PREGAÇÃO

Igreja local: poder para decidir (Julg. Permitido - 3/4)

      67 minutos      26/11/2017         

Mauro Clark


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IGREJA LOCAL: PODER PARA DECIDIR (JULGAMENTO PERMITIDO - 3/4)

 

Estamos vendo 4 tipos de JULGAMENTOS PERMITIDOS pela Bíblia.

1.     Permitido julgar pela RETA JUSTIÇA

2.     Permitido julgar pessoas por ações biblicamente erradas, i.e., pecados

3.     Permitido julgar coletivamente (como igreja) costumes e procedimentos

4.     Permitido julgar brigas entre irmãos

 

3. Permitido julgar coletivamente (como igreja) costumes e procedimentos

Na pregação passada falamos sobre a igreja julgar membro em pecado.

Hoje veremos a permissão e dever da igreja julgar costumes e procedimentos que não estão claramente contidos na Bíblia como aprovados ou não.

 

Antes de tudo, vejamos sobre a autoridade da igreja em julgar.

Mt 18.15-18

Na pregação passada comentei essa passagem, mas parei no v.17, pois ali só interessava mostrar que a igreja tem autorização para julgar um irmão com um comportamento errado ou que está causando problema.

No versículo 18, ao concluir a questão, Jesus Cristo estabelece um princípio vital para o funcionamento da igreja dEle: a igreja local, como um corpo, tem autoridade para legislar sobre qualquer assunto relacionado com a vida cristã, julgar comportamentos de seus membros e dar o veredito sobre o que fazer quanto à relação deles com a igreja, podendo chegar ao extremo de expulsá-los de seu meio.

Impressionante é a força que Cristo dá a decisão da igreja, ao dizer que o que a igreja decidir tem aprovação do próprio Deus lá no céu!

Quer dizer que se uma igreja, em sessão, autorizar um membro a ter uma esposa e três amantes, está aprovado no céu?

Claro que não: no “tudo o que ligardes” e “tudo o que desligardes” de Cristo, é implícito a utilização cuidadosíssima dos princípios e padrões bíblicos. Is 8.20; At 17.11

Vemos aí o tamanho da responsabilidade da igreja ao estabelecer o que aprova e o que não aprova nos seus membros e julgá-los de acordo.

 

Outras passagens semelhantes: Mt 16.18-19; Jo 20.21-23

 

Jesus incentivava os crentes a julgarem:

Lc 12.57: já comentei com detalhes em pregação passada.

Ap 2.1-2: já imaginaram a dificuldade desse julgamento? Mas fizeram!

 

Paulo também exortava de modo semelhante:

1Ts 5.21-22:

Julgai todas as coisas, retende o que é bom, abstende-vos de toda forma de mal.

Julgai: gr δοκιμαζω dokimazo: testar, examinar, provar, verificar se é genuína

Aqui tem o sentido de julgamento, pois é “testar para decidir se aceita ou não”.

Alguns acham que refere apenas às profecias (v.20).

Eu discordo, pois pelo contexto é abrangente. O v. 22, por exemplo, que é continuação do 21, é claramente abrangente.

Em suma, Paulo dá à igreja autoridade para julgar/examinar qualquer coisa que venha a ser necessário. O que é bom ela aprova e adota. O que é mau, reprova e recusa.

Claro que “qualquer coisa” refere-se a algo que a Bíblia não trata diretamente, pois se tratasse, a igreja não precisaria julgar, já estava julgado!

 

Por 2 vezes, pelo menos, Paulo exortou à igreja de Corinto a julgar assuntos que a Palavra de Deus não tratava diretamente (faltava o NT completo):

a. 1Co 10.14-15: Paulo vai falar sobre a participação de crentes em cultos idólatras e exorta os irmãos a julgarem se o que ele dizia era correto.

(Não que Paulo estivesse admitindo a possibilidade de estar errado. Ao contrário, estava tão seguro que convidou os irmãos a julgarem, certo de que eles concordariam com ele).

 

b. 1Co 14. 29: a igreja deveria julgar os pronunciamentos dos que se levantavam durante o culto dizendo que tinham profecia (esta passagem não é aplicável para a nossa igreja hoje, pois entendemos que não há mais profecia).

 

Dois casos concretos:

1) Igreja de Jerusalém examinando e decidindo sobre circuncisão dos gentios convertidos: At 15.1-5, 22-29

 

2) Igreja de Antioquia: decisão de enviar missionários: At 13.1-3; 14.25-27

 

Ao longo da história, cada igreja se viu obrigada a decidir sobre assuntos que a Bíblia não comenta diretamente, mas que fazia parte dos costumes da sociedade na época e precisavam ser resolvidos. Até hoje continua assim.

Exemplos sobre os quais é importante cada igreja ter posição clara:

* Namoro com não crente

* Consumir costumeiramente bebida alcoólica de maneira pública

 

Outras questões precisam ser examinadas caso a caso, pois são mais “cinza”:

* Envolvimento fraco e insatisfatório com a igreja, conforme avaliação da igreja

* Roupas e acessórios considerados inconvenientes pela igreja

 

A decisão pode estar contida no Estatuto, ou tomada em sessão. Em casos menores, os líderes resolvem e a igreja implicitamente aprova.

 

Pergunta:

Se uma igreja não aprova namoro misto e outra aprova, o que está valendo no céu?

Está valendo que para aquela igreja que não aprova, os membros não devem namorar descrentes e, caso o façam, respeitar a disciplina que venham a receber.

E para a igreja que aprova, os membros, em termos de ligação com a igreja, estão autorizados a namorar com descrentes.

Mas há duas considerações:

1. A igreja, como um todo, especialmente os pastores, darão conta a Deus do que aprovam ou deixam de aprovar.

2. A consciência do próprio crente. Se for contra a própria consciência, mesmo que a igreja aprove, ele terá de prestar contas com Deus.

 

Resumindo e encerrando:

O fato é que é permitido a igreja julgar sobre que assunto que achar necessário, não diretamente tratado na Bíblia.

Que Deus nos ajude a julgarmos todas as coisas, com sabedoria para retermos o que é bom e rejeitar o que é mau. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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