Época: aproximadamente 1100 aC, período dos juízes.
Ciclo: idolatria, opressão inimiga, clamor a Deus, juiz, libertação, morte do juiz, idolatria…
Aqui inicia mais um ciclo: fizeram o que era mal perante Deus, os filisteus oprimem Israel por 40 anos.
Deus começa a providenciar um novo juiz: o famoso Sansão (contemporâneo de Samuel).
v. 1-7
O Anjo do Senhor aparece à mulher de Manoá.
Quem era? O próprio Deus numa teofania.
Devia ser a Segunda Pessoa da Trindade, Cristo, em manifestação pré-encarnada.
O Anjo assegura que a mulher, até ali estéril, iria conceber um filho.
Impressionante como Deus se agrada de mostrar o Seu poder em mulheres estéreis, tornando-as férteis. Poderíamos citar vários exemplos da Bíblia (Sara, Ana, Isabel)
O fato é que Deus gosta de curar o que é enfermo, consertar o que é errado, endireitar o que é torto.
Quando Deus criou o Universo, considerou tudo “bom”.
O pecado veio e estragou tudo.
As curas que a Bíblia registra e as que Deus faz ainda hoje são sinais da vontade dEle em ver tudo correto e de que assim será na eternidade.
A mulher recebeu instruções específicas: não beber vinho ou bebida forte e nem comer coisas imundas, pois o filho dela seria nazireu: consagrado de maneira especial a Deus.
O filho iniciaria o livramento de Israel do poder dos filisteus, ou seja, seria o próximo juiz de Israel. Veja a ideia de que Sansão não iria deixar o seu trabalho completo.
Após o diálogo, é implícito que o Anjo desapareceu, a mulher correu e contou ao marido.
Observe:
* Ela notou algo bem diferente no mensageiro (um homem de Deus … aparência semelhante à dum anjo de Deus, tremenda).
Até ali, pensava que era um homem, sem entender que o próprio Deus havia aparecido.
* Ela não sabia dois dados importantes sobre o homem: o nome e de onde era.
Vejamos como Manoá recebeu a notícia:
v.8
O pedido para o homem de Deus retornar é muito interessante e inédito.
A princípio poderíamos pensar que a reação de Manoá mostrava certa incredulidade ou ou resistência em aceitar o que Deus dissera através do mensageiro.
Mas examinando bem a oração e o restante da história, não percebemos essa atitude.
Parece que ele queria checar o que a mulher dissera sobre o ocorrido.
Ela fala de uma experiência fantástica, totalmente inusitada, em que um homem de aparência tremenda aparece e diz que ela deixaria de ser estéril, teria um filho nazireu que começaria a libertar Israel e ainda que mandou ela tivesse certos procedimentos alimentares. Muito estranho!
Parece que, com muito cuidado, Manoá queria se certificar pessoalmente que tudo estava realmente vindo de Deus.
E se fosse, queria receber pessoalmente as instruções de como proceder com o menino.
Ele não ofende a esposa, não debocha, não diz que duvidava, apenas queria comprovar que isso de fato vinha de Deus.
Eis um bom exemplo do que deve fazer alguém quando ouve algo sobre Deus: checar!
Como? Pedindo para Deus mandar um anjo? Não, conferindo na Bíblia!
Os bereianos checavam se o que Paulo dizia conferia com a Bíblia (VT): At 17.10-11
E Paulo não se mostrou ofendido. Ao contrário, elogiou os bereianos.
Vocês são testemunhas que eu costumo dizer: “Chequem tudo o que eu digo daqui do púlpito. Confiram, questionem, me perguntem.”
v.9-14
É evidente que a atitude de Manoá foi boa, pois Deus atende e manda de volta o Anjo.
Detalhe curioso: o Anjo não aparece ao lado de Manoá, mas da mulher, como da 1a. vez.
Se o anjo viria apenas para tirar a dúvida do marido, por que não apareceu logo a Ele?
Talvez para honrar a mulher.
Ela foi fiel quando transmitiu a 1a. experiência.
Se agora o anjo aparecesse ao lado do homem, poderia dar a entender que estava desconsiderando a mulher, como se ela não tivesse sido confiável na 1a. vez.
Deus sempre honra os que lhe são fiéis.
Às vezes a maneira de honrar é meio esquisita aos nossos olhos, pois quando pensamos em honra pensamos em presentes, elogios, prêmios, coisas ligadas com conforto.
Mas a maneira de Deus honrar pode ser diferente, sutil, às vezes quase imperceptível.
O mundo nunca percebe. E mesmo os crentes podem ter dificuldade em notar, pois pode não vir acompanhada com coisas que ligamos ao sucesso, agradáveis, confortáveis.
Voltando: ela corre, chama o marido, o próprio Deus fica esperando, o marido volta e pergunta se foi Ele quem apareceu à sua mulher. Deus confirma.
Manoá, conforme havia dito que faria, pede instruções de procedimento com o menino.
E vai um pouco além: pergunta a função que o filho desempenharia:
... qual será... o seu serviço?
O pai estava muito curioso para saber mais detalhes sobre o papel do filho em Israel.
A mulher teria ouvido direito na 1a. vez, que o filho seria libertador de Israel?
O Anjo então responde... absolutamente nada sobre a pergunta.
Ele se limitou a repetir as instruções que dera para a mulher.
Ao mesmo tempo em que atendia ao pedido de Manoá para que aparecesse de novo, o Anjo do Senhor não atende à curiosidade pessoal do homem!
Deus se agrada de atender os nossos mais profundos anseios de compreender mais a Sua palavra, de conhecê-Lo mais intimamente, de crescermos mais espiritualmente.
Mas quando entra na área da curiosidade pessoal, geralmente Ele não atende.
Não sabemos o nosso futuro, o que ocorrerá amanhã. Isso só sabemos no dia a dia.
No caso de Manoá, que ele aguardasse para ver o que ocorreria com o filho, Sansão.
Manoá não insiste e mostra boa hospitalidade:
v.15-20a
O Anjo diz que não comeria a comida de Manoá e sugere que preparasse um holocausto.
É implícito que aceitaria o holocausto, não como homem, mas como o Senhor, Jeová.
Ou seja, aqui o Anjo declara que era o próprio Jeová!
O casal ainda não havia se dado conta disso, mas era importante saber.
A propósito: Jesus sempre deixou claro que era divino.
Aliás, Jesus só aceita relacionar-se com quem O reconhece como Deus, além de homem! Por outro lado, Ele não admite que se considere como divino alguém que não é.
Voltando: Manoá pergunta pelo nome do anjo:
Por que perguntas assim pelo meu nome, que é MARAVILHOSO?
(NVI: Meu nome está além do entendimento)
Orig. hebr.: inefável, que não se pode exprimir; secreto; acima da compreensão.
Is 9.6: obviamente se refere ao Messias, Cristo. Um dos nomes dEle é MARAVILHOSO.
Ou seja, até onde podemos ver, o Anjo do Senhor é o próprio Jesus Cristo numa teofania.
Manoá obedece e oferece sacrifício sobre a rocha (cabrito e oferta de manjares).
... e o Anjo do Senhor se houve maravilhosamente
Frase difícil, que não tem sujeito.
Talvez se refira ao que se seguiria, algo espetacular (“maravilhosamente” faz paralelo com o nome do Anjo, Maravilhoso – mesma palavra).
Ou seja, Deus agiu de forma coerente com Seu nome – assim como faz conosco, hoje!
De repente o Anjo do Senhor subiu na chama que Manoá fizera. Cena grandiosa!
v.20b
O homem e a mulher caíram com o rosto em terra, apavorados.
Esse senso de temor é comum na Bíblia, em alguma manifestação da presença de Deus, com a ideia de que quem visse o Senhor morreria.
Bem diferente hoje da irreverência tão comum no chamado meio evangélico, com uma adoração coreografada, teatral, banalizada.
v.21b
… então, Manoá ficou sabendo que era o Anjo do Senhor
Naquele momento Manoá compreendeu que era o próprio Deus que havia aparecido.
v.22-25
Vendo o marido em pânico, a mulher argumenta com lógica e bom senso: se Deus quisesse matá-los, não teria aceito holocausto e nem teria revelado tudo aquilo. Parece que conseguiu acalmar o homem.
Veja o valor inestimável daquela mulher ao marido em pânico, acalmando-o.
Feliz do homem que tem uma mulher assim!
Sansão nasceu como Deus prometera, foi abençoado e começou a agir, sob o poder direto do Espírito Santo.
Termino com v.21a:
Nunca mais apareceu o Anjo do Senhor a Manoá, nem a sua mulher
As manifestações sobrenaturais de Deus não eram tão comuns no AT, como se pensa.
Aconteciam apenas quando necessárias.
Se Manoá e a mulher tivessem se acostumado a associar a sua adoração ao Senhor com a presença dEle, iriam se decepcionar.
Se Deus já realizou em sua vida algo excepcional, graças a Deus, mas não se acostume. Adore-o pelo que Ele é e com base na Bíblia.
Que Deus nos abençoe. Amém