PREGAÇÃO

Você conhece o meu coração? - Julgamento Proibido - 2/4

1Co 4.1-5      60 minutos      22/10/2017         

Mauro Clark


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VOCÊ CONHECE O MEU CORAÇÃO? - JULGAMENTO PROIBIDO 2/4

 

Na Bíblia há tipos de julgamentos proibidos e outros permitidos.

Estamos estudando 4 tipos de julgamentos proibidos.

Já vimos o primeiro: proibido julgar com atitude interna de superioridade pessoal.

 

Hoje veremos o segundo:

1Co 4.1-5

 

2. Proibido julgar desígnios dos corações

Além das divisões na igreja de Corinto sobre Paulo, Pedro e Apolo, sabemos que Paulo estava sendo duramente criticado por falsos mestres.

O próprio apostolado dele foi posto em dúvida (no cap 9 ele se defende).

Pelo contexto, vemos que estavam julgando não apenas ações de Paulo, mas indo mais longe, julgando propósitos e intenções. Isso é claríssimo em 2Coríntios.

O trecho pode até aparentar alguma arrogância de Paulo ao desprezar o fato de ser julgado pelos irmãos ou por qualquer tipo de tribunal humano.

 

Mas não é bem assim:

1. (v. 1): ele reconhece que é importante ser considerado pelas pessoas como ministro de Cristo e despenseiro dos mistérios de Deus.
Em outra passagem (2Co 5.11) Paulo valoriza, pelo menos até certo ponto, a consciência dos irmãos com relação a ele.

2. (v.2): Lutava intensamente para ser fiel (como qualquer despenseiro deve ser).

3. (v.3): Consultava a própria consciência e não achava nada que o acusasse, ou seja, era rigoroso com as suas motivações internas e estava em paz. (Jó também: Jó 27.6)

4. (v.4): Diz que o juiz final da sua consciência não era ele próprio, mas Cristo.
Ou seja, reconhece que era incapaz de ser juiz confiável dos próprios pensamentos.

 

Em suma, até onde lhe era possível, tinha convicção de que estava tendo o melhor comportamento possível perante todos.

Se mesmo com todo esse cuidado, ainda fosse julgado em suas intenções pelos irmãos ou por alguém, ele nada poderia fazer.

Deus é quem julga a todos, ele se entregava ao julgamento de Deus.

 

No v.5 está a chave da passagem, quando ele deixa ainda mais claro que está falando de propósitos, não de ações externas:

Nada julgais antes do tempo, até que venha o Senhor ...

Esse “nada” é absoluto? Ninguém julga coisa alguma até Cristo voltar? Claro que não!

Ele fala de um tipo de julgamento que somente o Senhor Jesus poderia fazer:

coisas ocultas das trevas e desígnios dos corações

 

É evidente que os coríntios estavam julgando desígnios dos corações – não apenas de Paulo mas certamente de uns dos outros, de outros ministros, etc

E isso era inadmissível, pois cabe somente a Deus fazer esse tipo de julgamento, o que Cristo fará quando chegar a hora. Ver também Rm 2.15-16

 

Passagens sobre o poder exclusivo de Deus para conhecer corações:

Sl 139.1-4; 1Cr 28.9; Jr 17.9-10; Rm 8.26-27

Mt 12.25: conhecendo-lhes os pensamentos (gr: cogitações internas)

Mt 22.18: conhecendo-lhes a malícia (gr: mal, iniquidade)

Mesmo “esvaziado”, Jesus manteve poder para conhecer mentes – não apenas o que as mentes pensavam, mas a essência, o grau de pureza ou impureza do que pensavam!

 

O fato é que Paulo realmente desprezava qualquer tipo de julgamento que envolvesse os propósitos internos do coração dele.

O motivo é óbvio: ninguém tem autoridade de fazer isso.

É um julgamento sem efeito e na maioria das vezes errado e injusto.

 

Exemplos:

1. Judeus a Moisés: Ex 14.11-12

Pergunta é ferina: se você queria nos matar, por que não nos matou logo no Egito?

É como se o motivo de livrar o povo da escravidão fosse apenas “fachada”, pois Moisés tinha outras intenções (aniquilar o povo).

 

2. Eliabe, irmão de Davi: 1Sm 17.28-29.

Eliabe não conhecia o coração do irmão e foi extremamente injusto.

Alguma semelhança entre Eliabe e... você?

 

3. Jerias contra Jeremias: Jr 37.11-14

De fato, Jeremias estava saindo da cidade. Mas o motivo é que foi inventado pelo capitão.

 

Exemplo prático:

O marido deixa pela 3a. vez na semana a roupa usada em cima da cama. E já havia combinado com a mulher que colocaria na roupa suja.
Ela diz: “Eu sei que você está fazendo isso só para se vingar porque eu esqueci de colocar o botão na sua camisa.”
Julgamento inválido, pois presume conhecer o que se passa no coração no marido.
Aliás, pior do que não valer, é pecaminoso, porque assume o papel de Deus!

 

Interessante: julgar o íntimo é tão errado, tão injusto, que causa indignação em nós.

Só que somos grandes praticantes disso! Que vexame!

 

Por que será que caímos tanto nesse erro?

* Mania de querermos ser como Deus, ou seja, DESEJO DE ROUBAR A GLÓRIA dEle!

* Geralmente quando acusamos alguém, de algum modo estamos nos livrando de algo incômodo, ou seja, é por puro COMODISMO e MALDADE

* Como o outro não tem como mostrar o íntimo, não temos como ser desmascarados, e assim, é por COVARDIA que acusamos um coração

 

* Porque gostamos de inventar: Ne 6.8

* Porque nossa carne gosta de difamar o que não compreende: Jd 10

* Como sabemos que, em princípio, todos temos os corações ruins, achamos que podemos acusar quem bem entendermos sobre o que bem entendermos e a chance será alta de acertar.

Tipo “se o pai não sabe porque está batendo, o filho sabe porque está apanhando”.

Mas não é assim! Daremos conta de cada julgamento de coração que fizermos.

 

Que o Senhor nos livre das muitas e constantes tentações de julgarmos as intenções de quem quer que seja. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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