Ec 4.13-16 60 minutos 13/06/2021
Mauro Clark
Capítulo variado, com pensamentos e conclusões sobre diversos assuntos.
Já vimos 5 (opressão, inveja, preguiça, ganância, companheirismo) e veremos agora os dois últimos.
Passagem difícil, sujeita a várias traduções e interpretações.
De maneira geral, parece que a ideia é de um jovem sábio, pobre e preso (talvez injustiçado, como José), que passa a reinar no lugar do rei velho e insensato, que não ouvia mais conselhos.
Esse novo rei é muito bem recebido por todos do reino.
Mas a outra geração não o valorizará e terminará se cansando dele.
Tiremos algumas lições, examinando o rei velho e o rei novo.
O rei velho
Três características:
1. Velho – isso é só questão de idade, não é defeito.
A idade pode ser aproveitada para ganhar sabedoria com a experiência de vida, mas também pode servir para aumentar os defeitos.
A Bíblia diz que os cabelos brancos são coroa de honra, desde que estejam no caminho da justiça! Pv 16.31
Mas não foi o caso desse rei:
2. Insensato (hebr.: tolo, estúpido)
3. Já não se deixa admoestar (hebr: aconselhar, repreender)
Mesmo que tenha ouvido conselhos antes, parece que não era o forte dele, pois a Bíblia diz que uma boa garantia para ter sabedoria na velhice é ouvir quando novo: Pv 19.20
Um tema abundante na Bíblia é a importância de ouvir conselhos (ou instrução).
O próprio livro de Provérbios foi feito com esse propósito: Pv 1.1-8
Entre dezenas de passagens, vejamos duas:
Pv 12.15: O caminho do insensato aos seus próprios olhos parece reto,
mas o sábio dá ouvidos aos conselhos.
Dois ensinos valiosos:
* Não ouvir conselhos é típico de insensato
* O insensato não ouve conselhos por um motivo muito simples: ele acha que tem as próprias respostas, o rumo para os próprios caminhos e, portanto, para que conselhos?
Em suma: por trás da recusa em ouvir conselhos está muita arrogância e muito orgulho.
Qual a sua atitude com relação a conselhos?
Pv 20.18a: Os planos mediante os conselhos têm bom êxito
NVI: Os conselhos são importantes para quem quiser fazer planos
Planejamento e conselho andam juntos.
Duas coisas:
* Quem não gosta de planejar, não precisa muito de conselhos, é só “tocar pra frente”!
* Por que os conselhos são tão importantes para o planejamento?
Planos envolvem o futuro. E ninguém sabe o futuro com certeza, tem muitas projeções, que serão mais bem feitas se vierem de muitas fontes, vários pontos de vista, etc.
Voltando:
Consequência do comportamento do rei tolo e arrogante: o povo ficou farto dele, disposto a trocá-lo, mesmo por um jovem desconhecido.
Quantos exemplos a história conta de reis e governantes que começaram bem mas passaram a se comportar de forma tão insuportável que terminaram odiados pelo próprio povo.
Obviamente, isso ocorrerá até Cristo voltar.
Mas, em termos práticos, uma conclusão: quem é teimoso, insensato e alérgico a conselhos, nem precisa ser rei e nem velho, para as pessoas cansarem dele.
O rei novo
v.13-16a
v.16a: Era sem conta todo o povo que ele dominava...
Dominar: heb.: estar diante de.
NVI: O número dos que aderiram a ele era incontável.
A ideia não é de domínio à força, mas pacífico e bem aceito.
v.16b:
... tampouco os que virão depois se hão de regozijar nele
NVI: A geração seguinte, porém, não ficou satisfeita com o sucessor
Seja como for, o velho e detestado rei, foi sucedido por um jovem, que era pobre, mas sábio (provável prisão pode ter sido por oposição ao rei).
No início ele foi muito bem recebido, era popular e querido.
Mas aos poucos foi de desgastando, de modo que, na geração seguinte, tornou-se indesejável... tal como o outro!
Salomão não aponta nenhuma lição prática dessa triste realidade – apenas observa e deixa que cada um tire suas conclusões.
Dois pontos para meditação:
1. Debaixo do sol, a maior fonte de esperança de um povo está no governante.
E como o desejo de melhorias é constante em qualquer época, em qualquer povo, a mudança no governo sempre é uma grande esperança.
De fato, algumas boas mudanças podem ocorrer com um novo governante. Só que não serão grandes como esperavam, pois haverá outros defeitos no novo governante.
E mesmo que ocorram grandes boas mudanças, não serão duradouras, pois tudo passa, até o caráter do governante, que, em geral, é corrompido pelo poder.
Mas, a verdade nua e crua, é que na grande maioria das vezes, na essência mesmo, não há boas mudanças de jeito nenhum.
É ingenuidade esperar algo fantástico, duradouro, uma grande salvação nacional, de algum governo. Governo perfeito será apenas o de Cristo, no Milênio.
2. Neste mundo, prestígio, fama, poder é passageiro, efêmero. Pode durar dias, semanas, meses, anos ou décadas. Mas passa!
* A própria pessoa muda: envelhece, cansa, pode ser corrompida, etc.
* As pessoas ao redor dele mudam.
* As circunstâncias da vida mudam: as ideias, os costumes, os meios, a tecnologia, etc.
Quantos se dedicam exageradamente a ter prestígio, vendem a alma para isso.
A grande maioria nem consegue. Gastou parte da vida em vão.
Os poucos que conseguem, logo percebem como é passageiro.
E o irônico, é que, mesmo enquanto estão desfrutando da conquista, não usufruem como pensavam que iriam:
* Continuarão lutando arduamente, não mais para conquistar o que almejavam, mas para continuar usufruindo e não perder o que têm. Salomão ainda falará do rico rodeado de pessoas que querem tirar dele.
* Além da luta de continuidade, sofrerão angústias que não imaginavam, pressões insuportáveis, ataques de pessoas mais gananciosas do que eles.
* Alguns sentirão seus valores morais se degradando, piorando como pessoas, decepcionando parentes e antigos amigos.
* Pior de tudo: em geral, pessoas muito destacadas entre os homens, são abominação diante de Deus: Lc 16.15.
Mas não precisa ser rei para enfrentar esses males.
Que Deus nos ajude a ter alvos modestos em termos de mundo, mas altíssimos em termos morais e espirituais, do agrado de Cristo.