PREGAÇÃO

Deixando o coração falar (Série 2 CORÍNTIOS 8 de 54)

2Co 2.12-13      58 minutos      15/06/2014         

Mauro Clark


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De Éfeso, onde estava na sua 3a. viagem missionária, Paulo ouviu de problemas na Igreja de Corinto, que fundara anos antes.

Escreveu 2 cartas (sendo uma a nossa 1a.Corintios), depois foi até lá e voltou para Éfeso.

Como os problemas continuavam, mandou por Tito a 3a. carta aos coríntios (perdida), escrita com muita tristeza (2Co 2.3-4) e muito dura (2Co 7.8-9).

Após problemas em Éfeso, partiu para Trôade, ao Norte – cidade cuja ruína é perto da cidade de Tróia, na Turquia.

Parece que marcara encontro com Tito ali, e o esperou ansiosamente, com notícias sobre a reação dos coríntios pela carta. Mas Tito não chegava, deixando Paulo muito ansioso.

 

1) Propósito de Paulo na cidade

v. 12a: para pregar o Evangelho de Cristo

O propósito específico daquela viagem estava coerente com o propósito de vida dele, que era o de ser ministro e testemunha de Cristo por onde fosse enviado.

 

Qual o SEU propósito básico de vida?

Supondo que você é crente, deveria ser: Servir e obedecer a Cristo de maneira fiel, conforme os seus dons e chamada, na dependência da graça e da misericórdia de Deus.

Esse propósito básico deverá estar por trás do seu comportamento nas grandes áreas da vida: família, envolvimento com a igreja, profissão, até mesmo lazer.

E também em situações particulares, com propósitos mais específicos e imediatos.

A compra de um carro pode ou não estar de acordo com o propósito básico.

Mesma coisa para uma viagem de férias ou a participação num projeto da igreja.

 

Numa época em que muitos estão sem rumo e sem objetivo cheque continuamente, se as coisas que você faz no dia a dia, estão afinadas com o propósito geral da sua vida.

 

2) Circunstâncias diante de Paulo

v. 12b: uma porta se me abriu no Senhor

É gostoso quando temos um plano saudável e as portas parecem se abrir.

E no caso de Paulo, não era uma abertura qualquer, mas no Senhor: algo que contava com a aprovação ou mesmo a participação do próprio Jesus Cristo.

Seja como for, Paulo entendeu que o Senhor abrira aquela porta.

Pronto: as condições estão perfeitas para Paulo cumprir o propósito da ida a Trôade e se entregar à pregação do Evangelho. Correto?

Não exatamente. Ainda faltava algo importante:

 

3) O coração de Paulo

v.13a: Não tive, contudo, tranqüilidade no meu espírito.

Contava encontrar-se com Tito com notícias de Corinto. Não encontrou e inquietou-se.

tranqüilidade: gr: ανεσις anesis = alívio, relaxamento (como corda que estava apertada).

Paulo estava muito tenso e, não encontrando Tito, continuou “esticado”.  

 

Situação interessante: acabou de chegar numa cidade com o propósito de pregar a Cristo, uma porta foi aberta pelo próprio Jesus, mas não estava tranqüilo no seu espírito.

Propósito e circunstância perfeitos. Mas o coração estava intranquilo. Dois a um!

Oportunidade excelente para vermos de camarote como Paulo agiu.

 

4) A que Paulo deu prioridade?

v.13b: Por isso, despedindo-me deles, parti para a Macedônia (hoje na Grécia) 

Foi embora, tentar se encontrar com Tito pelo caminho que ele viria.

 

Impressionante: deixou para trás a porta que o próprio Jesus abriu!

Coragem, não? Mas será mesmo questão de coragem?

Mais provável que explicação esteja na intimidade com o Senhor que abriu a porta.

Paulo bem conhecia a compreensão, a misericórdia de Cristo.

E como ele estava sem condições de trabalhar, confiou que teria a aprovação de Cristo.

Mas será que teve mesmo?

 

5) Cristo honrou o critério de Paulo?

2Co 7.5-7

Paulo chega em Macedônia. Em que estado?

nenhum alívio tivemos: alívio: mesma palavra traduzida por “tranquilidade” no v. 13

pelo contrário: usa três palavras que, juntas, descrevem uma situação externa e interna extremamente aflitiva, forte angústia:

atribulado: θλιβω thlibo: lit. 1. espremer (como uvas), pressionar com firmeza; 2. estreitado, contraído;  metaf.: afligido, angustiado

 

lutas por fora: μαχη mache luta ou combate, discussão, contenda, disputa

temores por dentro: φοβος phobos: medo, temor, terror

 

Finalmente Paulo encontrou Tito!

E Cristo honrou graciosamente o seu apóstolo, consolando-o.

Mas antes de dizer que foi pessoalmente consolado, deixou claro que Deus é assim mesmo, um Deus consolador, que conforta qualquer um!

Deus que conforta os abatidos

abatido: ταπεινος tapeinos: lit. que não se levanta muito do chão; metáf.: humilde, de grau baixo, abatido pela tristeza, rebaixado, deprimido -  Strong.

Essa é a 5ª. maneira de Paulo descrever o próprio estado antes de se encontrar com Tito: sem alívio, atribulado, lutas por fora, temores por dentro e abatido.

 

Seja como for, finalmente Paulo foi consolado, confortado... e pelo próprio Deus!

E o consolo foi além da própria chegada do colega, mas com notícias de carinho do coríntios. E Paulo aumentou ainda mais sua alegria!

 

Grande lição para nós.

Fazemos um plano (pessoal, familiar, profissional, ministerial), dentro do propósito básico de vida.

As portas se abrem. E de modo tal que você entende que foi Cristo mesmo quem abriu.

Aparentemente nada mais falta para agir.

 

Aí nesse ponto surge um desconforto lá dentro da alma.

Alguma coisa está “arranhando”. A paz foi embora.

ENCRUZILHADA: a qual fator vai dar mais peso: a um propósito sadio somado com as circunstâncias favoráveis, ou à falta de paz no espírito?

 

É hora de aprendermos de Paulo: respeite o seu íntimo!

Se não está em paz, pense, repense, medite, ore. E enquanto isso, diminua a velocidade.

E se o desconforto persistir, PARE totalmente.

 

Cinco passagens sobre a importância crucial da paz interior no dia a dia do crente:

Is 26.3-4: O normal de quem confia em Deus e tem propósitos corretos, é ter paz.

Se esta paz é abalada ou desaparece todo o ser deve ficar em alerta!

E perguntar a si mesmo: Estou confiando em Deus? Meus propósitos tem sido corretos? Pode ser que aí esteja o problema ou boa parte dele.

 

Cl 3.15: Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração...

... seja o árbitro: gr βραβευω brabeuo = atuar como árbitro, decidir, determinar, controlar.

A regra é clara: o coração do crente deve estar controlado, dirigido pela paz de Cristo.

Se em vez de paz surgir outro sentimento – confusão, dúvida, agitação, ansiedade – algo está errado:

 

Jo 14.27: Esse versículo é muito conhecido, mas só a primeira frase.

Falta a segunda: Não se turbe o vosso coração...

turbar: grego ταρασσω tarasso = lit. agitar; metaf: inquietar, preocupar, ficar ansioso

Claro que a paz de Cristo EXCLUI a agitação, a preocupação.

No caso de Paulo, estava tenso, ansioso.

Então não entrou pela porta aberta e ainda saiu da cidade. Foi ver se encontrava a paz de volta na Macedônia.

Quando chegou, além de não encontrar paz, ficou com medo, exatamente na contramão do que Jesus disse no restante do v.27: ... nem se atemorize!

Paulo sabia que estava numa situação anormal e desesperado por alívio e paz.

Que foi o que aconteceu com a chegada de Tito. 

 

Jo 16.33: Cristo quer que tenhamos paz nEle.

Interessante é que ao mesmo tempo, Ele afirma que teremos aflições no mundo.

Obviamente essa aflições tentarão roubar a nossa paz.

Mas não devemos deixar. Dois recursos:

a) Tendo ânimo elevado pelo exemplo dEle.

b) Estas coisas vos tenho dito PARA QUE tenhais paz em mim.

Que “coisas”? As revelações maravilhosas dos capítulos 14, 15 e 16 de João.

Ou seja: a PALAVRA de Cristo gera paz em nós. Quer paz interior? Se encha da Palavra.

 

Rm 14.17: A paz interior é característica do reino de Deus. 

E se você é crente, pertence ao reino de Deus.

Não sacrifique essa valiosa paz em troca de coisas deste reino do mundo: bens, diversões, novidades, consumo.

 

Alguma vez já DECIDIU só fazer as coisas com paz no coração? Tem cumprido?

Se falta paz, é um grande erro insistir em algum projeto alegando que o propósito é correto e que as portas estão abertas.

 

Três exemplos de erro em supervalorizar circunstâncias mesmo com falta de paz:

a) Gosta do projeto e está empolgado. Erro: Valorizar mais o plano do que a paz.

b) Não gosta de voltar atrás, etc. Erro: teimosia, obsessão.

c) Tem medo de não entrar por uma porta que Cristo abriu.

    Erro: Conhecer pouco a natureza bondosa e compreensiva de Cristo.

Não faça com Cristo como o servo mau e negligente que enterrou o talento, alegando que o senhor era ultra-severo, ceifava onde não plantava e ajuntava onde não espalhava. Cristo não é assim. Ele é justo, razoável, compreensivo.

O Senhor que abre portas é o mesmo que dá a paz.

Se Ele não der as duas, ore: "Senhor, mesmo tendo um bom propósito e com portas abertas, estou sem paz. Então, não vou. Não compreendo bem o porque disso, talvez seja um teste Teu, não sei. Mas vou ficar quieto até Tu me restaurares a paz!"

 

Mas há ainda uma situação pior: falta de paz por causa de um PROPÓSITO ERRADO.

Se não é sábio desprezar a falta de paz mesmo com propósito correto, imagine sabendo que o propósito não é sadio.  

Receio que muitos crentes ajam assim. Não têm paz, sabem porque, mas violentam o próprio íntimo. Fazem pouco do árbitro que está rouco de gritar para a sua consciência: “Você está sem paz. Pare!”

 

Final:

Aos crentes:

Fp 4.7: E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

guardar: grego: φρουρεω phroureo: lit. proteção militar para evitar invasão; met: proteger.

A paz espiritual mantém o nosso coração e nossa mente bem pertinho de Cristo.

Quando esta paz é ameaçada, a nossa própria comunhão com Cristo está ameaçada.

É como se Cristo não pudesse atuar bem num coração agitado.

Certo que Ele próprio é quem nos ajudará a reencontrar essa paz, como fez com Paulo.

Mas o importante é que, em qualquer situação, você não prossiga sem essa paz.  

“E a porta aberta?” Cristo é poderoso para mantê-la aberta para você. Paulo voltou a Trôade, deu a Ceia, pregou a noite inteira e ainda ressuscitou Êutico! (At 20.4-12).

 

Não crentes:

Perguntei qual o propósito básico da sua vida e sugeri a resposta para um crente.

Se não é o seu caso, então não há possibilidade de você ter um propósito básico de vida que agrade a Deus.

Sugiro o seguinte propósito, urgentemente: conhecer melhor a Cristo.

 

Que Deus nos abençoe.

 

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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