PREGAÇÃO

ECLESIASTES - TEMPO para tudo: mais exemplos

      71 minutos      13/12/2020         

Mauro Clark


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Vimos que Deus determinou tudo o que cada pessoa decide na terra.

E que , além disso, Deus estabeleceu o tempo exato para cada coisa acontecer.

Salomão utilizou quatorze exemplos de que há tempo de certa atividade ou atitude e tempo da atividade ou atitude OPOSTA: nascer x morrer, amar x odiar, etc.

Fiquei de alistar uma série de lições práticas sobre o fato de Deus determinar o modo e o tempo dos seres humanos agirem. 

Mas, antes disso: entendo que os quatorze exemplos de Eclesiastes são apenas representativos de uma lista que poderia ser muitíssimo maior.

Aqueles são os que o Espírito Santo inspirou Salomão para escrever.

Mas cada um poderia fazer a própria lista, com pontos significativos para si próprio.

Eu, por exemplo, colocaria “tempo de silêncio e tempo de barulho”, pois som é algo que pode me perturbar muito.

Quero então sugerir mais sete contrastes, não particularizados como o do barulho, mas bem gerais, de pontos que atingem a todos nós.

 

1) Tempo de trabalhar e tempo de descansar

O princípio de descansar é do início da Bíblia: Deus mesmo descansou da Criação.

Sábado foi estabelecido na Lei como o dia do descanso.

As festas religiosas em Jerusalém eram uma espécie de férias.

O recém casado podia ficar um ano sem ir à guerra, livre em casa: Dt 24.5

Jesus fez retiradas com os discípulos, à parte da rotina de ir de cidade em cidade.

Paulo falou em descansar um pouco: Rm 15.32 (fazer uma pausa, refrescar-se).

Eu admirava quando alguém dizia que há 20 anos não tirava férias. Hoje: “Que tolice!”

À parte de férias anuais mais longas, cada um deve ter bem claro na mente qual sua rotina de trabalho (mesmo dura), e qual tempo de descanso, no dia a dia.

Isso é bom para ele mesmo, para a esposa, para os filhos.

E sendo crente, é importante determinar qual o tempo (à parte do tempo para o trabalho profissional) que reservará para a obra de Deus, via igreja.

Cuidado com extremos: trabalho demais ou descanso demais.

 

2) Tempo de saúde e tempo de doença

É tão evidente e abundante na experiência de cada um, que mal preciso comentar.

Mesmo assim, temos muita dificuldade em aceitar que há tempo de adoecer.

É correto se precaver, se tratar quando adoecer, mas uma vez tomadas as providências, não adianta especular como contraiu a doença, por que logo naquela época, se demorará a ficar bom, etc.

A atitude correta é descansar em Deus - ou melhor, sofrer em Deus: pedir paciência, analisar a consciência verificando se é disciplina, pedindo sabedoria para aprender, etc.

E quando for tempo de saúde, perceber, agradecer e usar a saúde para Deus!

 

3) Tempo de aconselhar e tempo de não aconselhar

Que é saudável e bíblico aconselhar, é ponto pacífico: 2Tm 4.2 (entre muitas outras).

Talvez pareça estranho dizer que há tempo de não aconselhar. Mas é isso mesmo.

* Quando se trata de um escarnecedor: Pv 9.8; 15.12, ou um insensato: Pv 23.9; 29.1

Mesmo não se tratando de um tolo, há momentos inconvenientes para aconselhar, como quando o aconselhado...

* ... estiver sob intensa emoção (raiva, choque)

* ... não quer ouvir (tipo “pérolas aos porcos” – Mt 7.6)

* ... está apressado

* ... não está concentrado (fazendo outra atividade)

 

4) Tempo de aprender e tempo de ensinar

Tempo de aprender é hora de ficar calado, ouvindo, bebendo do que o outro está dizendo.

E não falo de aprender apenas de alguém mais velho, ou perito, ou inteligente.

Mas simplesmente alguém que tenha sabedoria, perspicácia ou passou por uma experiência q você não passou.

Temos muito o que aprender uns com os outros. 

E, claro, há tempo de ensinar: não apenas formalmente numa classe, mas simplesmente dizendo o que você sabe, o que aprendeu com a vida.

Quem tem o que transmitir e não o faz, priva de bênçãos os que precisam aprender. 

Por outro lado, não vá sair por aí ensinando qualquer coisa, a tudo e a todos.

Tem gente que nasceu para ensinar todo mundo - só não ensinou a mãe a dar de mamar porque ainda não sabia falar.

Gente assim não opina, dá uma aula.

Tem quem me pergunte sobre o meu ministério e quando começo a falar, ele corta e começa a me dizer como fazer.

Outro pede conselho, mal abro a boca e, logo, eu é que estou sendo aconselhado!

Seja moderado, se quiser ensinar alguma coisa: Pv 10.19; Tg 3.2

 

5) Tempo de reconhecer que errou e tempo de não reconhecer que errou

Este é um assunto delicado.

Alguém lhe confronta, dizendo que você fez algo errado (magoou, ofendeu, mentiu, etc).

Se você concorda, a atitude bíblica é reconhecer e pedir perdão.

Mas você pode achar que o outro está enganado ou enxergando diferente do que houve.

Ou seja, sinceramente, você não está convencido que errou.

O que fazer? Ser franco e dizer que não consegue reconhecer erro.

E tem de correr o risco do outro pensar que você está sendo orgulhoso.

Para reduzir risco: ser humilde, reconhecer que é pecador e que de fato erra bastante,  mas que não foi o caso.

Pede desculpa pelo transtorno que casou e diz que foi sem intenção.

Mas nunca reconheça que errou apenas para não dar ideia de orgulhoso, ou para encerrar o assunto, ou por qualquer outro motivo. Isso seria hipocrisia.

 

6) Tempo de criticar e tempo de elogiar

Refiro-me a crítica construtiva, pois nunca se justifica crítica ácida, maliciosa, destrutiva.

Agora, mesmo crítica construtiva, tem hora certa e hora errada.

Exemplos:

a) Músico novato faz apresentação pública, tenso, após longo estudo, de olho no professor presente. Quando acaba, mesmo que professor tenha notado erros, não é hora de falar deles, mas de abraçá-lo, parabenizá-lo, incentivá-lo. No dia seguinte, na hora da aula, é momento certo para mostrar os erros. 

b) A esposa faz um prato pela 1a. vez, depois de horas na cozinha. Se o marido notou que tinha pouco sal, diga depois.

Elogie o que você sinceramente gostou, nem que seja a cor da comida.

Jesus elogiou várias pessoas: fé robusta (Mt 15.28), fidelidade, iniciativa, zelo.

Você pensa que Ele não via nenhum defeito nelas? Mas é que ao elogiar, Ele ressaltava aquele aspecto positivo.

Elogiar tem que ter hora certa, maneira certa (não afetado) e propósito certo.

Elogiar corretamente é fazer o bem, ajudar pessoas.

E há momentos de criticar.

Jesus também criticou pessoas (hipocrisia, ingratidão), até discípulos (falta de fé, timidez).

Alerta: se para elogiar é preciso cuidado, para criticar, muito mais!

Quando tiver de criticar, escolha o momento, as palavras. Pv 15.1, 18

Sabendo fazer, você estará prestando grande ajuda, tanto quanto elogiar, talvez mais! 

 

7) Tempo de ser criticado e tempo de ser elogiado

Todo mundo gosta de elogio. E, dentro dos limites, não é errado.

Mas, cuidado com elogios demais.

a) Pode afagar demais o seu ego, já naturalmente muito inflado.

Sugestão: ao ser elogiado, procure logo repassar o elogio para Cristo! 

b) O elogio pode ter o intuito de lhe manipular.

Uma pessoa elogiada é facilmente manipulável.

Como discordar de alguém que lhe chama da pessoa mais inteligente e sábia do mundo? 

Mas a vida não é só de elogios. Muito do que fazemos contém erros.

E esses erros são percebidos pelos outros ou afetam pessoas e recebemos críticas.

É difícil receber crítica (mesmo construtiva), pois toca em pontos sensibilíssimos: orgulho, vaidade, amor-próprio. O insensato odeia críticas! 2Tm 4.14-15; Pv 9.7-8; 15.12; 23.9

Precisamos de humildade para receber críticas.

Mas simplesmente aguentar receber críticas não é suficiente.

O sábio valoriza críticas: Pv 9.8b

É nas críticas que estão as oportunidade para melhorar, aperfeiçoar. Críticas valem ouro!

A rigor, deveríamos pagar R$20 por cada crítica que recebemos.

Algumas valem muito mais! O problema é que ficaríamos na miséria rapidamente! 

E como reagir quando a crítica é claramente destrutiva?

Antes de tudo reagir benignamente: 1Pe 2.20-21; 3.8-9

Procurar desconsiderar o propósito de quem nos fez e aumentar o que tem de verdadeiro da crítica, para aprender com ela. 

Peça ao Espírito Santo ajuda para enfrentar melhor as situações opostas na sua vida, usufruindo as agradáveis e gostosas, e aprendendo e crescendo com as desagradáveis.

Que Deus nos abençoe. Amém 

Mauro Clark, 72 anos, pastor, pregador e conferencista, foi consagrado ao ministério em 1987. Iniciou em 2008 a Igreja Batista Luz do Mundo, que adota a posição Batista Regular. Mauro Clark é também escritor. Produziu artigos em jornal por dez anos e tem escrito vários livros de orientação e edificação cristã. Em 2004 instituiu o Ministério Falando de Cristo.
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