Nesta passagem, o grande evangelista Paulo nos revela um verdadeiro “segredo profissional”, ao indicar cinco características do seu ministério de falar de Cristo.
1) Ele tomava a iniciativa de evangelizar
Quando estive com vocês...
A iniciativa foi dele, anos atrás, em ter ido lá em Corinto, onde estavam os seus leitores, agora convertidos.
Não darei o foco para o aspecto da atividade missionária de uma igreja, até porque missões não é apenas mandar missionários para bem longe.
Um crente conversar o Evangelho com um amigo, trazer o vizinho para um culto ou levar um colega para uma Social da Mocidade, isto também é atividade missionaria!
E neste particular acho que cada um aqui tem muito a melhorar.
Não é muito frequente ouvir testemunhos de irmãos que evangelizaram alguém ou pedindo oração para que o seu convidado venha assistir um culto.
Há quanto tempo não entra por aquela porta uma pessoa trazida diretamente por você?
Sei que isso não depende apenas de você, pois obviamente depende do outro querer!
Mas será que existe em você um anseio para ganhar almas ao Senhor Jesus Cristo?
Será que não estamos bem fraquinhos nisso?
A estratégia de Paulo de se dirigir às pessoas deve ser exemplo para nós.
Usando a mesma expressão do vs.1, nos disponhamos a ter com os não crentes a quem podemos alcançar, mesmo o nosso vizinho de porta!
Fiquemos mais atentos para entrar em conversas espirituais.
Peçamos a Deus que nos abra mais oportunidades para evangelizar e lançar um convite.
Tenhamos como propósito firme falar mais de Cristo.
Será que precisaremos ser motivados por uma campanha que dê uma Bíblia para quem trouxer mais convidados?
2) Evangelizava como consequência de uma certa decisão fundamental. Qual?
v.2: ...nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado.
O comportamento de Paulo vinha de uma firme decisão que ele tomara no intimo.
O que significa essa decisão?
Não significa:
* Repetir como papagaio que Jesus foi crucificado
* Recusar-se a falar de outro assunto que não fosse religião
* Que iria se fingir de inculto e ignorante. (Alias, teria de fingir muito bem, pois ele era culto e instruído!)
Significa que o ALVO principal da sua estadia na cidade era pregar o Evangelho e que o centro desse Evangelho era Jesus na cruz.
Na 1a. vez que esteve em Corinto, Paulo ficou 1 ano e meio.
Certamente ele teve oportunidade de conversar muitos assuntos diferentes, até mesmo recreação e bate-papos. Mas tudo isso era secundário.
O importante mesmo era pregar o Evangelho puro, simples, objetivamente, e como consequência, se Deus quisesse, ganhar almas. Veja 1Co 9.19-22.
Como Paulo, devemos decidir intimamente que a nossa prioridade no mundo é pregar o Evangelho de forma simples e direta: “Meu amigo, Jesus foi crucificado para que você pudesse ser salvo”.
3) Comportava-se sem ostentação de linguagem ou de sabedoria
v.1,4a
Paulo não queria mostrar eloquência e nem passar por homem inteligente e sábio, cheio de sabedoria humana e filosófica.
E mesmo em assuntos espirituais, não vinha com complicações teológicas.
Não que fosse fraco em teologia. Ele é o maior teólogo do cristianismo.
Mas não precisava disso para levar as boas novas de salvação!
Há crente que diz que não evangeliza porque é fraco de Biblia, não é bom em doutrina, não sabe passagens de cor, e outras desculpas mais. Grave erro!
Para falar de Cristo não precisa de linguagem complicada. Mesmo falando com um doutor, você pode (e deve!) explicar o Evangelho de uma maneira tão simples que uma criança entenda.
Deveria ser natural um aluno crente evangelizar o professor, o empregado evangelizar o patrão, o filho evangelizar o pai.
4) Sua atitude era de fraqueza, temor e grande tremor
v.3
Aqui não é bem um estilo de evangelizar, mas uma maneira de ser.
Só que Paulo lançou mão disso dentro do contexto de evangelizar.
Com honestidade, ele reconhece que tinha seus pontos fracos e temores.
Mas essas deficiências não impediriam que ele pregasse o Evangelho.
Em outras palavras: o Evangelho não é mensagem que tem de ser feita por pessoas de espírito inabalável, personalidade forte, destemidos.
Certamente, Deus se utiliza também de gente assim e realiza grandes obras através deles, mas isso não é regra - aliás, é exceção!
O normal é o Evangelho ser pregado por pessoas comuns, que ficam nervosas ao falar, que tem medo de se expor, que tem vergonha de ser humilhadas.
É uma pena quando um crente permite que essas fragilidades o impedem de evangelizar.
Da próxima vez que você tiver algum desse medo, lembre-se do seu “colega” Paulo!
5) Agia em demonstração do Espirito e de poder
v.4
Mas... Paulo acabou de falar que esteve com os coríntios em fraqueza e agora diz que a sua pregação foi em demonstração de poder!
Temos aqui uma contradição?
Não. A fraqueza é dele, humana. O poder a que se refer é do Espírito Santo, divino!
O Espírito Santo usou seu poder na fraqueza de Paulo.
Quando falamos em poder de Deus, vem à mente a capacidade de fazer
coisas visíveis fantásticas, como o mar se abrir, dotar homens com força física sobre humana, como Sansão, fazer um paralítico andar, ressuscitar um morto.
E está certo. Isso realmente é demonstração do poder de Deus.
Mas não é tudo! Está incompleto.
O poder de Deus também se revela nas coisas mínimas.
Jesus usou como prova do poder de Deus o controle sobre um pardal e um fio de cabelo.
Só que, mesmo essas coisas mínimas, são externas!
E o poder de Deus vai muito, mas muito além do visível e externo.
O poder de Deus alcança o invisivel.
O poder de Deus penetra o espirito humano.
O poder de Deus quebra vontades, despedaça corações duros como o aço.
O poder de Deus arrebenta os grilhões fortíssimos que prendem o homem ao pecado.
O poder de Deus arrebata o pecador das garras do ser mais maligno e perigoso que há.
O poder de Deus salva o perdido!
Essa é a grande demonstração do poder de Deus a que Paulo se refere.
É bem provável que Paulo tenha realizado alguns milagres em Corinto. E o poder de Deus evidentemente podia também ser visto neles.
Mas esses sinais feitos pelos apóstolos eram para ratificar o ministério deles e a doutrina, dando-lhes credibilidade.
Mas esses sinais miraculosos não eram um fim em si mesmos.
Paulo não estava em Corinto para fazer milagres, mas para ganhar almas!
Esse era o grande alvo!
E era na conversão de pecadores onde o Espírito Santo iria de fato mostrar poder, um poder infinitamente maior do que curar doenças.
Sei que muitos evangélicos procuram o poder de Deus em manifestações fantásticas, visíveis e exteriores.
Mas o ideal é buscar mais o poder de Deus nas coisas interiores, internas, inclusive na alma dos pecadores a quem temos o privilegio de evangelizar, para salvá-los.
v.5
A consequência natural de uma pregação sadia é fé sadia.
Muitos se dizem crentes, confessam a Jesus como Salvador, mas creem em doutrinas distorcidas, com práticas e reações que não têm apoio bíblico.
Por que esse triste fenômeno?
Porque estão apoiando a sua fé em sabedoria humana, em doutrinas inventadas por homens sagazes, que misturam o Evangelho com ensinos altamente atraentes às necessidades materiais e psicológicas das pessoas.
Mas essas doutrinas evitam tratar do problema básico da humanidade: o ser humano é pecador e merece o inferno.
É exatamente por isso que Deus, em Sua misericórdia, enviou o Seu Filho para ser crucificado numa cruz e com isso conquistou a salvação para quem cresse nEle, se arrependesse, pedisse perdão e O seguisse.
Essa é a essência do Evangelho.
Pregue esse Evangelho mesmo em fraqueza, sem muito conhecimento, desde que o faça na dependência do Espirito Santo.
E, quando Deus assim quiser, você verá pessoas sendo salvas, recebendo uma fé sadia, apoiada não na sua pregação, mas no poder de Deus.
Que Deus nos abençoe. Amém