O capítulo dez enumera princípios estabelecidos por conclusões diversas de Salomão.
Nesta parte do cap. 10 veremos princípios curtos, uma frase só.
v.4
Parecido com Ec 8.3 e similar a Pv 16.14
Parece que a ideia é uma reunião onde o chefe se zanga publicamente com o subordinado, provavelmente xingando, humilhando.
Você não quer admitir a descompostura, ou pelo motivo alegado ou pela forma etc.
Sua tendencia é levantar e protestar, talvez até defendendo a sua própria honra.
O sentido pode ser mais geral: o rei está irritado, não obrigatoriamente na sua presença, e você, indignado, abandona o seu posto.
Seja como for, Salomão diz: Não faça isso!
E explica: ... porque o ânimo sereno acalma grandes ofensas (Pv 25.15)
Ele assume que o seu ânimo não está sereno, que você se zangou também.
Então estão os dois zangados: o chefe e você! E isso não dará certo!
O melhor a fazer com um poderoso irritado com você é acalmá-lo!
Interessante: Salomão não entra no detalhe se é justa ou não a raiva da autoridade.
É como se isso não fosse importante no momento. É um assunto para resolver depois!
Então, se o alvo é acalmar o outro, como conseguir isso? Ficando sereno!
Sereno: hebr. que foi curado, saudável, restaurado ao normal.
Ou seja: fique quieto, calmo, com semblante tranquilo.
Fácil, não? Não! Mas é o certo.
Lição:
A situação imaginada é bem específica: o chefe, você, outros etc.
Mas podemos aplicar para qualquer situação em que alguém lhe critica duramente, talvez até de modo injusto. A reação é reagir com raiva, irritação – o contrário de serenidade.
Mas agir assim é tolice, é procurar aumentar o problema em que você já se meteu!
Olha o domínio próprio, que é fruto do Espírito.
v.5-7
Assunto: o mal que alguns governantes fazem ao inverter a ordem natural das coisas.
E dá dois exemplos:
1. Coloca tolos colocados em alta responsabilidade e os ricos em postos inferiores.
O contraste parece meio esquisito: tolos x ricos. O esperado seria tolos x sábios.
Implícito que se trata de ricos que também tem sabedoria: Pv 14.24
Nesse caso, eles aliam o poder e influência do dinheiro com a capacidade de fazer as coisas bem feitas. Mas, se naquele reino, ocupam postos baixos, pouco podem fazer.
Por outro lado, os tolos em altos postos farão um grande estrago.
Culpa de quem? Do governante, diz Salomão.
Interessante: Salomão não diz que um governante assim é tolo.
Claro que pode ser, mas não obrigatoriamente. Muitas vezes é o contrário: sabido!
E age assim por interesses próprios, tendo por trás mil motivos escusos, que vão favorecer o próprio bolso, de seus familiares, amigos e aliados da hora.
Mas, obviamente, fazem um grande mal ao próprio povo.
O segundo exemplo de mal dos mesmos governantes e também por culpa deles:
2. Servos andam a cavalo e príncipes andam a pé, como se fossem servos.
Essa consequência não é tão direta quanto o governante colocar pessoas inadequadas em postos, mas é mais indireta, fruto de um modo de agir.
O alvo aqui não é humilhar os servos e proteger príncipes e nem filosofar sobre diferenças de classes ou sobre a mobilidade social de um país.
É um comentário altamente pragmático: se um servo desfila num carrão e um príncipe a pé, algo muito estranho, não sadio, antinatural, está acontecendo naquele lugar.
O que é antinatural é forçado e o que é forçado um dia estoura.
Lições: desta vez deixarei que cada um aprenda as suas.
Que Deus nos abençoe. Amém