Vimos que Deus determinou tudo o que cada pessoa decide na terra.
E que , além disso, Deus estabeleceu o tempo exato para cada coisa acontecer.
Salomão utilizou quatorze exemplos de que há tempo de certa atividade ou atitude e tempo da atividade ou atitude OPOSTA: nascer x morrer, amar x odiar, etc.
Fiquei de alistar uma série de lições práticas sobre o fato de Deus determinar o modo e o tempo dos seres humanos agirem.
Mas, antes disso: entendo que os quatorze exemplos de Eclesiastes são apenas representativos de uma lista que poderia ser muitíssimo maior.
Aqueles são os que o Espírito Santo inspirou Salomão para escrever.
Mas cada um poderia fazer a própria lista, com pontos significativos para si próprio.
Eu, por exemplo, colocaria “tempo de silêncio e tempo de barulho”, pois som é algo que pode me perturbar muito.
Quero então sugerir mais sete contrastes, não particularizados como o do barulho, mas bem gerais, de pontos que atingem a todos nós.
1) Tempo de trabalhar e tempo de descansar
O princípio de descansar é do início da Bíblia: Deus mesmo descansou da Criação.
Sábado foi estabelecido na Lei como o dia do descanso.
As festas religiosas em Jerusalém eram uma espécie de férias.
O recém casado podia ficar um ano sem ir à guerra, livre em casa: Dt 24.5
Jesus fez retiradas com os discípulos, à parte da rotina de ir de cidade em cidade.
Paulo falou em descansar um pouco: Rm 15.32 (fazer uma pausa, refrescar-se).
Eu admirava quando alguém dizia que há 20 anos não tirava férias. Hoje: “Que tolice!”
À parte de férias anuais mais longas, cada um deve ter bem claro na mente qual sua rotina de trabalho (mesmo dura), e qual tempo de descanso, no dia a dia.
Isso é bom para ele mesmo, para a esposa, para os filhos.
E sendo crente, é importante determinar qual o tempo (à parte do tempo para o trabalho profissional) que reservará para a obra de Deus, via igreja.
Cuidado com extremos: trabalho demais ou descanso demais.
2) Tempo de saúde e tempo de doença
É tão evidente e abundante na experiência de cada um, que mal preciso comentar.
Mesmo assim, temos muita dificuldade em aceitar que há tempo de adoecer.
É correto se precaver, se tratar quando adoecer, mas uma vez tomadas as providências, não adianta especular como contraiu a doença, por que logo naquela época, se demorará a ficar bom, etc.
A atitude correta é descansar em Deus - ou melhor, sofrer em Deus: pedir paciência, analisar a consciência verificando se é disciplina, pedindo sabedoria para aprender, etc.
E quando for tempo de saúde, perceber, agradecer e usar a saúde para Deus!
3) Tempo de aconselhar e tempo de não aconselhar
Que é saudável e bíblico aconselhar, é ponto pacífico: 2Tm 4.2 (entre muitas outras).
Talvez pareça estranho dizer que há tempo de não aconselhar. Mas é isso mesmo.
* Quando se trata de um escarnecedor: Pv 9.8; 15.12, ou um insensato: Pv 23.9; 29.1
Mesmo não se tratando de um tolo, há momentos inconvenientes para aconselhar, como quando o aconselhado...
* ... estiver sob intensa emoção (raiva, choque)
* ... não quer ouvir (tipo “pérolas aos porcos” – Mt 7.6)
* ... está apressado
* ... não está concentrado (fazendo outra atividade)
4) Tempo de aprender e tempo de ensinar
Tempo de aprender é hora de ficar calado, ouvindo, bebendo do que o outro está dizendo.
E não falo de aprender apenas de alguém mais velho, ou perito, ou inteligente.
Mas simplesmente alguém que tenha sabedoria, perspicácia ou passou por uma experiência q você não passou.
Temos muito o que aprender uns com os outros.
E, claro, há tempo de ensinar: não apenas formalmente numa classe, mas simplesmente dizendo o que você sabe, o que aprendeu com a vida.
Quem tem o que transmitir e não o faz, priva de bênçãos os que precisam aprender.
Por outro lado, não vá sair por aí ensinando qualquer coisa, a tudo e a todos.
Tem gente que nasceu para ensinar todo mundo - só não ensinou a mãe a dar de mamar porque ainda não sabia falar.
Gente assim não opina, dá uma aula.
Tem quem me pergunte sobre o meu ministério e quando começo a falar, ele corta e começa a me dizer como fazer.
Outro pede conselho, mal abro a boca e, logo, eu é que estou sendo aconselhado!
Seja moderado, se quiser ensinar alguma coisa: Pv 10.19; Tg 3.2
5) Tempo de reconhecer que errou e tempo de não reconhecer que errou
Este é um assunto delicado.
Alguém lhe confronta, dizendo que você fez algo errado (magoou, ofendeu, mentiu, etc).
Se você concorda, a atitude bíblica é reconhecer e pedir perdão.
Mas você pode achar que o outro está enganado ou enxergando diferente do que houve.
Ou seja, sinceramente, você não está convencido que errou.
O que fazer? Ser franco e dizer que não consegue reconhecer erro.
E tem de correr o risco do outro pensar que você está sendo orgulhoso.
Para reduzir risco: ser humilde, reconhecer que é pecador e que de fato erra bastante, mas que não foi o caso.
Pede desculpa pelo transtorno que casou e diz que foi sem intenção.
Mas nunca reconheça que errou apenas para não dar ideia de orgulhoso, ou para encerrar o assunto, ou por qualquer outro motivo. Isso seria hipocrisia.
6) Tempo de criticar e tempo de elogiar
Refiro-me a crítica construtiva, pois nunca se justifica crítica ácida, maliciosa, destrutiva.
Agora, mesmo crítica construtiva, tem hora certa e hora errada.
Exemplos:
a) Músico novato faz apresentação pública, tenso, após longo estudo, de olho no professor presente. Quando acaba, mesmo que professor tenha notado erros, não é hora de falar deles, mas de abraçá-lo, parabenizá-lo, incentivá-lo. No dia seguinte, na hora da aula, é momento certo para mostrar os erros.
b) A esposa faz um prato pela 1a. vez, depois de horas na cozinha. Se o marido notou que tinha pouco sal, diga depois.
Elogie o que você sinceramente gostou, nem que seja a cor da comida.
Jesus elogiou várias pessoas: fé robusta (Mt 15.28), fidelidade, iniciativa, zelo.
Você pensa que Ele não via nenhum defeito nelas? Mas é que ao elogiar, Ele ressaltava aquele aspecto positivo.
Elogiar tem que ter hora certa, maneira certa (não afetado) e propósito certo.
Elogiar corretamente é fazer o bem, ajudar pessoas.
E há momentos de criticar.
Jesus também criticou pessoas (hipocrisia, ingratidão), até discípulos (falta de fé, timidez).
Alerta: se para elogiar é preciso cuidado, para criticar, muito mais!
Quando tiver de criticar, escolha o momento, as palavras. Pv 15.1, 18
Sabendo fazer, você estará prestando grande ajuda, tanto quanto elogiar, talvez mais!
7) Tempo de ser criticado e tempo de ser elogiado
Todo mundo gosta de elogio. E, dentro dos limites, não é errado.
Mas, cuidado com elogios demais.
a) Pode afagar demais o seu ego, já naturalmente muito inflado.
Sugestão: ao ser elogiado, procure logo repassar o elogio para Cristo!
b) O elogio pode ter o intuito de lhe manipular.
Uma pessoa elogiada é facilmente manipulável.
Como discordar de alguém que lhe chama da pessoa mais inteligente e sábia do mundo?
Mas a vida não é só de elogios. Muito do que fazemos contém erros.
E esses erros são percebidos pelos outros ou afetam pessoas e recebemos críticas.
É difícil receber crítica (mesmo construtiva), pois toca em pontos sensibilíssimos: orgulho, vaidade, amor-próprio. O insensato odeia críticas! 2Tm 4.14-15; Pv 9.7-8; 15.12; 23.9
Precisamos de humildade para receber críticas.
Mas simplesmente aguentar receber críticas não é suficiente.
O sábio valoriza críticas: Pv 9.8b
É nas críticas que estão as oportunidade para melhorar, aperfeiçoar. Críticas valem ouro!
A rigor, deveríamos pagar R$20 por cada crítica que recebemos.
Algumas valem muito mais! O problema é que ficaríamos na miséria rapidamente!
E como reagir quando a crítica é claramente destrutiva?
Antes de tudo reagir benignamente: 1Pe 2.20-21; 3.8-9
Procurar desconsiderar o propósito de quem nos fez e aumentar o que tem de verdadeiro da crítica, para aprender com ela.
Peça ao Espírito Santo ajuda para enfrentar melhor as situações opostas na sua vida, usufruindo as agradáveis e gostosas, e aprendendo e crescendo com as desagradáveis.
Que Deus nos abençoe. Amém