Ap 21.1-22.17 63 minutos 03/11/2019
Mauro Clark
Vimos 2 características da Nova Jerusalém:
1ª: Celestial: a cidade virá do céu (lugares celestiais) e pousará na nova terra, ou seja, ela própria era de origem celestial!
É como se um “pedaço” dos lugares celestiais, baixasse na nova terra.
2ª: Santa (21.2): ideia básica de pura e separada. O próprio Deus estará habitando lá.
Terminamos perguntando quem, além do próprio Deus, habitará em Nova Jerusalém.
3ª característica
Quanto aos habitantes.
Quem NÃO estará lá: 21.8, 27; 22.15; 1Co 16.9-10: características perdido, condenado.
Quem habitará em Nova Jerusalém:
* Anjos: Ap 21.12; Hb 12.22; Mt 18.10
* Pessoas, mas exclusivamente as redimidas.
E não poderia ser diferente, já que a cidade é santa e habitada pelo próprio Deus, apenas criaturas perfeitamente puras e santificadas poderiam estar lá.
É certo, portanto, que apenas humanos salvos habitarão a Nova Jerusalém.
Mas, surge a pergunta: todos os salvos de todas as épocas habitarão a nova cidade?
A resposta mais comum, e talvez a mais provável, é que “Sim, todos os salvos estarão lá”.
Só que, nesse caso, a conclusão lógica seria que, à parte da Nova Jerusalém em si, a nova terra seria totalmente desabitada, o que parece bem estranho.
Para aumentar o mistério, há passagens que parecem sugerir que haverá habitantes (ou pelo menos movimento) na nova terra, além das fronteiras da Nova Jerusalém.
Mas, vamos por partes.
Primeiramente, vemos que, dentro da visão pré-milenista, parece seguro afirmar que pelo menos dois grupos de crentes habitarão em Nova Jerusalém:
I. Os salvos da igreja de Cristo
Descia do céu... ataviada noiva adornada para o esposo - v.2
Mas, afinal, João está falando de uma cidade ou de pessoas? Ambos:
Fortaleza é linda: cidade (natureza, praias, orla, praças, árvores, ruas).
Fortaleza é violenta: gente.
Aqui está falando de gente, pessoas salvas. Mas podemos precisar, quais?
A princípio, a noiva poderia ser Israel, e Deus, o esposo, pois assim é chamado no AT.
Ou poderia ser a Igreja, que é chamada de esposa de Cristo no NT.
Mas em 21.9 João exclui a hipótese de Israel como noiva:
a noiva, a esposa do Cordeiro - 21.9b
É absolutamente certo que “o Cordeiro” se refere a Cristo.
E o único grupo de redimidos chamado da noiva de Cristo na Bíblia é a Igreja.
Lembre-se que a Igreja foi arrebatada no início da Tribulação, encontrou-se com Cristo nas nuvens e se casou com Cristo, conforme falamos anteriormente.
Depois, ao longo da Tribulação, Apocalipse não fala mais da Igreja e no Milênio, sabemos que os crentes da Igreja reinaram com Cristo.
Agora, no início da era eterna, depois da criação do novo céu e da nova terra, eis que João volta a se referir à Igreja, mesmo sem usar o nome “Igreja”.
E a Igreja retorna à cena em grande estilo!
Outra indicação de que a igreja estará lá: Hb 12.23: igreja dos primogênitos...
Portanto, João viu uma estrutura física (cidade), habitada por pessoas glorificadas redimidas, que, na terra, formaram a Igreja de Cristo.
Ainda outra indicação forte sobre a Igreja:
A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. (21.14)
Foram com eles que a igreja começou!
II. Judeus crentes do AT
Pensando bem, os apóstolos de Cristo também eram judeus. Isso poderia indicar de que na Nova Jerusalém também haverá judeus crentes.
Afinal, o fato de toda a igreja estar habitando na Nova Jerusalém não impede que outros crentes morem lá também.
E parece que isso é sugerido no 21.12:
Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel.
É muito sugestivo que haverá judeus crentes morando na Nova Jerusalém. Se não todos, pelo menos os da época do AT.
Só que, além dos crentes da Igreja e dos judeus do AT, há outros grupos de salvos:
* Gentios salvos do AT
*Judeus e gentios que morreram na Tribulação
*Os salvos (judeus e gentios) que entraram no Milênio
* Os salvos que nasceram durante o Milênio
É absolutamente certo que todos esses morarão na Nova Jerusalém?
Conforme já falei, parece que o mais razoável é supor que sim.
Mas isso seria concluir que, à parte da Nova Jerusalém em si, a nova terra seria totalmente desabitada, o que parece bem estranho.
Além do mais é estimulante o fato de que há algumas passagens que parecem sugerir que haverá habitantes na nova terra:
21.3: serão povos de Deus – Ou se refere à variedade de crentes pertencentes a vários povos na época da velha terra, ou talvez aponte para povos de crentes espalhados pela nova terra, fora dos limites da Nova Jerusalém.
21.24-26
Alguns acham que, embora o contexto anterior se refira à Nova Jerusalém, esse trecho se refere à Jerusalém do Milênio. Nesse caso, o v.27 teria voltado a falar da Nova Jerusalém eterna.
Mas se o trecho inteiro de fato se refere à Nova Jerusalém, surge a pergunta do que significa a frase: As nações andarão mediante a sua luz.
Ou serão povos de várias nações na época da velha terra, agora morando juntos na Nova Jerusalém, ou crentes que mantiveram a nacionalidade e se constituíram nações espalhadas pela nova terra.
...os reis da terra lhe trazem a sua glória
Ou trata-se de crentes que foram reis quando na velha terra e agora estão na Nova Jerusalém ou reis atuais morando na nova terra, obviamente crentes e sujeitos a Cristo.
As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite.
Pode ser apenas uma maneira de dizer que a cidade será totalmente segura, ou dar a ideia de acesso à cidade, com idas e vindas, pessoas entrando e saindo.
E lhe trarão a glória e a honra das nações.
No caso de todos os crentes morando em Nova Jerusalém, refere-se, de algum modo, a glória e honra das nações que existiram na terra.
Ou então tem a ideia de nações na nova terra se dirigindo à Nova Jerusalém, trazendo glória e honra para Deus.
22.14: Bem-aventurados os que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.
É sugestiva a ideia de pessoas entrando pela Nova Jerusalém para ter acesso à árvore da vida (da qual falarei na próxima pregação).
22.2: No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos.
Novamente é forte a ideia de crentes de vários povos entrando em Nova Jerusalém para terem acesso aos frutos e às folhas da árvore da vida.
Seria o caso de crentes morando espalhados pela nova terra, além dos limites da Nova Jerusalém, mas com total acesso a ela?
Nesse caso, quem seriam esses redimidos?
Como a questão é muito confusa, surgem várias opiniões, todas especulativas:
* Seriam descrentes morando na nova terra, fora da Nova Jerusalém, mas serão influenciados por Deus (Ladd).
Não vejo como, pois todos os descrentes estarão no lago de fogo eterno.
Interessante: quando fala do novo céu, é para dizer o que não estará lá, não como será.
É como se Deus dissesse: “Eu e os meus anjos e redimidos estaremos na Nova Jerusalém, que estará na nova terra. Isso é suficiente para o momento”.
* Seriam crentes do final do Milênio, transportados no estado em que estavam para a nova terra e não para a Nova Jerusalém - como muitos “Nóes”.
É uma teoria precária, inclusive porque, se a morte já não existe, forçosamente esses crentes teriam de ficar eternamente como estão, com corpos de carne e sangue.
* Embora desabitada, a nova terra seria acessível aos crentes, com visitas ou missões específicas.
* Além das moradias na Nova Jerusalém, os redimidos teriam também residência na nova terra, onde seriam divididos em nações, com fronteiras. – Henry Morris
Seja como for, não parece ferir a Bíblia a ideia de que outros salvos (além da Igreja e do crentes judeus do AT) morariam na nova terra, fora da Nova Jerusalém, mas com total e livre acesso a ela e à presença de Deus, que lá estará.
Is 35.10: embora esteja num trecho mais compatível com o Milênio, é muito forte a noção de eternidade e total aniquilação da tristeza, ou seja, referindo-se ao estado eterno, sendo Sião a Nova Jerusalém.Poderiam ser o que Isaías chamou de “os resgatados do Senhor”:
Mas encerro essa parte reafirmando que o mais provável e seguro é supor que todos os salvos habitarão na Jerusalém e que não sabemos como será a ocupação da nova terra.
4ª. característica:
Extremamente gloriosa
21.11, 18-22
Tem a glória de Deus porque o próprio Deus estará lá.
Além da cidade em geral ter a glória de Deus e ser de ouro puro (incluindo a praça), a estrutura e os doze fundamentos da muralha, assim como as doze portas são comparadas a pedras preciosas.
É difícil a correspondência exata com o nome de cada pedra no hebraico, na época, e como conhecemos hoje.
Seja como for, é evidente a noção de valor, pureza, brilho e variações de cor.
21.23: A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.
Não diz que não haverá um novo sol e nova lua. Apenas não precisará.
Mas o mais provável é que não tenha mesmo, pois a noite perdeu o sentido, com a glória de Deus brilhando o tempo todo: Ap 21.25; 22.5; Is 60.19-20
Interessante: quando fala do novo céu, é para dizer o que não estará lá, não como será.
É como se Deus dissesse: “Eu e os meus anjos e redimidos estaremos na Nova Jerusalém, que estará na nova terra. Isso é suficiente para o momento”.
Na próxima semana veremos as 2 últimas características que anotei, da Nova Jerusalém.
Que Deus nos abençoe. Amém