PREGAÇÃO

Irmão, julgue a nossa briga! Julgamento Permitido - 4/4

      61 minutos      03/12/2017         

Mauro Clark


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Irmão, julgue a nossa briga! (Julgamento permitido – 4/4)

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Estamos estudando 4 tipos de JULGAMENTOS PERMITIDOS pela Bíblia.

1. Permitido julgar pela RETA JUSTIÇA.

2. Permitido julgar pessoas por ações erradas (sem entrar no mérito das intenções).

3. Permitido julgar (como igreja) procedimentos não tratados diretamente pela Bíblia

 

Hoje veremos o 4. Permitido julgar brigas entre irmãos, se solicitado

 1Co 6.1-10

Este é um aspecto bem particular da questão de julgamento.

Mas vale a pena tratar pois contém muitas lições valiosas.

v.1

Entre os muitos problemas da igreja de Corinto, havia o de irmãos com questões contra irmãos e uns levando os outros para a Justiça.

Paulo condena o procedimento com linguagem forte e se mostra inconformado:

Por que não leva o assunto para ser julgado perante os santos (crentes)?

 

Podemos imaginar o diálogo:

- Ora, Paulo, porque os santos crentes não têm competência para isso!

- O que? Quem disse isso?

 

v.2-3

Revelação fantástica: os santos (crentes) vão julgar o mundo. (Mt 19.28; Ap 3.21)

Aliás, mais ainda: os crentes vão julgar até mesmo os anjos! (2Pe 2.4; Jd 6)

Não detalharei, pois não expondo o texto apenas no contexto de julgamento.

 

A conclusão é de uma lógica perfeita: se os crentes vão atuar como juízes em julgamentos complexos e envolvendo valores espirituais e eternos, quanto mais coisas mínimas ou seja, cousas desta vida.

Pois é, coisas que, para você, são importantíssimas, urgentes, imperativas, obrigatórias, decisórias, inadiáveis, etc, aos olhos de Deus são coisas... mínimas!

Desconcertante, não?

 

Voltando:

O fato é que os crentes de Corinto estavam cometendo a insensatez de colocar as questões entre eles nas mãos de juízes da cidade.

A Bíblia usa não menos que 4 maneiras para descrever um juiz não crente (v.1, 4,6)

E aqui não se trata de um advogado qualquer, mas de um juiz!

 

Mesmo assim, veja o ângulo pelo qual Deus (via Paulo) vê juízes não crentes:

1. injustos (v.1): aqui não no sentido comum de não ser justo, razoável, mas teologicamente um pecador sem justificação diante de Deus.

O próprio contraste injusto x santo esclarece isso.

 

2. ... incrédulos (v.6) –  não crentes.

3 ... não herdarão o reino de Deus (v.9a)

Sabe o que isso significa? Que eles irão para o inferno!

 

4 ... não tem nenhuma aceitação na igreja (v.4)

não ter nenhuma aceitação: grego: “ser sem importância, como nada”.

 

Não é que Paulo estava negando a autoridade inerente a um juiz.

Mas deixava claro que, não sendo crente em Jesus Cristo, no âmbito da igreja, não significava nada.

Para esse efeito, não interessa se eles têm aceitação nos tribunais, se conhecem bem a lei, se são pessoas respeitadas na sociedade.

 

Na questão de julgamento de crentes o fórum reconhecido por Deus é a igreja!

Lembre-se que a única instituição divina na terra é a igreja.

(Isso não anula o fato de que Deus reconhece as autoridades terrenas e manda que as respeitemos e as obedeçamos sempre que possível).

Em suma, o reconhecimento pela igreja é que dá legitimidade à autoridade de um crente julgar um caso entre outros crentes.

 

Quase podemos ouvir Paulo perguntando: “Alguém que é injusto (teologicamente), incrédulo e não vai herdar o reino de Deus - como poderá julgar os herdeiros do reino de Deus, como pode ter algum valor na igreja?” Simplesmente, não tem!

 

Bom exemplo de que, mesmo alguém importante no mundo, se não for crente, não tem valor na igreja (em termos de autoridade, não de valor humano).

 

Aí vem a dura repreensão:

v. 5a: vergonha - Palavra forte.

 

Geralmente quando a Bíblia condena um procedimento errado, apresenta a solução.

Erro: submeter a um incrédulo problemas entre crentes, irmãos em Cristo.

Solução:

Na realidade, há dois níveis de solução. Se um não funcionar, aciona o outro.

1o. nível:

v.7-8: Sofra a injustiça.

Quando dois se desentendem, cada um acha que está certo e outro errado. Se um ceder, acha que está sendo prejudicado, sofrendo uma injustiça.

Solução mais nobre possível: ceda! Sofra a injustiça, sofra o dano!

Atitude totalmente afinada com Jesus: Mt 5.38-42

Se um deles agir assim, a briga encerrará imediatamente.

Se nenhum ceder, a briga continuará.

E Paulo é duro aqui: só em vocês não cederem, já é uma derrota.

E mais: é como se fosse uma injustiça ao irmão não ceder à injustiça que eu acho que ele me fazendo!

É como se eu causasse um dano ao irmão caso eu sofra o dando que eu acho que ele está me causando!

Irmãos, como isso está longe do nosso proceder diário!

 

Seja como for, mesmo sendo uma vergonha e uma derrota, digamos que nenhum dos dois ceda.

Entra o 2o. nível da solução:

 

v.5b:  um sábio entre vós que possa julgar no meio da irmandade

Duas condições para esse “juiz particular”:

1) Ser crente (entre vós) (justificado, aceito pela igreja, e herdeiro do reino de Deus).

2) Ser sábio

Para julgar os crentes, não seria suficiente apenas ser outro crente.

Teria de ter sabedoria – obviamente uma sabedoria do alto, dada pelo Espírito Santo.

Curioso é que Paulo não esperava uma farta opção de irmãos habilitados.

Ele sabia que não seria fácil encontrar.

Mesmo assim, recusa-se a acreditar que não houvesse nem ao menos um!

Como se dissesse: “Tem que haver, procurem!”

 

Duas observações:

1. Deus, via Paulo, separa em dois níveis diferentes os crentes e os incrédulos

Os crentes constituem um povo à parte e devem resolver seus problemas internamente.

É como se fosse profundamente irritante para o próprio Deus ver Seus filhos em Cristo sendo julgados por pessoas que não são dEle, mas do mundo, incrédulas.

Aos olhos de Deus, incrédulos são desqualificados para julgarem os filhos dEle.

 

Vemos aqui uma faceta da importante e mal compreendida questão da separação bíblica.

Quando falamos em separação, pensamos em casamento, sociedade, namoro.

Aqui entra outro item: crente em litígio com outro crente evitar ser julgado por não crentes.

 

2. Importância, nobreza da sabedoria!

Imaginem um crente ser abordado por dois irmãos na igreja:

- Irmão, nós estamos numa desavença sobre um assunto e pedimos que você ouça cada um e julgue o caso. O que você decidir, ambos aceitaremos.

Que privilégio, que honra! Pois você gostaria de ser esse irmão? É só querer: Tg 1.5

 

Pergunta prática e difícil de responder: no caso de irmãos de igrejas diferentes, ou, para complicar mais, de igrejas de denominações diferentes?

A rigor, contexto de 1Co é implícito que trata da mesma igreja.

Mas isso não significa que desprezaremos totalmente essa passagem no caso de irmãos outras igrejas.

Embora seja difícil alistar regras, alguns fatores devem ser examinados:

* Se cada um tem o mínimo conhecimento do outro para avaliar coerência de vida e se sentir confortável de considerá-lo ou não um irmão em Cristo

* Se as igrejas a que pertencem são parecidas em doutrina

* Se conseguem encontrar um 3o. crente que ambos conhecem e confiem como juiz

 

Seja como for, é importante ter em mente o princípio de que Deus não se agrada de que crentes levem desavenças para a Justiça.

Se algum dia enfrentarmos uma situação assim, que Deus nos dê sabedoria para agir de maneira que não O desagrade.

 

Que cada um de nós tenha diante de Deus a responsabilidade para conhecermos bem o que a Bíblia aprova e o que reprova quanto ao julgamento entre pessoas.

E que o Espírito Santo nos dê sabedoria para aplicarmos bem, para a glória de Cristo!

Que Deus nos abençoe. Amém.

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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