PREGAÇÃO

Deus glorifica a Si próprio!

Sl 115      65 minutos      15/03/2020         

Mauro Clark


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Autor e data: desconhecidos.

Salmo litúrgico: o líder falava e o coro (e às vezes a congregação) respondia.

Talvez fosse uma época em que judeus estava sendo humilhados por algum povo pagão.

 

v.1: O salmista começa mostrando noção finíssima sobre a Pessoa de Deus. Aliás, ele estava inspirado pelo próprio Espírito de Deus.

 

Não é que Deus estava querendo dar glórias aos israelitas e o salmista estava convencendo-O de não fazer isso, pois melhor seria Deus dar glórias ao próprio nome.

O salmista mostrava que estava absolutamente consciente de que os homens não são dignos de receber glória, apenas o Senhor é.

Mas, receber glória DE QUEM? Dos homens? Não!

Embora o homem deva dar glória a Deus, não é o caso aqui.

O salmista orou para que Deus desse glória a Ele mesmo, Deus: ao teu nome dá glória.

 

O maior interessado na glória de Deus é Ele mesmo. E o maior promovedor dessa glória.

A Bíblia está permeada desse princípio: Is 48.9-11; Ez 20.44

 

E tem de ser assim. Deus não tem ninguém para dar glórias, a não ser Ele mesmo.

Quando Deus glorifica a Si mesmo, está sendo coerente com o fato de que Ele é Deus e além dEle não há nenhum outro.

Seria estranho e grande incoerência Deus não glorificar a Si próprio.

 

A base da iniciativa de Deus glorificar a Si mesmo é o amor que Ele tem por Si mesmo.

Se Deus é amor, Ele não poderia deixar de amar a Si mesmo, de querer para Si tudo o que é coerente com a Pessoa dEle, a santidade, a retidão.

E aqui, encaixa como luva a idéia da Trindade: o amor divino eternamente exercido entre as Pessoas da Trindade.

 

Dois atributos de Deus na base do amor dEle por Ele próprio: misericórdia e fidelidade.

É como se esses dois atributos fossem representativos de todos os outros.

Cada atributo de Deus é um motivo digno para que Deus se glorifique a Si mesmo.

 

Embora tratando da glória que Deus dá a Si próprio, o salmista deseja despertar no leitor o desejo de também participar dessa ATIVIDADE espetacular que é dar glória a Deus.

E quando lemos um versículo desse, a vontade que dá é dizermos para Deus: Senhor, por favor permita-me o privilégio de TAMBÉM de dar glórias!

 

Os russos disputavam o privilégio de ficarem perante Stálin - um criminoso sanguinário!

Os homens deveriam lutar arduamente, venderem tudo o que têm, pelo privilégio de se postarem diante de Deus para glorificá-lo.

Mas a maravilha do Evangelho é que para ter acesso ao trono de Deus e poder louvá-Lo com todas as forças da alma, não precisa vender nem um botão da camisa.

Basta uma atitude: quebrantar-se diante de Deus, arrepender-se, crer em Cristo.

Daí em diante, através de Cristo, você estará em plenas condições de glorificar a Deus, como Paulo fez em Rm 16.27, e expressou seu desejo que todos o fizessem: Fp 2.11

 

Bastava a misericórdia de Deus para os homens terem motivo para louvá-Lo dia e noite.

Com a podridão dos nossos pecados e falhas de caráter, é tão bom sabermos que no céu existe um Deus misericordioso, compassivo, que entende os problemas de cada um.

 

Alerta: não confunda a figura de Deus com o vovô boazinho, o tempo todo pensando em só agradar os netinhos, sem estar preocupado com a disciplina deles.

Já vimos que Deus é extremamente ciumento da Sua glória. Ele tem a Sua maneira de exercer misericórdia. Pois trate de aprender o modus operandi dEle.

 

Fidelidade: Deus é verdadeiro em tudo, é a própria expressão da verdade. Jo 14.6

Em contraste, o homem é mentiroso, enganador.

Isso torna as pessoas desconfiadas, arredias, frias, agressivas, temerosas.

Nada disso existe quando se trata com Deus. Ele nunca engana.

 

v.2-3: O salmista deixa de olhar para o céu e quando olha para os lados só vê nações hostis - talvez dominadoras na época, que fazem chacota: Cadê o Deus de Israel? Ele se Esqueceu de proteger vocês?

A resposta é simples: No céu está o nosso Deus. E mais: tudo faz como lhe agrada

o salmista insere mais um atributo de Deus: ONIPOTÊNCIA, faz tudo como quer.

Se estamos em desvantagem é porque faz parte dos planos dEle e precisamos disto.

Com certeza não é falta de poder e nem de vontade dEle em nos abençoar.

 

No céu está o NOSSO Deus: não do mundo todo, mas de Israel, o povo escolhido.

Na realidade, para muitas nações o Deus de Israel NÃO era o Deus delas.

É dessas nações que o salmista vai falar um pouco nesse trecho.

 

v.4-8: CONTRASTE: enquanto o Deus de Israel era um Deus glorioso, todo-poderoso, que mora no céu e faz tudo o que quer, muitas nações tinham como deuses ídolos de prata e ouro, feitas por eles mesmos. E muitas vezes nem isso: eram de pau e pedra!

E passa a descrever uma estátua, imagem de escultura: não fala, não vê, não ouve, etc.

Talvez o v. 8, em vez de expressar um desejo do salmista, seja apenas a OBSERVAÇÃO de um fato: quem tem estátuas como deuses termina como elas - inerte, morto.

 

O uso de esculturas para fins religiosos é comum ainda hoje, no grande cristianismo.

E mesmo que alguém diga que não adora, apenas venera uma imagem, pergunte a si mesmo: “Que tipo de relacionamento íntimo eu tenho com a PESSOA que a imagem representa? Eu confio nela? Eu peço a ela coisas que só Deus pode realizar?”

Essa resposta é importante. Só Deus quer ser adorado, temido, amado como Deus.

 

Voltando: Lembra-se que dissemos que, por ser fiel, Deus nunca engana?

Ora, se Deus nunca engana, é Alguém em quem se pode CONFIAR.

Pois é exatamente o tema da confiança o que o salmista abordará agora.

Termina o v. 8 dizendo que o idólatra confia no seu deus, nas suas imagens.

 

v.9-10: Contraste: os adoradores de imagens confiam nelas, mas Israel, confia no Senhor.

Não uma confiança teórica, confessional, mas prática, a ponto de ponto chamar Deus de seu amparo e escudo.

Não adianta o guerreiro olhar todo dia para o seu escudo encostado na parede e se sentir seguro, se na hora da batalha, morre de medo, com escudo e tudo!

Assim é o crente: a prova de Ele confia em Deus para valer é na hora da tentação, da dificuldade, da tristeza, quando sabe que, mesmo se sofrer danos, é porque Deus quis, não por falta de poder de Deus. E se Deus quis operar na sua vida, então está seguro.

 

O salmista repete, visando um grupo mais específico: a casa de Arão (sacerdotes).

 

v.11: Mais uma vez fala de que Deus é amparo e escudo, mas agora não mais apenas para Israel e seus sacerdotes, mas para qualquer um que confie nEle.

E conecta confiança em Deus com outro fator: o temor ao Senhor.

Temor não é pavor. Mas respeito reverente e consciente de que Deus é zeloso pela santidade dEle e exige respeito e obediência à Sua Palavra.

Esse temor pode até ter sentido de medo, não porque Deus faz algo hostil, mas porque a mão dEle pesa muito quando Ele disciplina. 

 

Vejo dois níveis de temor na Bíblia.

1) Os que temem a Deus de maneira superficial, acreditam que há um Deus no céu, respeitam o nome de Deus, sabem que haverá pós-vida, temem ir para o inferno etc. Mas não passam disso. Esses não obedecem a Deus.

2) Os que temem a Deus de maneira profunda, que levam a sério a Palavra de Deus, são conscientes dos seus pecados, são humildes e quebrantados diante de Deus.

Levam a sério quando Deus diz: Este é o meu Filho amado, ... a ele ouvi - Mt 17.5.

São os que se arrependeram e aceitaram Cristo.

Consequência: procuram obedecer e agradar a Deus, até nos detalhes.

 

Então, a essência do trecho v.9-11 é:  

O Senhor é amparo (auxílio) e escudo para quem confia nEle - seja Israel, sejam os sacerdotes descendentes de Arão, seja qualquer um que O tema.

Pode parecer afirmação banal, sem impacto.

Mas na realidade é uma garantia tremenda, espetacular para qualquer pessoa.

Especialmente nos dias esquisitos de hoje, com falta generalizada de segurança.

E até as pessoas em quem confiamos, são limitadas, falhas, mortais. 

 

Mas ainda é pouco dizer que o Senhor é proteção para os que O temem e confiam nEle. Afinal, um guarda-costas bruto pode dar boa proteção física, de maneira fria, impessoal.

Para quem O ama, Deus se relaciona de maneira muito mais rica:

 

v. 12-15a: Com os mesmos três grupos (Israel, sacerdotes e todos os que confiam nEle e O temem), o salmista afirma que Deus se lembra e abençoa a todos esses.

De nós se tem lembrado

Deus nunca esquece o seu crente. Nunca! A coisa mais sem sentido no mundo é um crente se sentir desprezado! Isso não existe!

 

... ele nos abençoará: ao falar das bênçãos de Deus, o salmista se empolga.

Deus abençoa o grande e o pequeno que confiam nEle.

E poderíamos continuar: o rico e o pobre, o inteligente e o simples, o culto e o iletrado.

... vos aumente bênçãos... sede benditos: desejo de bênçãos aumentadas.

 

v.15b-18: Resumindo: o Senhor, em quem confiamos e tememos e de quem somos abençoados, é o Criador de tudo.

E se somos abençoados, devemos bendizer continuamente esse Deus.

E sem perder um dia sequer, pois os mortos (os que já partiram deste terra), não podem mais bendizê-Lo aqui neste mundo.

 

Termino perguntando: Deus nos abençoa... como?

Há 41 anos eu prego a Bíblia, e ainda não consegui expressar plenamente a diversidade, a intensidade, a criatividade, o poder, o amor com que Deus nos abençoa em Cristo.

Se você já é crente, continue confiando e temendo a Deus, e verá como todas as bênçãos que você já recebeu ainda são poucas, comparadas às que virão, sempre aumentando.

E se você não é crente, corra para Cristo e veja o que é ser abençoado!

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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