PREGAÇÃO

Dá-me um coração puro, Senhor (Série O SALMO DO ARREPENDIMENTO 2 de 4)

Sl 51.8-12      62 minutos      19/02/2017         

Mauro Clark


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Segunda pregação sobre esse famoso salmo de arrependimento de Davi, após o caso com Bate-Seba.

Falei que separaria em duas partes, mas terminará sendo três:

v.1-7: Davi trata o pecado e abre o coração sobre quem ele é. Vimos semana passada.

 

v.8-19. Percebo duas divisões aqui:

v. 8-12: Tratado o pecado, Davi olha para a frente, para uma nova fase e pede uma série 
             de providências de Deus na vida dele. Veremos hoje.

v.13-19: Próxima pregação.

 

Trecho 8-12:

v.8

* Pede para ouvir júbilo e alegria (ao redor, da parte de crentes ou do próprio Deus).

... os ossos que esmagaste: Indica disciplina física, além da mental/espiritual.

Sempre lembre que tristezas e doenças no crente podem ser causadas por pecado.

 

júbilo... alegria... para que exultem...

Davi usou o sofrimento da disciplina como ponto de partida para uma fase vibrante!

Em vez de se concentrar no sofrimento, se lamentar, ele logo busca algo positivo e altamente agradável.

Detalhe: não uma alegria que Davi iria procurar no mundo, desgostoso, mas dada pelo próprio Deus que o disciplinou.

 

v.9

* Pede que Deus apague o pecado dele e não o enxergue mais.

Quase repetição dos v.2 e 7, mas talvez quisesse dizer que ao desejar alegria e júbilo, não estava fazendo pouco do seu pecado.

Ao contrário, essa fase de alegria só seria possível porque Deus iria apagar o pecado dele e nunca mais olharia para esse pecado.

 

Grande lição: após se entristecer pelo seu pecado, pedir perdão e sofrer disciplina, não fique constrangido tipo “Quem sou eu para querer me alegrar de novo?”

Pode pensar  com ousadia: “Esse meu Deus é Deus de alegria. Essa crise já passou e agora eu quero ser altamente alegrado por esse Deus!”

 

v.10

... um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável

* Pede pureza de coração e firmeza interna

Toda a maldita e longa série de pecados de Davi começou quando foi despertado o desejo sexual, quando viu a formosura da mulher.

Só que o mero desejo sexual, como instinto, em si não é pecado. Poderia ter sido contido prontamente.

Mas quando o instinto, em vez de ser contido, é alimentado com pensamentos e desejos impuros, a tentação toma forma. Mesmo assim, a tentação poderia ser sufocada com domínio próprio.

Mas quando o íntimo é instável, fraco, oscilante, sem domínio, o pecado vence.

 

Cria em mim, ó Deus...

Davi sabia que um coração puro e um espírito firme teriam de vir de Deus.

Se Deus não se compadecesse e lhe fornecesse poder espiritual, todas as batalhas seriam perdidas.

Em termos do NT, vemos aqui a luta da carne contra o espírito, no crente (Gl 5.17)

O crente não quer pecar, mas se ele pecou, é porque quis!

Ou seja, uma parte do crente (a espiritual) não quer pecar mas outra parte (a carnal) quer.

Uma parte quer pureza, outra parte quer imundície.

Que desespero! Só Deus ajudando! Rm 7.14-81

Pois Davi entendeu essa luta, e é importante que você entenda também!

 

v.11a

* Pede para que Deus não tenha repulsa dele

Impressionante a luta de Davi: Por um lado, olha para si e vê o quanto é sujo. Olha para Deus e vê o quanto é Santo e não pode conviver com o pecado. E conclui: Deus simplesmente não permitirá a minha presença.

Por outro, está profundamente arrependido, crê em Deus, ama a Deus, sabe que Deus é perdoador e cheio de misericórdia.

Então pede, clama, implora que Deus não o afaste de Si.

Detalhe: esse pedido não é para “ver se cola”. Mas tem certeza que será atendido.

 

Não vamos desenvolver, mas Deus somente aceita esse pedido por causa de Cristo, que tomou sobre Si os nossos pecados e nos livrou deles. Na época, os sacrifícios de animais apontavam para Cristo.

 

v.11b

* Pede que Deus não lhe retire o Espírito Santo

A doutrina do relacionamento do Espírito Santo e o crente no VT não é bem desenvolvida como no NT.

Não ensina que o Espírito Santo habitava todo crente, que era um selo, etc.

Falava do Espírito Santo descendo sobre reis, profetas e pessoas especialmente habilitadas para determinadas tarefas.

E também de estar sobre o povo de maneira coletiva: (Is 63.10-11)

 

Alguns acham que Davi pede apenas para Deus não o destituir do reinado, como fizera com Saul.

Acho que é bem mais do que isso: Davi sabia que o Espírito Santo, de algum modo, estava nele. Se não como crente, pelo menos como rei ungido de Israel. 1Sm 16.13-14

Seja como for, fica claro que Davi valorizava enormemente o fato de ter o Espírito Santo.

A retirada seria a partida do próprio Deus do seu ser - algo catastrófico para Davi.

 

Hoje temos o conforto da claríssima doutrina do Espírito Santo como habitação do crente, um selo eterno.

Não deixemos de valorizar essa maravilha que Deus nos deu, o próprio Deus habitando em nós e nos dando segurança de vida eterna.

Mesmo assim corremos o risco de entristecer e apagar o Espírito Santo. Cuidado.

 

v.12a

* Pede que Deus restitua a alegria da salvação dele, Davi.

Repito o que disse semana passada: Davi tinha convicção da própria salvação.

E junto com essa convicção, a certeza de que seu pecado seria perdoado e sua condição plena de comunhão com Deus voltaria.

E volta a falar de alegria, não alegria de outros, mas dele próprio, por ser um salvo!

E se era para restituir, é porque tinha antes!

 

Existe a ideia errônea de que vida de crente é triste.

Pois aqui está Davi, mil anos antes de Cristo, dizendo que a salvação lhe dava alegria.

 

Entre as coisas que lhe dão alegria nesta vida, as consequências de viver como crente são parte delas?

 

Voltando:

Davi deseja de volta a alegria de antes do pecado e cria que isso aconteceria.

 

Se você pecar, se arrepender e tratar com Deus, pode ter como certo que sua alegria de antes voltará. (Não sabemos em quanto tempo, mas voltará).

Pode ser que alguém sussurre no seu ouvido: Com um pecado dessa gravidade, Deus poderá até lhe perdoar, mas retornar sua alegria? Jamais. Pode esquecer”.

Se isso acontecer, fique certo que esse “alguém” é o Diabo.

 

v.12b

* Pede que Deus não apenas lhe dê, mas o sustente com um espírito voluntário

... voluntário: hebr.: inclinado, pronto, disposto.

Não é apenas que Davi pede a Deus que lhe dê vontade para servi-Lo.

O verbo não é “dar”, mas SUSTENTAR, APOIAR, FIRMAR.

Duas coisas importantes:

 

1. É o próprio Deus quem efetua em nós o querer (e o realizar).  (Fp 2.13)

    Nunca deixe de pedir a Deus que lhe dê vontade de servi-Lo.

 

2. Além de dar, é fundamental que Deus sustente essa disposição.

Caso não o faça, essa vontade será rapidamente tragada pela carne, engolida pelo mundo, destroçada pelo diabo.

O crente sozinho não tem poder para neutralizar tanto ataque. Tem que ter ajuda divina.

 

Talvez o seu serviço a Deus seja aquém do que você próprio gostaria porque você não tem pedido ajuda divina para sustentar a sua disposição, o seu gosto, de servi-Lo.

 

Conforme veremos na próxima mensagem, no v.13 vemos uma mudança de tom, como se Deus já estivesse respondendo à oração de Davi e Davi se sentindo melhor.

De angustiado e necessitado de misericórdia, após pedir uma série de providências de Deus na sua vida, Davi passa para um estado de ânimo diferente: vontade de ensinar aos transgressores os caminhos de Deus e levar pecadores à conversão.

Ou seja, Davi queria utilizar a própria experiência para ajudar outros. Essa é uma área fascinante da vida cristã!

 

Que Deus nos abençoe. Amém

 

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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