At 2.14-21 55 minutos 22/01/2023
Mauro Clark
v.14-15
Os onze apóstolos se levantam e Pedro assume a palavra.
Faz um longo e profundo discurso, sempre de modo firme, solene, com muita autoridade.
Logo nega enfaticamente que os discípulos estavam embriagados, com argumento lógico que ainda eram 9h da manhã.
Obviamente surge a pergunta: Se não é bebedeira,então,o que é?
Inicia então o discurso, onde vejo duas grandes partes.
1ª. parte do discurso - v.16-21
A resposta não é simples ou corriqueira: todos testemunhavam ali o cumprimento de uma profecia da Bíblia, mais precisamente do profeta Joel, que profetizou sobre julgamentos e também graça de Deus sobre Israel (perído incerto: 800aC?, 600aC?, 580aC?).
Pedro cita literalmente a profecia - aliás, parte de uma profecia maior (Joel 2.28-32).
Interessante: os v.17-19a, de fato poderiam ser explicação do que estava ocorrendo.
Mas do v.19b até o 21, os acontecimentos profetizados parecem ser de uma magnitude muito maior.
Esse contraste dentro do trecho profético citado é crucial para entendermos o discurso de Pedro.
Vamos nos concentrar primeiro nos v.17-19.
Observações:
1. Se essas coisas eram cumprimento do que Joel falara e ele dissera que aconteceriam nos últimos dias, então obviamente Pedro e seus contemporâneos estavam vivendo os últimos dias.
Últimos dias: expressão larga, abrangendo desde a chegada do Messias (Cristo), até o retorno (2ª. vinda), quando o reino de Deus seria estabelecido literalmente na terra.
Claro que esse período é exatamente a época da Igreja.
2. A essência do que estavam presenciando era um derramamento do Espírito, conforme dito no v.17 e repetido no v.18.
Ora, isso é precisamente o que estava previsto, conforme já explicamos, como sendo a promessa do Pai, que Jesus dissera que estavas prestes a acontecer.
... sobre toda a carne: sobre pessoas comuns, não apenas profetas. (Talvez haja implicação de inclusão dos gentios.
Essa era do Espírito era nova, com características que não haviam no AT.
3. O derramamento do Espírito teria três efeitos sobre pessoas diversas (jovens e velhos, servos e servas):
* profetizariam (citado duas vezes)
* teriam visões e sonhos
As profecias obviamente estavam incluídas no conteúdo do que falavam em línguas estrangeiras.
Quanto às visões e sonhos, poderiam estar ocorrendo já naqueles dias e continuariam a ocorrer dali em diante, pelo menos até certo ponto da história da Igreja.
De fato, ao longo da exposição de Atos veremos vários relatos de visões e sonhos.
4. Quanto aos prodígios em cima no céu e sinais embaixo da terra, vejo três opções:
a. Se referiam, pelo menos, aos fenômenos que estavam ocorrendo no momento.
b. Se referiam ao ministério de Cristo na terra, encerrado 50 dias antes (como veremos logo a seguir.
c. Se referiam ao futuro distante, fazendo parte do texto da segunda metade do v.19 até a primeira metade do v.20, quando há uma mudança radical na magnitude das profecias:
19... sangue, fogo e vapor de fumaça. 20 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue
Obviamente o que estava ocorrendo ali não chegava nem perto da magnitude desses catástrofes. Isso tinha de ser no futuro.
Mas... quando?
A única informação quanto ao tempo vem no final do v.20, e é imprecisa:
v.20... antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor.
“Antes que” não indica uma época específica para todas essas coisas ocorrerem, apenas que será antes de outro evento, o grande e glorioso Dia do Senhor.
Pedro não explica o que e nem quando será esse glorioso evento.
Dia do Senhor: expressão ainda mais larga que “últimos dias”, indica intervenções específicas de Deus, geralmente incluindo julgamentos.
Alguns eventos localizados foram chamados “dia do Senhor”, mas todos apontam para os julgamentos finais da raça humana (que ocorrerão principalmente em duas etapas: Tribulação e Julgamento do Grande Trono Branco), depois do Milênio.
A era eterna, que viria depois da destruição da Terra e céu atuais, também é chamada de Dia do Senhor.
v.21: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Interessante: Pedro está falando de grandes cataclismas, julgamentos e, repente, vai falar de... salvação!
Por que mudou de assunto? Mas, ele NÃO mudou de assunto – muito ao contrário!
As profecias que apontam para grandes ocorrências sobrenaturais que Deus fará servem como alerta para o julgamento dos seres humanos - todos, sem exceção, pecadores.
E esse alerta de Deus sempre é acompanhado da solução, para os que desejam escapar. E a solução é sempre a mesma: buscar salvação nesse mesmo Deus.
Afinal, além de Criador, além de Juiz e vingador , Ele é Salvador!
Pedro explica que o que está acontecendo é parte de uma dessas profecias e não perde tempo para lembrar: do Senhor não vem apenas julgamento, castigo e condenação, mas especialmente salvação!
E, ainda usando Joel mostra como alcançar a salvação: invocando o nome do Senhor.
Invocar: “Na voz média tem o sentido de apelar, demonstrando um interesse especial naquilo pelo qual está clamando”. Dicionário Expositor de Palavras do NT.
Portanto, o invocar a Deus é uma humilde súplica de ajuda, mostrando decisão de levar Deus a sério, de crer na Palavra dEle e disposto a seguir o que Ele ordernar.
Em outras palavras, o invocar a Deus que resulta em salvação só pode ser feito com fé.
E com a vinda do Messias dos judeus e Salvador do mundo, tudo o que envolve salvação, fé, obediência, se concentra na Pessoa e obra de Jesus Cristo.
Por isso mesmo, Pedro imediatamente passa a falar de Cristo, iniciando a segunda parte do discuro (v.22-36). Veremos na próxima semana.
Que Deus nos abençoe. Amém