2Co 12.19-13.13 56 minutos 06/03/2016
Mauro Clark
Hoje veremos mais dois pontos e encerraremos 2Co.
1. A fraqueza e o poder de Cristo
No meio do v.3, ao dizer que Cristo falava através dele, Paulo abre um parênteses, para fazer um comentário específico sobre Ele, Cristo.
... o qual não é fraco para convosco...
Por que Paulo desvia o assunto para dizer que Cristo não é fraco para com eles?
Talvez por causa de 12.9-10, em que falou 4 vezes sobre a fraqueza dele, Paulo.
É como se dissesse: “Sim, eu sei que sou um homem sujeito a grandes fraquezas, mas isso não anula a autoridade que tenho sobre vocês, pois me foi dada por Cristo e este, sim, não é fraco no trato com vocês!”
... antes é poderoso em vós
Observe as expressões “para convosco” e “em vós”.
Paulo não está falando do poder absoluto de Cristo (isso ele fará no v.4), mas no poder de Cristo em relação aos coríntios.
Cristo não é fraco para com eles, antes é poderoso ao atuar neles e no meio deles.
Embora o assunto seja o poder de Cristo na igreja, através de Paulo, o alvo do trabalho de Cristo no crente é interno, através do próprio Espírito dEle que habita no crente.
Olhando por esse prisma, qualquer participação humana na situação espiritual de um crente é como mero instrumento: seja pastor, professor, conselheiro, etc.
Nenhum deles tem poder para aumentar intrinsicamente a santidade do crente, para fortificá-lo espiritualmente.
Lições para quem pastoreia, quem ensina:
1. Não se sentir arrogante pela função
2. Não ir para outro extremo e descuidar da obrigação, achando que não tem nenhuma importância no crescimento do irmão.
A importância é suprir o crente de elementos para Cristo, através do Espírito Santo, atuar no espírito do crente.
E, claro que esse suprimento, mesmo meramente instrumental, é muito importante.
E a falta desse suprimento influenciará de maneira negativa na fé do irmão.
Bisturi não opera, mas, enferrujado, faz grande estrago.
Lições para quem ouve:
1. Embora reconhecendo que o pastor é um instrumento de Deus na sua vida, o crente não deve valorizar exageradamente o pastor.
2. Humanamente falando, se alguém é o grande responsável pelo crescimento ou diminuição da sua intimidade com Cristo, esse alguém é você mesmo.
3. O crente pode ser bem ousado quando pensar em desenvolver a própria estatura espiritual, pois conta com o poder do próprio Deus à sua disposição.
Voltando:
Paulo resolve aprofundar um pouco mais o assunto “fraqueza x poder” de Cristo.
v.4a:
Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza...
Foco na natureza humana de Jesus: Ele estava lá na cruz, dolorido, sem ar, com sede, humilhado, ridicularizado e, por fim, morrendo. Que grande fraqueza!
Mas isso é passado: não há absolutamente nada de fraqueza nEle hoje:
... contudo, vive pelo poder de Deus
Hoje Ele está totalmente envolvido pelo poder de Deus (Pai).Fraqueza não O atinge mais.
Pergunta: Por que Paulo não disse que Ele vive pelo próprio poder? Ele não é Deus?
Claro que, como Deus, Ele tem vida por Si mesmo. Mas aqui está em foco a natureza humana de Jesus.
Como homem, Ele precisa de poder divino para continuar vivo. O Pai lhe dá esse poder.
Mas há algo mais: podemos dizer que qualquer crente tem vida eterna e vive pelo poder de Deus.
Mas no caso de Cristo, esse “viver pelo poder de Deus” é muitíssimo mais: inclui recebimento e exercício do pleno poder de Deus.
Sempre dizemos que Jesus tem toda a autoridade no céu e na terra: Mt 28.18.
Mas poucos notam o detalhe: toda a autoridade ME FOI DADA no céu...
E quem deu? Deus Pai.
Paulo não deixa passar oportunidade para aplicar essa doutrina na prática.
E é o que ele faz, aplicando para si próprio:
v4b
... somos fracos nele, ... viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus.
Se até com Cristo houve momentos de fraqueza quanto mais com Paulo.
E se Cristo vive pelo poder de Deus, Paulo também, pois está em Cristo. 2Co 4.10-11
Mesma coisa com qualquer crente. Ele é fraco, mas se é membro de Cristo e Cristo vive pelo poder de Deus, então o crente também vive pelo poder de Deus.
... viveremos, com ele, PARA VÓS OUTROS:
Interessante: claro que a vida de Paulo em Cristo não depende de ninguém.
Mas ele dá um SENTIDO PRÁTICO à sua vida em Cristo, focalizando o bem dos irmãos.
Como se dissesse: “O meu bem mais valioso é minha vida em Cristo. Pois eu não quero usufruir sozinho, quero colocar esse tesouro a serviço dos vocês. Tudo o que tenho de bom oriundo da minha vida em Cristo, quero compartilhar com vocês.”
2. Despedida e final da carta:
v.11
Adeus: lit. “alegrai-vos”, como uma saudação, tipo “Boa noite”.
Quatro exortações concentradas:
Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz
consolai-vos: melhor tradução: sede admoestados
As duas últimas focalizam o problema da brigas e divisões.
... e o Deus de amor e de paz estará convosco
A paz entre eles seria o terreno ideal para Deus derramar o amor e a paz dEle.
Como se dissesse: “Querem a paz de Deus? Cultivem a paz entre vocês mesmos!”
v. 12
Ósculo santo: mesmo sendo costume da época, deveria ser feito no mais puro espírito cristão. Depois, caiu em desuso.
v. 13:
Passagem em que a Trindade aparece com mais cristalinidade.
Depois de tanta coisa dita, Paulo entrega os coríntios nas mãos do Deus Todo Poderoso.
“Continuem na graça de Cristo. Agradeçam ao Pai pelo amor dEle. E vivam numa comunhão proporcionada pelo Espírito Santo que habita em cada um de vocês, crentes”.
O que mais Paulo poderia desejar para irmãos tão queridos?
Que Deus nos abençoe. Amém.