa de meu Pai (V.Corr.: tratar dos negócios do meu Pai)
Seja como for, vinte anos antes de iniciar o Seu ministério, na única vez em que falou como menino na Bíblia, Jesus resume todo o propósito da Sua 1a. vinda: tratar dos negócios do Pai, ou seja fazer a vontade do Pai.
Muitas vezes durante o Seu ministério adulto, Ele se referiu a essa determinação de fazer a vontade do Pai.
Perguntaream a Jorge Amado como gostaria de ser lembrado daqui a 50 anos numa enciclopédia. Resposta “Um baiano romântico e sensual.” Que resumo de vida!
E você, como gostaria de ser lembrado numa só frase?
Sugestão: “Alguém que fez a vontade de Deus.” Não há melhor projeto de vida.
v.50: Não compreenderam o que Jesus dissera. Novamente questão do nível espiritual.
v.51: Duas coisas importantes:
1. Jesus interrompeu a reunião, desceu com os pais e era-lhes submisso.
Mostra claramente o cumprimento do mandamento bíblico de obediência aos pais.
O fato de ser mais sábio, mais inteligente, mais espiritual, nada disso era motivo para não obedecê-los.
Vocês, filhos, cuidado com desculpas para desobedecerem os pais.
2. Maria guardava aquelas coisas no coração.
Acho que ela não ficava perguntando, querendo entender tudo. Apenas meditava.
Quando não conseguir compreender algum ensino da Bíblia, mesmo depois de estudar, apenas fique a meditar. Pode ser que um dia Deus lhe dê compreensão.
v.52
Conforme falei, Jesus passou pelo processo de desenvolvimento, como todo ser humano.
Vemos aqui dois fatores de crescimento:
1. Sabedoria: tanto mental (inteligência, bom senso), como espiritual.
2. Estatura: aspecto físico, podendo incluir maturidade vinda com a idade.
Além disso, crescia em graça: (favor, aceitabilidade, prazer)
... diante de Deus:
O relacionamento com o Pai ia se aperfeiçoando à medida que crescia, numa comunhão que devia dar muita alegria prazer ao Pai de estar com Ele, de ajudá-Lo, de apoiá-Lo.
...e dos homens:
Jesus devia ser uma pessoa altamente afável, dessas que dá prazer em se estar perto.
Depois, claro, começou a vir a oposição dos fariseus e chefes, que se generalizou.
Irmão em Cristo, guardadas as proporções, você tem crescido diante de Deus, no sentido de se tornar cada vez mais agradável a Ele?
E diante dos homens, também? Não adianta crescer apenas diante de Deus! (Sei que o mundo tende a repelir o crente fiel, mas, pelo menos, que o rejeite pelas suas virtudes.
Que Deus nos abençoe. Amém