IGREJA LOCAL: PODER PARA DECIDIR (JULGAMENTO PERMITIDO - 3/4)
Estamos vendo 4 tipos de JULGAMENTOS PERMITIDOS pela Bíblia.
1. Permitido julgar pela RETA JUSTIÇA
2. Permitido julgar pessoas por ações biblicamente erradas, i.e., pecados
3. Permitido julgar coletivamente (como igreja) costumes e procedimentos
4. Permitido julgar brigas entre irmãos
3. Permitido julgar coletivamente (como igreja) costumes e procedimentos
Na pregação passada falamos sobre a igreja julgar membro em pecado.
Hoje veremos a permissão e dever da igreja julgar costumes e procedimentos que não estão claramente contidos na Bíblia como aprovados ou não.
Antes de tudo, vejamos sobre a autoridade da igreja em julgar.
Mt 18.15-18
Na pregação passada comentei essa passagem, mas parei no v.17, pois ali só interessava mostrar que a igreja tem autorização para julgar um irmão com um comportamento errado ou que está causando problema.
No versículo 18, ao concluir a questão, Jesus Cristo estabelece um princípio vital para o funcionamento da igreja dEle: a igreja local, como um corpo, tem autoridade para legislar sobre qualquer assunto relacionado com a vida cristã, julgar comportamentos de seus membros e dar o veredito sobre o que fazer quanto à relação deles com a igreja, podendo chegar ao extremo de expulsá-los de seu meio.
Impressionante é a força que Cristo dá a decisão da igreja, ao dizer que o que a igreja decidir tem aprovação do próprio Deus lá no céu!
Quer dizer que se uma igreja, em sessão, autorizar um membro a ter uma esposa e três amantes, está aprovado no céu?
Claro que não: no “tudo o que ligardes” e “tudo o que desligardes” de Cristo, é implícito a utilização cuidadosíssima dos princípios e padrões bíblicos. Is 8.20; At 17.11
Vemos aí o tamanho da responsabilidade da igreja ao estabelecer o que aprova e o que não aprova nos seus membros e julgá-los de acordo.
Outras passagens semelhantes: Mt 16.18-19; Jo 20.21-23
Jesus incentivava os crentes a julgarem:
Lc 12.57: já comentei com detalhes em pregação passada.
Ap 2.1-2: já imaginaram a dificuldade desse julgamento? Mas fizeram!
Paulo também exortava de modo semelhante:
1Ts 5.21-22:
Julgai todas as coisas, retende o que é bom, abstende-vos de toda forma de mal.
Julgai: gr δοκιμαζω dokimazo: testar, examinar, provar, verificar se é genuína
Aqui tem o sentido de julgamento, pois é “testar para decidir se aceita ou não”.
Alguns acham que refere apenas às profecias (v.20).
Eu discordo, pois pelo contexto é abrangente. O v. 22, por exemplo, que é continuação do 21, é claramente abrangente.
Em suma, Paulo dá à igreja autoridade para julgar/examinar qualquer coisa que venha a ser necessário. O que é bom ela aprova e adota. O que é mau, reprova e recusa.
Claro que “qualquer coisa” refere-se a algo que a Bíblia não trata diretamente, pois se tratasse, a igreja não precisaria julgar, já estava julgado!
Por 2 vezes, pelo menos, Paulo exortou à igreja de Corinto a julgar assuntos que a Palavra de Deus não tratava diretamente (faltava o NT completo):
a. 1Co 10.14-15: Paulo vai falar sobre a participação de crentes em cultos idólatras e exorta os irmãos a julgarem se o que ele dizia era correto.
(Não que Paulo estivesse admitindo a possibilidade de estar errado. Ao contrário, estava tão seguro que convidou os irmãos a julgarem, certo de que eles concordariam com ele).
b. 1Co 14. 29: a igreja deveria julgar os pronunciamentos dos que se levantavam durante o culto dizendo que tinham profecia (esta passagem não é aplicável para a nossa igreja hoje, pois entendemos que não há mais profecia).
Dois casos concretos:
1) Igreja de Jerusalém examinando e decidindo sobre circuncisão dos gentios convertidos: At 15.1-5, 22-29
2) Igreja de Antioquia: decisão de enviar missionários: At 13.1-3; 14.25-27
Ao longo da história, cada igreja se viu obrigada a decidir sobre assuntos que a Bíblia não comenta diretamente, mas que fazia parte dos costumes da sociedade na época e precisavam ser resolvidos. Até hoje continua assim.
Exemplos sobre os quais é importante cada igreja ter posição clara:
* Namoro com não crente
* Consumir costumeiramente bebida alcoólica de maneira pública
Outras questões precisam ser examinadas caso a caso, pois são mais “cinza”:
* Envolvimento fraco e insatisfatório com a igreja, conforme avaliação da igreja
* Roupas e acessórios considerados inconvenientes pela igreja
A decisão pode estar contida no Estatuto, ou tomada em sessão. Em casos menores, os líderes resolvem e a igreja implicitamente aprova.
Pergunta:
Se uma igreja não aprova namoro misto e outra aprova, o que está valendo no céu?
Está valendo que para aquela igreja que não aprova, os membros não devem namorar descrentes e, caso o façam, respeitar a disciplina que venham a receber.
E para a igreja que aprova, os membros, em termos de ligação com a igreja, estão autorizados a namorar com descrentes.
Mas há duas considerações:
1. A igreja, como um todo, especialmente os pastores, darão conta a Deus do que aprovam ou deixam de aprovar.
2. A consciência do próprio crente. Se for contra a própria consciência, mesmo que a igreja aprove, ele terá de prestar contas com Deus.
Resumindo e encerrando:
O fato é que é permitido a igreja julgar sobre que assunto que achar necessário, não diretamente tratado na Bíblia.
Que Deus nos ajude a julgarmos todas as coisas, com sabedoria para retermos o que é bom e rejeitar o que é mau. Amém