Na calçada, no momento exato em que passei ao lado da jovem senhora, ela falou no celular, sem o menor esforço para baixar o volume da voz: Eu te amo!
Ela declarava o seu amor a quem? Ao marido? Ao filho? À melhor amiga? Ao pai?
Fiquei curioso e até querendo ter coragem para parar, perguntar de quem se tratava e elogiar a sua carinhosa iniciativa.
Mas isso não importava. Para mim, bastava o prazer de saber que alguém, do outro lado da linha, teve o privilégio de escutar uma das frases mais doces que podem penetrar o ouvido humano. E também de lembrar que ainda existem declarações de amor no mundo - não apenas no profissionalismo dos filmes, na cama de um motel, na hipocrisia de interesses escondidos, mas na simplicidade de um telefone, andando numa calçada em pleno calor do sol.
Teste de memória: para quem, quando e onde foi a última vez que você disse 'Eu te amo'?