Na quinta e sexta trombetas Deus inicia o uso de seres demoníacos para castigar os rebeldes terra.
Quinta trombeta:
v.1
O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.
Novamente alguma coisa que cai na terra, desta vez outra estrela, na realidade um ser vivo, pois recebeu uma chave.
Deve ser um anjo. Não sabemos se bom (ver 20.1) ou demônio ou o próprio Satanás.
A chave era de um poço, o poço do abismo. Deve ter sido dada por Cristo (1.18)
poço: gr. φρεαρ phrear: lit.: poço; o acesso ao abismo
abismo: gr. αβυσσος abusos: sem fundo, ilimitado, abismo, profundidade imensurável,
fenda nas partes mais profundas da terra usado como o receptáculo comum dos mortos e especialmente como a habitação dos demônios - Strong
Local dos mortos e onde o diabo é mantido, morada da Besta (veremos depois) e de Abadon, o anjo do mundo dos mortos.. Louw-Nida
Além dos 3 usos no cap. 9, esta palavra é usada mais 4 vezes em Apocalipse: duas para se referir ao local de onde surge a Besta (11.7; 17.8) e duas referentes ao local onde Satanás será preso por mil anos (20.1,3).
A palavra é também usada para descrever lugar onde estão presos alguns demônios (Lc. 8.31; 2Pe 2.4) e o reino dos mortos (Rm 10.7).
v.2-3a:
Ela (estrela) abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar. Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra;
Após receber a chave, o anjo abre o poço.
Duas coisas saem do abismo: muita fumaça (a ponto de escurecer o sol e o ar) e gafanhotos para agirem na terra.
Vejamos o aspecto, o poder e a missão dos escorpiões:
Aspecto: v. 7-10a
7 O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem; 8 tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como dentes de leão; 9 tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja; 10 tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão... ;
* Como cavalos preparados para a batalha, com couraças como ferro (3 analogias com animais: gafanhotos, cavalos e escorpiões).
* Tinham caudas, não como a de cavalos, mas como de escorpiões, com ferrões para ferir
* Tinham como que coroas na cabeça, aspecto humano no rosto, cabelos como de mulheres e dentes como de leão (grandes e afiados).
* Ao se locomoverem, as asas faziam barulho ensurdecedor.
Poder e missão: v.3b-6
3b... e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, 4 e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte. 5 Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. 6 Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.
Missão: Causar dano aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte
(Parece ser um tipo de selo geral a todos os crentes na terra - portanto, diferente do selo dos 144.000 judeus do cap. )
Embora proibidos de matar, eles podiam causar muitíssima dor, durante cinco meses.
A dor seria tão grande, causaria desespero tão profundo, que daria vontade de morrer. Aliás, parece que tentariam se matar, mas não conseguiriam.
De alguma maneira sobrenatural, a morte fugirá deles.
Três observações:
1. Era um ataque de Deus dirigido exclusivamente a seres humanos. A natureza (ervas, árvores, qualquer coisa verde) não poderia ser tocada.
Talvez indique o tamanho do acerto que Deus tinha com os homens rebeldes e o quanto Ele quis deixar isso claro.
2. Deus tem permitido Satanás e seus demônios atacarem seres humanos, mas de maneira invisível, sem se manifestarem fisicamente. Apenas os resultados são visíveis - nas doenças físicas (Jó e feridas; mulher encurvada), e nas possessões demoníacas em que vemos apenas as alterações de voz e de semblante, força física, etc,.
Mas desta vez e na próxima trombeta, os demônios são visíveis.
São criaturas horrorosas, repugnantes que atacarão as pessoas.
E ainda eram altamente organizados, com um líder implacável:
v.11: ... e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.
Abadom em hebraico e Apoliom em grego significa destruidor, que causa ruínas, conhecido como o anjo das profundezas do inferno.
Obviamente alto ministro de Satanás.
3. Terror, pesadelo: querer morrer, de tanta dor, e não poder.
Isso será provisório e depois cada um morrerá normalmente.
Mas essa experiência servirá de pequenina amostra do que será no inferno: sofrimento atroz, sem fim: Mt 25.41, 46; 3.12; ; Mc 9.47-48; 2Ts 1.9; Ap 14.10-11; 20.10-15
v.12: O primeiro ai passou. Eis que, depois destas coisas, vêm ainda dois ais.
Parece que João observa o final do efeito da 5ª. trombeta, cinco meses depois.
Mas o estrago, o sofrimento e o horror voltam, e de maneira amplificada, na próxima trombeta:
Sexta trombeta:
v. 13-19: 13 O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, 14 dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates. 15 Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. 16 O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número. 17 Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. 18 Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; 19 pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano.
O sexto anjo, ao tocar a trombeta, recebe ordens de uma voz misteriosa que vem de quatro lugares ao mesmo tempo - as pontas (lit. chifres) do altar.
A ordem era para soltar os quatro anjos que estavam amarrados junto ao rio Eufrates.
Certamente anjos demoníacos, pois anjos de Deus não são amarrados.
Primeira vez que o nome específico de um acidente geográfico na terra é citado.
Não tem como ser simbólico!
Rio Eufrates: Nasce na Turquia, atravessa o Iraque até desembocar no Golfo Pérsico.
Era um dos quatro grandes rios no Jardim do Éden.
Naquela região o homem foi criado e tentado. E cometido o primeiro pecado da humanidade, o primeiro assassinato, a primeira revolta aberta contra Deus (Babel).
Não admira que ali terá ou já tenha uma grande concentração de poderes demoníacos.
... preparados para a hora, o dia, o mês e o ano
Para quem interpreta tudo simbolicamente, pergunta: a divisão do tempo é símbolo de que? E o dia? E o mês, e o ano? É claro que se refere a um instante exato na terra.
para que matassem a terça parte dos homens.
Os quatro demônios estavam preparados para um momento preciso em que iriam executar uma tarefa horripilante: por ordem divina, matar um terço da humanidade.
Detalhe: a humanidade agora era o que havia sobrado dos 25% morta pelo cavaleiro chamado Morte, do cavalo amarelo, por meio de espada, fome, peste e feras.).
Agora, dos 75% das pessoas que sobraram, a terça parte será morta por outros meios.
Significa que até essa altura, metade da humanidade terá sido morta na Tribulação.
A tarefa dos 4 demônios era iniciarem e liderarem um exército enorme (200 milhões) de cavaleiros com seus cavalos poderosos, estranhos, terríveis, que partiriam do rio Eufrates e matariam um terço da humanidade sem Cristo.
Pela descrição dos próprios anjos, (couraça cor de fogo, de jacinto e enxofre) e especialmente dos cavalos que montavam, tudo indica que eram demônios.
Quanto aos cavalos: protegidos com couraça, a cabeça era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre, com que matariam um terço da humanidade.
enxofre: súlfur, mineral altamente inflamável, com cheiro muito forte, azedo, típico de onde cai um raio.
É associado na Bíblia com julgamento destrutivo de Deus (como Sodoma).
Além da boca mortífera, a cauda dos cavalos também causava sofrimento, pois pareciam serpentes com cabeça, e atacavam mortalmente as pessoas.
Parece que esse exército maligno se espalhou pelo mundo inteiro.
Do v. 19 ao 20, é como se o ataque dos cavaleiros com seus cavalos já houvesse acontecido, e João agora está observando o resultado do estrago:
20 Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; 21 nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.
Um dos trechos mais importantes de Apocalipse, básico para entendermos não apenas o livro, mas toda a Bíblia, o plano de Deus para os homens, depois que Adão pecou.
O assunto é ARREPENDIMENTO!
João registra a falta de arrependimento dos que passaram por tão terrível morticínio e escaparam. (Repete em 16.9,11)
E aponta para a falta de dois motivos de arrependimento:
1. Arrependimento pela atitude espiritual errada, com adoração de demônios e todo tipo de idolatria.
Adoração de demônios não significa apenas culto formal a uma determinada entidade demoníaca. Mas deixar-se influenciar, crer e atuar em filosofias estranhas à Palavra de Deus, em ensinos anti-Deus, - que vai do materialismo, passa pela adoração à Natureza e chega até o misticismo pagão que pode ser grosseiramente satânico ou sutilmente travestido de cristianismo.
Bilhões de pessoas se enquadram nessa categoria, todas ofendendo continuamente a Deus, pecando gravemente contra o Deus Criador.
2. Arrependimento por atos, obras, modo de vida.
A própria natureza pecadora do homem alimentada, ou envenenada pelas filosofias erradas, geram vidas ofensivas a Deus, práticas pecaminosas, aqui representadas por assassínios, feitiçarias, prostituição (imoralidade) e furtos.
Detalhe: feitiçarias: gr. φαρμακεια pharmakeia: Uso ou administração de drogas, envenenamento; feitiçaria, artes mágicas, frequentemente encontrado em conexão com a idolatria e estimulada por ela; metáf. as decepções e seduções da idolatria - Strong
Disso tudo, Deus pedirá contas. E o Arrebatamento será o aspecto visível e terreno desse acerto de contas. E, como já falei, limitado, somente uma amostra.
Pois o julgamento mesmo terá condenações eternas.
Mas, fica uma pergunta? E se eles tivessem se arrependido?
Ah, com certeza, teriam sido perdoados em Cristo. Ainda haveria tempo. Sempre há.
Para quem se arrepender, vida eterna. Eu disse ETERNA!!!
Do jeito que enfatizei o horror da morte eterna, termino ressaltando a maravilha inimaginável da vida eterna.
E essa eternidade de felicidade está sendo oferecida a você, amigo, pela graça de Deus. Basta se arrepender e ir a Cristo.
Que Deus nos abençoe. Amém