9 É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. 10Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.############
Terminei a pregação passada perguntando se a preferencia de Paulo de querer deixar o corpo e ir para o céu, além de ser apenas um sentimento interno, tinha consequências práticas na vida dele.
Sim, certamente tinha consequências práticas extremamente importantes na vida dele:
v.9
É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.
... nos eforçamos: φιλοτιμεομαι philotimeomai: lit.: ser movido pelo amor à honra; met.: 1:
ser ambicioso; 2) esforçar-se ardentemente, torná-lo seu objetivo
para lhe sermos agradáveis
Alguns pregadores e professores, não gostam da ideia de “esforço” para qualquer aspecto da vida cristã.
Primeiro, porque pode confundir com salvação pelas obras, que é anti-bíblico, já que é pela graça da fé: Ef 2.8-10.
E mesmo que não se refira à salvação em si, a noção de esforço para o crescimento cristão também pode parecer estranho, pois a própria santificação é obra de Deus, também é pela graça e sem Cristo nada podemos fazer.
Tudo isso está certo, com um detalhe: a própria Bíblia fala em esforço ou iniciativa para a salvação: Lc 13.23-24; Jo 6.27-29; 5.39-40
E uma vez salvos,que se esforcem para uma vida cristã saudável e produtiva: Fp 2.12-13; 1Co 9.24-27; Gl 6.9; Hb 4.11; 6.11; 12.1
Tudo isso, além da nossa própria passagem, em que Paulo diz explicitamente que se esforça para agradar a Deus.
Como explicar essa aparente contradição?Sem entrar em muitos detalhes, penso assim:
Nesta vida jamais iremos compreender de maneira total e absoluta.
Mesmo assim, é razoável concluir que Deus, na Sua soberania e total poder, espera ver no pecador uma vontade, um desejo, uma iniciativa no rumo da salvação - mesmo que essa iniciativa, se houver, será motivada pelo próprio Espírito de Deus.
Da mesma forma, Deus na Sua soberania e total poder, espera ver no crente uma vontade, esforço, uma iniciativa no processo da santificação, mesmo que essa iniciativa e esforço seja motivada e possibilitada pelo próprio Espírito Santo que habita no crente.
Voltando: pela 3ª. vez o mesmo par de verbos:
presentes: εκδημεω ekdemeo
ausentes: ενδημεω endemeo
Paulo diz que o crente, quer presente ou ausente, deve se esforçar para agradar a Deus.
Mas presente ou ausente como?
Presente no corpo ou ausente do corpo, ou seja, morto, ou seja, no céu!
Quer esteja vivendo na terra ou no céu, o crente deve se esforçar em agradar a Deus.
A rigor, penso que o verbo “esforçar-se” deve se aplicar para a vida na terra, enquanto lutamos contra a carne e o diabo.
No céu, nosso desejo de agradar a Deus será de outra intensidade e não encontrará mais resistência.
Antes de continuar, pergunto: você tem se esforçado para agradar a Deus no seu corpo?
(*)
... lhe sermos agradáveis
Mas, sendo mais específico, como agradar a um Deus tão poderoso, misterioso?
Se Ele ao mesmo desse algumas dicas! Ele deu, e muitas! Apenas algumas:
* Rm 14.14-21: consideração com sensibilidade do irmão, numa vida caracterizada por justiça, paz e alegria no Espírito Santo
* 1Sm 15.22: obedecer
* Sl 69.29-33: louvar a Deus, especialmente em momentos de angústia
* Rm 12.1: culto racional
racional: gr. λογικος logikos: que pertence à razão ou à lógica, mesmo sendo espiritual e, portanto, relacionado com a alma; genuíno; verdadeiro.
* Hb 12.28: enquanto retemos a graça, tratar a Deus com reverência e santo temor
Por mais prazeroso que seja se esforçar para agradar a Deus, Paulo lembra que isso é altamente necessário, sábio e prudente, porque daremos conta diante de Cristo:
v.10
todos nós: crentes
comparecer: gr φανεροω phaneroo: tornar manifesto ou visível ou conhecido o que estava escondido ou era desconhecido
É mais forte do que “comparecer”. Estaremos desnudos, abertos, sem segredos.
tribunal de Cristo: βημα bema: um lugar elevado no qual se sobe por meio de degraus; plataforma, tribuna, assento oficial de um juíz
Passagem clássica que fala do único julgamento referido na Bíblia a que os crentes estarão sujeitos depois da morte. o Tribunal de Cristo.
O que será julgado não será o destino eterno, pois esse já está definido: Jo 5.24; Rm 8.1
Mas serão avaliadas as obras que o crente tiver praticado - bem ou mal.
E o resultado? Receber segundo o bem ou mal que tiver praticado.
Mas receber exatamente o que? O texto não responde.
Como o crente não sofrerá após a morte, conclui-se que se trata de ganho ou perda de galardões pelo que se disse e fez: 1Co 3.10-15
Dano: gr. prejuízo, perda.
Galardões pelas boas obras: Ap 22.12; 1Re 8.32; Is 3.10-11; Rm 2.5-8; 1Co 4.5
O Tribunal de Cristo é diferente do Julgamento do Grande Trono Branco, exclusivo para os não crentes: Ap 20.11-15
... por meio do corpo
Certo que o pecado se origina no coração, no íntimo- uma ofensa antes de tudo espiritual.
Mas não exagere nesse raciocínio a ponto de achar que o corpo tem pouca importância nos seus pecados.
É através do corpo que o pecado se consuma, se manifesta de forma visível.
Antes de tudo, a sua mente funciona através do cérebro, que é físico, é corpo.
E todos os outros órgãos geralmente são utilizados na prática do pecado.
Fiz há pouco a pergunta: você tem se esforçado para agradar a Deus no seu corpo?
Termino fazendo um complemento a essa pergunta: o esforço para agradar a Deus no corpo, começa com uma providência fundamental: não fazer o mal através desse corpo.
Em suma: tudo o que você faz através do seu corpo é como um investimento para o futuro: poderá ser um grande investimento, a ser transformado em maravilhosos e eternos galardões. Mas poderá ser um péssimo investimento, que lhe dará prejuízo e perdas também eternas.
Jesus Cristo comprou o seu corpo com o sangue dEle.
Ele é digno de que você empregue bem o que é dEle, para a glória dEle.
E você, amigo, escape do terrível Julgamento do Grande Trono Branco! Vá a Cristo!
Deus nos abençoe. Amém