Quero falar com vocês sobre COMUNHÃO entre nós.
Não uma comunhão entre pessoas que têm em comum o fato de morarem num mesmo prédio, ou de torcerem por um mesmo time, ou por serem da mesma profissão.
Mas comunhão eminentemente espiritual, do tipo de que falou o apóstolo João em
1Jo 1.3-7: comunhão entre pessoas que podem cultivar comunhão com Deus e que andam na luz de Cristo, por terem seus pecados perdoados por Ele.
Vou concentrar num ponto: como alcançar uma boa comunhão (gr. κοινωνια koinonia: fraternidade, comunidade, comunhão, participação conjunta, relação - Strong).
Comunhão na igreja envolve 3 elementos:
1) Você próprio
2) O meu irmão/irmã
3) Todos juntos
Deixarei para comentar 1Jo 1.3-7 na 3ª. parte, quando falar de todos.
1) Você próprio
Num brinquedo de montar, cada peça precisa ser bem lixada e limpa antes de colar.
Para que a sua contribuição na comunhão da igreja seja excelente, você precisa estar bem preparado para a “colagem” entre você e os irmãos seja a melhor possível.
Para estar bem-preparado é preciso avaliar constantemente o seu estado espiritual.
Toda vez que você procura um médico, é porque se auto-avaliou: febril, dor, etc.
Qual a última vez que você se autoavaliou espiritualmente?
Como definiríamos autoavaliação espiritual?
Um exame íntimo quanto ao andar diante de Deus e do próximo, tendo como referência a Palavra de Deus.
Esse “andar” inclui (entre outros):
* vontade de conhecer a Palavra de Deus
* esforço para conhecer a Palavra de Deus
* capacidade de entendimento espiritual
* nível da intimidade com Deus
* capacidade de obedecer a Deus na prática (ou seja, padrão de vida cristã).
Para os dois últimos pontos, é bom examinar os frutos do Espírito na sua vida: Gl 5.22-33
Autoavaliar-se faz parte da vida cristã:
1Co 10.12: veja: βλεπω blepo: metáf.: observar, considerar cuidadosamente, examinar.
O que você pensa do seu estado espiritual? Está de pé? Firme? Vacilante? Pense!
Mas cuidado com essa avaliação, pois se for mal feita, causará grande prejuízo: Gl 6.3
Dois exemplos de auto-avaliação, uma errada, outra correta:
Lc 18.11
Desastre para o fariseu: se considerava justo mas não foi justificada para casa!
O publicano se avaliou corretamente.
Para que a autoavaliação seja bem feita é preciso, pelo menos, duas atitudes:
a) Humildade:
Fp 2.3
“Ora, se todo mundo é superior a mim, então eu sou inferior a todos, em tudo!”
Não é bem assim.
Antes de tudo, considerar o outro superior não significa que você está convencido de que ele é melhor em tudo do que você. Muitas vezes simplesmente não é!
Especialmente se considerar o valor da alma dele perante Deus. São iguais!
Mas você o CONSIDERA como superior, quer ele seja ou não.
Sua postura é humilde: se alguém vai “engolir sapo”, que seja você; se alguém for ouvir grosseria, que seja você; se alguém for servir, que seja você.
Tudo COMO SE o outro fosse superior, mesmo não sendo.
E o humilde é tão consciente e envergonhado pelos próprios defeitos e pecados que não tem a menor dificuldade em achar os outros superiores.
A falta de humildade impede de ver os próprios defeitos: a avaliação fica mal feita.
Rm 12.3: ... pensar de si mesmo além: υπερφρονεω huperphroneo: ter um conceito elevado demais.
Imagine um aluno medíocre que numa prova fácil tirou 9, dizer: Ita? Passo tranquilo!
Mas, então, como devo pensar de mim mesmo?
A resposta está no mesmo versículo, e aqui entra a segunda atitude:
b) Moderação
moderação: σωφρονεω sophroneo: ter a mente sã... pensar sobre si mesmo de forma moderada, sóbria, controlada, com serenidade de espírito)
Atenção: não é saudável pensar AQUÉM do que convém: “Ah, não conte comigo, não sou ninguém, sou um verme; perto de mim uma partícula de pó é uma montanha”.
O humilde sabe seus defeitos e virtudes, mas ao se comparar com outro, prefere se colocar abaixo.
Outra passagem: 1Pe 4.7
Criterioso: mesma palavra traduzida por moderado em Rm 12.3: σωφρονεω sophroneo
Não é sábio pedir para um atleta se autoavaliar ao receber a medalha de ouro.
No outro extremo, nem no momento de chegar no último lugar.
Dificilmente haverá sobriedade, critério bem feito.
Peça a Deus que lhe ensine a se autoavaliar corretamente.
Peça por HUMILDADE e MODERAÇÃO.
O resultado da sua autoavaliação terá muito a ver com a maneira com que você se entregará à comunhão com os irmãos.
Se você concluir que está espiritualmente...
* BEM: de propósito tentará aconselhar, aceitará assumir alguma liderança, etc
* MAL, evitará influenciar, aconselhar (quem está com mão suja não coça os olhos).
Você é um membro enfermo do corpo: 1Co 12.26
Buscará comunhão, sim, porém mais para ouvir, se aquecer, aprender, crescer em Cristo e assim voltar a ter condições de ajudar os outros.
Em suma: quando pensar em COMUNHÃO na igreja, a primeira pessoa a considerar é você próprio, visando sempre dar uma contribuição positiva para essa comunhão.
Peça a Deus que lhe dê o privilégio de enriquecer a igreja com a sua participação.
Na próxima palestra veremos o 2o. ponto: avaliando o próximo.
Que Deus nos abençoe.
Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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