Ec 4.9-10 60 minutos 06/06/2021
Mauro Clark
Falei sobre esse texto semana passada, focalizando no aspecto de companheirismo, pois a ideia inicial é de um companheiro (talvez até de trabalho) ajudando o outro fisicamente.
Mas há um tipo de “levantar” muito mais complexo e valioso do que apenas o sentido físico: animar, alegrar, incentivar – não apenas no sentido psicológico, mas espiritual.
Nesse caso, precisará mais que apenas uma pessoa ao lado, mas um amigo, que logo se disporá a dar todo o tipo de ajuda que lhe for possível.
Então, partindo da ideia de companheirismo, vamos explorar agora o conceito bíblico de amizade, pois um bom companheiro poderá se tornar um grande amigo.
Vemos, portanto, que essa passagem de Eclesiastes termina sendo a base para descrever uma das coisas mais valiosas na vida: um amigo verdadeiro.
Antes de tudo, a Bíblia fala em dois tipos de amigos - Pv 18.24a
1. O amigo que faz parte de um grande grupo de outros amigos.
Parece que a Bíblia não valoriza muito esse tipo de amizade, a ponto de praticamente dizer que é desvantagem tê-los.
São “amigos”, bem diferentes do segundo tipo:
2. O amigo mais chegado que um irmão.
Como o normal é alguém ter poucos irmãos e se dar muito bem com eles, isso significa que esse tipo de amigo, além de extremamente especial, é muito raro.
Talvez um dos motivos da raridade de uma amizade desse quilate, é que uma amizade demanda muito tempo para ser feitas, centenas de horas de conversa, de entrosamento. E tempo é produto que poucos sabem valorizar e aproveitar bem.
Ex.: Davi e Jônatas - 1Sm 18.1; 20.17; 2Sm 1.26
Jonas dando a Davi o tipo de ajuda espiritual da qual falei: 1Sm 23.15-18
Mais algumas características do verdadeiro amigo (claro que a falta dessas características num relacionamento, mostra que o outro é “amigo” e não amigo):
* Horas de angústia são propícias para produzir um verdadeiro amigo: Pv 17.17b
Do jeito que ninguém gosta de passar por angústia, também é comum não se gostar de ver angústia, de estar perto de quem está sofrendo, ou seja de chorar com o que chora.
Nesses momentos, os amigos do primeiro tipo dão um tapinha nas costas e acompanham à distância.
É quando surge alguém que nem era tão amigo e se mostra valioso. E ali se forma uma grande amizade.
* Não apenas na angústia o amigo está lá, mas em qualquer situação: Pv 17.17a.
A porta do coração de um amigo está aberta 24 horas por dia, seja para que for:
- ANIMAR: Onesíforo a Paulo (que estava preso): 2Tm 1.16-18
- FAZER COMPANHIA: Eliseu com Elias: 2Re 2.2,4,6
- AJUDAR ATIVAMENTE (ATÉ COM RISCOS):
Husai com Davi, na fuga: 2Sm 15.37 (Husai concordou em voltar a Jerusalém e dar para Jeroboão conselhos úteis a Davi).
- ACONSELHAR DE MODO APROPRIADO: Pv 27.9
Vejam os termos: perfume, alegrar, doçura, cordial.
Não é apenas “aconselhar”, mas com ternura, habilidade, cuidado.
Isso é importante, pois há conselho dado de forma dura, descuidada, que magoa.
* Dois verdadeiros amigos, aperfeiçoam um ao outro, mesmo que saia “faísca”: Pv 27.17
Mas não é só de conselhos cordiais que é feita uma boa amizade.
É comum numa boa amizade discussões acaloradas, discordâncias de pontos de vista. Mas se há amizade, não apenas o propósito será benigno, mas o espírito será pacífico, desarmado. E ambos sairão lucrando.
* Boas e antigas amizades devem ser preservadas: Pv 27.10a
Uma boa amizade pode ter momentos difíceis, em que os dois não concordam, ou alguma coisa não agrada ao outro, ou simples indisposição de ambos, ou um está desanimado.
Mas se é amizade verdadeira, o brilho pode até variar, mas a essência será preservada.
Três sugestões:
1. Agradeça a Deus pelos seus poucos e verdadeiros amigos que Ele lhe deu.
2. Se você sente falta de uma boa amizade, peça a Deus e fique atento para reconhecer quando chegar. E não apenas reconhecer, mas investir nessa amizade.
3. Agradeça a Deus pelo maior e mais especial amigo que você tem: Cristo! Jo 15.13-15
Que Deus no abençoe. Amém