Continuando o diálogo entre Jesus e os apóstolos, na noite da traição.
Na última pregação falarmos sobre vários aspectos do relacionamento entre Ele e o Pai.
Terminamos fazendo duas observações e deixando outras duas para o início de hoje:
1. A mudança de perspectiva dos apóstolos: antes, desanimados; depois, promessa do Líder de fazer o que eles pedissem.
2. O modelo de oração ensinado por Jesus é ao Pai, em nome de Jesus. Mas não é errado orar diretamente a Jesus.
Faço agora as outras duas:
3. tudo quanto pedirdes em meu nome (v.13)
Podemos pedir sem limites? Não.
Limite: “em meu nome”, ou seja, coerente com o nome, natureza, planos, vontade dEle.
4. isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho:
O Pai é honrado quando o Filho responde às orações feitas ao Pai em nome do Filho.
É como se o Pai respondesse através do Filho.
Não devemos separar muito as duas Pessoas. Há uma interação misteriosa entre os dois.
Seja como for, eles trabalham em conjunto, em favor dos salvos.
Está faltando algo no texto até agora: a atuação fundamental da 3a. Pessoa da Trindade.
É o que veremos agora.
Não acho bom separar o v. 15 do 16, com a divisão “Jesus promete outro Consolador”.
Acho que o v.15 está mais ligado com o v.16 do que com o 14.
Por isso terminei a pregação passada no v.14.
Jesus estava falando que quem cresse nEle faria obras ainda maiores do que Ele fizera e que poderia pedir ao Pai qualquer coisa no nome dEle, Cristo, e Ele faria.
Mas para que o discípulo possa fazer grandes obras e pedir coisas a Cristo, é necessário estar praticando algo muito MAIS BÁSICO:
v.15
Esse algo básico é a OBEDIÊNCIA, guardar os mandamentos dEle.
Antes de pensar em fazer grandes obras o crente precisa tratar de OBEDECER a Cristo.
Esse princípio muitas vezes é esquecido por crentes que gostam de resultados VISÍVEIS, mas alcançados por meio de comportamento que desafina com os princípios de Cristo.
Ex.: neo-evangélicos: falam em centenas de decisões, numa programação que não seguiu os princípio dEle próprio de decência e ordem.
Do mesmo modo, antes de PEDIR coisas a Cristo, é preciso tratar de obedecê-Lo.
Exemplo: “Ó, meu Pai celestial, Jesus disse que o que eu pedisse em nome dEle, Ele faria para te glorificar. Pois faça que a Receita Federal não descubra que eu estou sonegando imposto há 3 anos.
Porque uma oração dessa soa tão ridículo? Porque está havendo desobediência.
Já percebeu que Cristo nunca mandou que os homens em geral O obedecessem?
Ele disse que os homens estavam perdidos, exortou ao arrependimento e deixou claro que precisavam dEle para chegarem até Deus.
Mas em vez de EXIGIR obediência, CONVIDAVA os homens a virem até Ele, devidamente arrependidos, e teriam alívio de alma e garantia de vida eterna.
Os que aceitassem o convite se tornariam Seus discípulos e deveriam obedecê-Lo.
Os que não aceitassem o convite, permaneceriam debaixo da ira de Deus, sem qualquer relacionamento com Ele e com Deus. E continuariam condenados.
Para esses, a idéia de obediência a Cristo é estranha, sem sentido.
Mas para os discípulos de Cristo a obediência é fator crucial. Estranho é NÃO obedecer!
Afinal, Ele é o Senhor, Ele é o Salvador, é Ele quem dirige, quem dá as ordens.
Só que, por mais importante que seja obedecer a Cristo, esse NÃO é o grande alvo do discípulo dEle.
A obediência é uma mera CONSEQUÊNCIA de um fator MAIS BÁSICO AINDA, primordial, fundamental no relacionamento do discípulo com Cristo: o AMOR a Ele.
A obediência não funciona sem o AMOR a Cristo.
Nenhum discípulo consegue obedecê-Lo de maneira fria, calculista, como um militar.
O amor é que leva à obediência. É exatamente isso que Jesus diz no v. 15.
Esta é a 1a. vez no Evangelho de João que Jesus se refere ao amor dos discípulos a Ele.
Já falara do amor dEle pelos discípulos e da necessidade deles se amarem entre si.
Daqui para a frente falará muitas vezes sobre a necessidade dos discípulos devotarem amor a Ele, lembrando que o amor leva à obediência.
Aliás, a conexão entre AMOR E OBEDIÊNCIA é forte característica dos escritos de João.
Interessante que a Lei ordenava ao homem amar a Deus, mas Cristo nunca EXIGIU que ninguém O amasse.
Também nunca PEDIU para ser amado. Ele falou do Seu amor aos homens e se expôs para ser amado por eles.
Ele motivava os homens a amá-Lo, sabendo que nada no mundo poderia haver de mais benéfico e maravilhoso. Mas fazia isso com muita elegância e nobreza.
Graças a Deus que nós crentes tivemos o privilégio de aceitar esse convite de Cristo, entendemos o tamanho do amor que Ele teve por nós e então nos dispusemos a amá-Lo.
Um amor fraco, misturado com pecado e egoismo, mas um amor vivo, real, sincero.
Graças a Deus que esse amor nos leva à vontade de obedecê-Lo.
Pena que uma obediência também fraca, limitada, porque só um amor perfeito e puro levaria a uma obediência total.
Mas, em vez de desanimarmos, devemos nos dispor cada vez mais a aperfeiçoar esse amor por Cristo, sabendo que um amor mais puro levará automaticamente a uma fidelidade maior.
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Até aqui Jesus falara dEle próprio e do Pai atuando juntos em benefício do crente.
Mas e a terceira Pessoa da Trindade, teria algo a ver com os discípulos de Jesus?
O Espírito Santo de Deus fazia parte do plano da redenção do homem ou teria ficado à margem desse processo?
Fazia parte, sim, e que parte! Jesus tinha muito a dizer sobre isso.
Na fantástica revelação de Jesus, agora entra em cena a Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo.
Jesus então diz que rogaria ao Pai e o Pai lhes daria outro Consolador.
Ao longo deste capítulo (14) e dos 15 e 16, Jesus fala várias vezes sobre o Espírito Santo. Comentarei à medida que for surgindo no texto.
Voltando, é muito significativo que Jesus passa a falar do Espírito Santo exatamente após se referir ao amor e à obediência a Ele por parte dos Seus discípulos.
v.16-17
Observe a partícula “e” ligando o v.15 com o 16: se me amais, guardareis os meus mandamentos E eu rogarei ao Pai…
De maneira sutil, é implícita a idéia de que, para prosseguir no amor e obediência a Cristo, o discípulo precisa desse Outro Consolador.
Jesus logo esclarece QUEM É esse outro Consolador: o Espírito da verdade.
No v. 26 fica ainda mais claro: o Espírito Santo. A terceira Pessoa da Trindade.
Observe que sem o Espírito Santo, jamais conseguiremos amar e obedecer a Cristo.
Mas, por que o Espírito Santo é chamado de outro Consolador?
Consolador: grego παρακλητος parakletos: para (junto de); kaleo: chamado.
Ou seja: chamado para junto de, com o propósito de ajudar, confortar, interceder.
Pode ser traduzido como Advogado, Ajudador, Confortador, Conselheiro (NIV)
À medida que formos falando do Espírito Santo, ao longo das mensagens, veremos como essa função se encaixa no ministério dEle nos crentes.
Outra pergunta: porque “outro” Consolador? Quem é o primeiro? Jesus, obviamente.
Quando esteve aqui, ajudou, serviu, confortou, intercedeu pelos discípulos.
Mas atuação de Cristo como PARÁCLITO não terminou quando voltou ao céu.
Ainda HOJE atua em nosso favor, como Advogado (parakletos): 1Jo 2.1; Hb 7.25
Antes de examinarmos alguns ensinos de Cristo sobre o Espírito Santo, observe no v.16 as três Pessoas da TRINDADE.
Só que elas não são citadas de maneira puramente teológica, ou relacionadas com a Criação, mas operando juntas em benefício dos crentes.
No v.16 Jesus diz duas vezes aos discípulos:vos dará e esteja para sempre convosco.
O que ocorreu, para que as 3 Pessoas da Trindade trabalhem juntas em nosso favor?
A resposta é simples: fomos eleitos por puro amor e misericórdia.
Só isso não seria motivo para sermos as pessoas mais felizes do mundo?
Na próxima pregação da série, veremos cinco ensinos de Cristo sobre o Espírito Santo, nesses 2 versículos.
Que Deus nos abençoe com tantos ensinos maravilhosos sobre o Deus triuno. Amém