2Co 3.18 58 minutos 20/07/2014
Mauro Clark
Terminei a pregação passada dizendo que Paulo encerrava de modo tão bonito o trecho do v.6-18, que dedicaria toda uma pregação ao v.18.
Nesse trecho Paulo, falando da Velha e da Nova aliança, contrastou a glória desvanecente no rosto de Moisés com a glória permanente em nós e comentou sobre a dureza no coração dos judeus, comparando-a a um véu sobre o coração deles.
E todos nós...
Agora Paulo não se refere somente a Moisés, no ministério da Velha Aliança.
E nem apenas a ele mesmo, no ministério da Nova Aliança.
Mas a TODOS os crentes em Cristo, sem exceção.
Uma das belezas do cristianismo é que todos os que seguem a Cristo se tornam proprietários de uma mesma herança, participantes de uma mesma família, servos de um mesmo Senhor, súditos de um mesmo Rei, adoradores de um mesmo Deus, filhos amados de um mesmo Pai, moradores de uma mesma cidade, recebedores de uma mesma vida eterna.
Sem distinção de cor, raça, cultura, inteligência.
À parte de variação nos galardões, o que vale para um crente, vale para o outro.
... com o rosto desvendado
Contraste com os judeus que tinham véu no coração sem entender a Pessoa de Cristo.
Paulo já dissera no v. 16 que quando um judeu se converte o véu é retirado do coração.
E agora generaliza: todo o que se converte a Cristo - judeu ou gentio - tem o rosto desvendado. Ou seja, não enxergava e passa a enxergar.
Ah, amigo, não admira que a Bíblia compare a incredulidade com cegueira espiritual.
Estado espiritual dos judeus (e de qualquer um sem Deus): Is 59.9-10
Is 9.2 aponta para Cristo: Mt 4.16.
Jesus é luz do mundo: Jo 8.12; 12.46
O trágico é que muitos rejeitaram a luz de Cristo e preferiram ficar nas trevas: Jo 3.19-21
Quem vive em trevas aqui, viverá em trevas eternamente, no inferno: 2Pe 2.4-10,17
Saia dessas trevas, amigo, e corra para a luz de Cristo.
Voltando:
... contemplando como por espelho a glória do Senhor:
contemplando como por espelho: gr κατοπτριζομαι katoptrizomai: fazer refletir, observar-se num espelho
... Senhor: Paulo continua usando o nome “Senhor” sem deixar claro a que Pessoa da Trindade se refere ou se à própria Trindade. Aqui deve se referir a Cristo
Não vemos diretamente a glória do Senhor olhando para o próprio rosto dEle.
Isso ocorrerá quando estivermos com Ele: 1Jo 3.2
(Esse, aliás, é um sonho acordado em que o crente gosta de se embalar: como será o rosto dEle, em toda a Sua glória?)
Hoje contemplamos espiritualmente, com os olhos da fé, crescendo no conhecimento de Deus, no gozo de ter acesso a Ele, no deleite das meditações, no prazer das orações, etc
Acho que Paulo teve um momento alto desse tipo de contemplação quando exclamou, por exemplo, Rm 11.33-36
Sugiro mais um aspecto dessa contemplação indireta, como num espelho: é quando olhamos uns para os outros!
Falei na pregação passada que, ao contrário de Moisés, cujo rosto brilhava apenas por um tempo, nós temos de brilhar 24 horas por dia, por refletirmos a glória de Deus de maneira sobre-excelente e permanente.
Ora, se você reflete algo glória de Deus, os irmãos estão vendo isso em você.
E ao verem, é como se contemplassem indiretamente a glória do próprio Deus!
Que peso sobre o crente, que responsabilidade, que privilégio!
- Essa contemplação indireta da glória de Deus traz algum resultado?
- Sim - responde Paulo - com toda certeza. E um resultado espetacular!
... somos transformados de glória em glória
transformar: grego μεταμορφοω metamorphoo: mudar de forma, transformar, transfigurar (Mt 17.2)
A vida cristã é uma verdadeira metamorfose espiritual, que afeta os pensamentos, as ideias, os padrões, os objetivos e - como não poderia deixar de ser - as atitudes, a maneira prática de viver.
... de glória em glória
A regeneração é repentina. A pessoa é tornada em nova criatura instantaneamente, no momento em que se arrepende e exerce fé em Cristo. É o novo nascimento.
Mas essa nova criatura precisa se desenvolver, como um recém-nascido que irá crescer.
E essa transformação NÃO é repentina, mas passo a passo.
E a medida desse crescimento é glória.
Do modo como a medida do crescimento de um bebê é comprimento, e ele cresce de centímetro em centímetro, a medida da transformação de um crente é glória divina que ele reflete. E vai se transformando de glória em glória!
A foto de um adulto é completamente diferente de quando ele era bebê, as proporções mudaram, o aspecto, tudo!
A transformação tinha um “objetivo”: mudar aquele bebê à imagem de um homem adulto.
E qual o objetivo da transformação de um crente, de glória em glória?
... na sua própria imagem
A imagem do próprio Senhor, de Cristo!
Esse é o objetivo máximo do crente, o estado ideal que ele pode alcançar: tornar-se como o Senhor Jesus Cristo.
Já falei que no céu iremos ver o Senhor como Ele é.
Só que nossa expectativa é muitíssimo maior do que apenas vê-Lo.
O que nosso texto diz é que nós vamos FICAR como Ele! Veja também Ef 4.10-13
Importante: no que Cristo tem de humano, ficaremos iguais a Ele. Mas obviamente jamais seremos Deus como Ele é Deus.
- Quando atingirmos a perfeição da imagem de Cristo, teremos retornado ao ponto em que Adão estava antes de pecar, criado à imagem e semelhança de Deus?
- Não apenas retornado àquele ponto, mas levados muito mais além.
A imagem e semelhança na qual a raça humana foi criada tratava das características de Deus como Pessoa: consciência, noção de existência, etc.
E, claro, a ausência de pecado.
Quando Adão pecou, esse aspecto desapareceu, mas a imagem e semelhança continuou, embora muito deformada.
Quando atingirmos a imagem de Cristo teremos recuperado a beleza dessa semelhança. Só que ainda muito mais. Somos unidos com Cristo de uma forma que Adão jamais foi.
Que expectativa, irmãos, que esperança!
Voltando:
Tudo bem, estamos sendo transformados de glória em glória à imagem de Cristo.
Mas QUEM exatamente efetua essa transformação?
Resposta óbvia seria “o próprio Deus”. E está certa. Mas Paulo quer particularizar mais essa resposta:
... como pelo Senhor, o Espírito
De maneira bem específica, esse trabalho de transformação está a cargo do Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade.
Interessante:
Ao usar agora o termo “Senhor”, de maneira natural e sem explicações, Paulo muda de Cristo para o Espírito Santo!
Imagino que seja proposital, para deixar claro que tanto um como o outro pode ser chamado de Senhor. Tanto Cristo como o Espírito Santo são Pessoas divinas.
Na próxima pregação veremos o que a Bíblia diz sobre a divindade do Espírito Santo.
Termino com uma palavra aos irmãos e outra aos amigos.
Irmão em Cristo: brilhe com gosto, reflita cada vez mais fielmente a imagem de Cristo na sua vida.
Amigo: veja que passagem: Sl 107.10-15
Peça perdão a Deus, aceite Cristo e acontecerá com você o que ocorreu com cada crente: Ef 5.6-8; Cl 1.13-14
Que Deus nos abençoe. Amém