A passagem comenta que Jesus levou muitos filhos de Deus à glória e não hesita em chamá-los de irmãos.
O autor usa um argumento interessante, usando a analogia com a família humana: se irmãos provêm do mesmo sangue e da mesma carne, então Jesus quis assumir também sangue e carne como seus irmãos espirituais. Aqui se refere evidentemente à encarnação dEle.
A identificação dEle com seus irmãos foi tão completa e profunda, que, do modo que seus irmãos morrem, Ele também se entregou à morte.
Ao falar da morte de Jesus, o autor faz um pequeno parêntese para ensinar algo importantíssimo – duas finalidades da morte de Jesus:
1) Destruir aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo.
Diabo: no grego, diabolos, que significa “acusador”. É o mesmo Satanás, do termo hebraico satan, que significa “adversário”. Um ser poderoso, criado como anjo, quis ser igual a Deus. Como não pôde, revoltou-se e levou muitos com ele.
Tornou-se essencialmente maligno, arqui-inimigo de Deus e de todos os que seguem a Deus.
Deve ter sido a primeira criatura no Universo a mentir. Conforme Jesus denunciou, é o pai da mentira. (Jo 8.44)
Em que sentido o Diabo tem o poder da morte?
A morte entrou no mundo quando Adão e Eva pecaram.
Ora, eles pecaram exatamente por terem acreditado em Satanás, que os enganou, na forma de uma serpente. Ou seja, a morte entrou no mundo pelo trabalho do Diabo.
E trabalho eficiente: alcançou o objetivo!
A morte (física e espiritual) contaminou todos os homens, que passaram a nascer separados de Deus. A Terra passou a ser habitada por mortos espirituais.
E de alguma forma que a Bíblia não explica, Deus permitiu que o Diabo exercesse grande poder nesse mundo, que ele mesmo, Diabo, conseguiu levar à morte. Veja 1Jo 5.19.
Os homens já nascem no pecado, mortos espirituais, escravos do Diabo. Ele é senhor sobre mortos. Em suma: a morte é o ambiente natural onde o Diabo opera.
Pois bem, através da Sua morte, Jesus veio destruir (no grego, aniquilar o efeito, anular) aquele que tem o poder da morte.
Em que sentido Cristo aniquilou o Diabo?
Afinal, ele continua solto por aí, com enorme poder.
O Diabo tem perdido escravos todos os dias, desde que Jesus fundou a Sua igreja.
Todos os salvos são literalmente arrancados das mãos do Diabo. E por que ele permite? Permite, nada! É que ele não tem poder para segurá-los!
Quanto aos salvos, seu poder já está anulado.
No futuro o Diabo será pessoalmente aniquilado, quando Cristo jogá-lo no lago de fogo preparado para ele (Diabo) e seus anjos. Veja Ap 20.10.
(Importante: o Diabo não será destruido, no sentido de deixar de existir).
Mas não creio que seja dessa ocasião que a nossa passagem trata.
Afinal, o Diabo não será aniquilado ali pela morte de Jesus, mas pelo puro poder dEle.
A passagem fala da perda do poder do Diabo sobre os mortos que foram ressuscitados pela fé.
Interessante: Cristo usou a própria arma do Diabo para destruí-lo: a morte!
Como? Morrendo! E ao morrer, adquiriu o direito de dar vida aos que creram nEle.
Aqui vemos que o poder do Diabo sobre a morte é limitado. O poder supremo é exclusivo de Deus.
Cristo na cruz comprou o direito de exercer poder sobre o poder do Diabo, tirando pessoas da morte.
Mas o texto trata de uma segunda finalidade da morte de Cristo, aliás, conseqüência da primeira:
... e livrasse a todos que, por pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão para toda a vida.
Aqui fala dos salvos, que foram libertos pela morte de Cristo.
Essa liberdade incluiu a quebra de um aspecto fortíssimo da escravidão espiritual: o pavor da morte.
A morte é de longe o maior medo, pavor, pânico do homem natural.
Dois fatores explicam o medo da morte:
1. Apego ao mundo.
Tudo o que o homem sem Deus tem, está aqui na Terra: saúde, dinheiro, parentes, amigos. Se partir daqui, perde tudo!
2. Insegurança quanto ao que virá.
O que há depois da morte é um mistério para os que não crêem na Bíblia.
... por toda a vida
O medo da morte não é algo característico de uma fase da vida, que passa depois. É uma constante.
Pode adquirir conotações diferentes. Os mais velhos parecem se conformar, mas não significa que perderam o medo.
Pois bem, Cristo veio libertar os homens desse medo típico dos escravos do Diabo.
Veja como os dois fatores que explicam o medo da morte é tirado do crente:
1. Desapega-se do mundo.
A porção do crente é o próprio Deus! E é Ele quem vamos encontrar após a morte.
2. Tem absoluta certeza do que virá.
Aqui uma vantagem dos que crêem na Bíblia: crê em tudo o que ela diz.
* E você, amigo, o que está esperando para se libertar desse medo horrível?
Aliás, nem sei se você está ouvindo essa pergunta.
Talvez já tenha “desligado” o ouvido (ou os olhos) desde o começo da mensagem. Afinal, falar de morte o tempo todo! Isso lá é assunto?
Cuidado com a atitude de evitar falar sobre a morte.
O perigo é ir adiando, adiando... até que uma dia ela chega mesmo. E aí?
Outro perigo: apegar-se a doutrinas que eliminam a necessidade de uma prestação de contas com Deus antes da morte chegar.
O espiritismo, por exemplo, ensina que depois de morrer, a pessoa volta para outra encarnação. Isso tira o medo da morte, pois pensa que retorna para um lugar já conhecido. Isso não é se libertar do pavor da morte, mas se enganar!
A morte de fato é pavorosa e deve ser temida, mas para os que estão sem Cristo.
O único motivo correto para se libertar do pavor da morte é pela certeza de uma vida eterna com Cristo.
- Amém -