PREGAÇÃO

Impunidade, insônia e ignorância humana (Série ECLESIASTES 35)

Ec 8.11, 15-17      55 minutos      10/04/2022         

Mauro Clark


headset Ouça
cloud_download Baixe
print Imprima
pregação close Impunidade, insônia e ignorância humana (Série ECLESIASTES 35)
volume_upReproduzindo o áudio na barra inferior
 

11 Como não se executa logo a sentença contra uma obra má, o coração humano está inteiramente disposto a praticar o mal.

O assunto aqui não é a natureza pecadora do coração humano, como se essa natureza não existisse caso o mal fosse imediatamente punido.

Essa natureza nasce com a pessoa.

No hebraico, inteiramente disposto significa “cheio, em plenas condições”.

Ou seja, por causa da demora na punição, a inclinação natural do ser humano para o mal transborda, está sempre pronta a ser intensamente praticada.

 

Pergunta: essa sentença, não executada logo, é da parte das autoridades ou de Deus?

Não explica.

Caso se refira à autoridade humana, a afirmação, além de uma crítica à impunidade, é a afirmação de uma realidade inexorável: é impossível às autoridades do mundo punir toda e qualquer infração.

Mesmo assim, é importante notar: Deus ordena as autoridades a punirem.

 

O mais provável é que se refira à execução da sentença direta por parte de Deus, consequente de julgamento divino.

Nesse caso, obviamente não é uma crítica, mas simplesmente a observação de que Deus tem agido assim (implícito que até o dia do julgamento) e que, enquanto for assim, sempre haverá muito mal praticado na terra.

 

Seja como for, é clara a visão de Salomão de que a impunidade gera mais prática do mal.

Dizendo de outro modo: a punição firme e rápida ajudaria a conter o mal.

E não é apenas em Eclesiastes que vemos esse princípio, mas em toda a Bíblia.

Inclusive quando de trata da educação de filhos.

Mas, infelizmente, punição hoje está fora de moda, inclusive a punição de filhos.

Fica o alerta para quem exerce algum tipo de autoridade: no lar, no trabalho, na igreja, na sociedade, no governo.

Punição é algo extremamente delicado: pode ser facilmente praticado com abuso e causar grandes prejuízos. Mas, se negligenciada, também causará muitos males.

O que fazer? Pedir sabedoria a Deus, para saber quando e como aplica-la.

 

v.15

Salomão volta a falar da importância da alegria nesta vida (2:24; 3:12,13,22; 5:18).

 

v.16-17: Quatro afirmações de Salomão:

1. Ele se dedicou a compreender o sentido do trabalho nesta vida (v.16)

Não comentarei porque ele já afirmou isso várias vezes até aqui.

 

2. A insônia é mal muito comum: ... pois nem de dia nem de noite se consegue conciliar o sono

É a terceira vez que Salomão fala da insônia (2.23; 5.12).

Além de extremamente comum, a insônia é muito antiga, talvez desde que o pecado entrou no mundo.

Estatísticas recentes:

Média mundial: 45%

Brasil: 35% declaram ter insônia (75 milhões). 65% tem má qualidade de sono.

Obviamente a medicina não conhece solução definitiva, apenas paliativos.

Salomão associa a insônia a duas coisas:

a. Peso do trabalho que Deus impôs ao homem: aqui e Ec 2.23

É um trabalho pesado, que causa preocupações, cansaço, ansiedade etc.

Para piorar, muitos, no desejo de ganharem mais, exageram na carga de trabalho.

b. Preocupação com o próprio dinheiro Ec 5.12

Portanto, um bom caminho para tentar aliviar a insônia é procurar dar ao trabalho e aos bens materiais uma importância menor ao que o mundo dá, em geral.

Procure ser mais modesto nas suas expectativas financeiras, de realização neste mundo, e mais ousado na expectativa das coisas do alto.

Se conseguir, pode ser que durma bem melhor!

 

3. Não compreende os caminhos de Deus, mesmo que se esforce.

Também já havia falado sobre isso. Como já comentei, não preciso repetir.

 

4. O homem não compreende e jamais conseguirá compreender as obras de Deus.

... ainda que o sábio diga que conseguirá conhecê-la, nem por isso a poderá achar.

Afirmação extremamente sutil!

Com seis mil anos de vida humana na terra, até hoje, ninguém conseguiu explicar satisfatoriamente os segredos da existência.

Há teorias para todo gosto, muitas até imaginativas e inteligentes, outras estapafúrdias, mas altamente contraditórias e inconclusivas.

Bem que o ser humano deveria curvar a cabeça e admitir que não consegue alcançar uma explicação definitiva e aceitável para a vida como ela é.

O recado dos cientistas e filósofos é tipo “Estamos trabalhando, ainda vamos descobrir!”

Yuval Noah Harari: professor israelense de História, em Jerusalém, de enorme sucesso, ateu, com os dois livros Sapens: Uma Breve História da Humanidade e Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã.

Comecei a ler o segundo, mas desisti, pela ousadia dele em prever como será o futuro!

 

Qual seria a atitude correta?

Simplesmente crer na Palavra de Deus, quando diz que o sábio, embora fale que conseguirá compreender as coisas de Deus, não conseguirá!

E “jogar a toalha”, ou seja, desistir.

Foi isso o que muitos autores bíblicos fizeram, além de Salomão:

Jó 5:9; Jó 11:7–9; Sl 40:5; Sl 73:16; Is 40:28; Rm 11:33

 

Mas desistir é apenas o primeiro passo para se escapar da armadilha de querer entender os caminhos de Deus.

O próximo é se humilhar, abrir o coração e dizer, “Senhor, me ensina!”

 

Essa simples mudança de atitude é um segredo valioso para quem se converte a Cristo. Deixe de lado angústias existenciais, vivendo de modo mais simples, talvez até dormindo melhor e se disponha a aprender somente o que Deus quiser ensinar na Palavra dEle.

 

Que Deus nos abençoe. Amém

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
FalandodeCristo © 2004-2024
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus."
1 Co 1.24b
close
Ministério Falando de Cristo © 2004-2024 - www.falandodecristo.com
"... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus." 1 Co 1.24b